quinta-feira, abril 18 2024

Parte I, Por Davi Garcia

Não se discute que o núcleo de Breaking Bad seja Walter e Jesse. Afinal, todo conflito da história concentra-se neles e é com eles, por mais controversos e amorais que sejam, que nos identificamos. Assim, chega a ser surpreendente que um personagem, à primeira vista frágil como Gus, represente os músculos e o cérebro que conferem excelência à essa 4ª temporada da série. Frio, calculista e extremamente manipulador, é ele que dá liga à conflituosa relação entre Walter e Jesse que, sufocados e reféns de um negócio perigoso e sobre o qual não tem controle, vêem a fundamental confiança que os unia rompendo-se de forma ameaçadora como nos revela o nono episódio, Bug.

De forma geral, o episódio teve, além do texto sempre primoroso, várias passagens marcantes e excepcionais. De Mike ameaçando Walter depois de perder a paciência com as perguntas e ações deste; passando por Skyler tendo que lidar com uma situação que pode atrair atenções indesejadas; a Jesse dando um ultimato a Gus (“Se você matar o Mr. White, terá que me matar também”) para pouco depois protagonizar uma briga feroz com o parceiro. Todas situações muito tensas e intensas, é verdade, mas que empalidecem, de certa forma, frente à sequência em que vimos Gus encarando de peito aberto o ataque perpetrado pelo cartel mexicano às suas instalações como forma de estabelecer sua posição firme ao passo em que percebe ser necessário recuar para não despertar ainda mais a curiosidade de Hank e consequentemente da lei.

Faltando 4 episódios para o fim da temporada, a certeza de que o abalo na confiança entre Walter e Jesse trará consequências perigosas para ambos é mais que evidente. Agora, até que ponto Gus, o homem por trás da cortina do engenhoso esquema de tráfico de metanfetaminas, controla e manipula tudo como imagina? Estaria no risco de se ver traído pelo excesso de confiança e pela fragilidade de uma relação que se sustenta pelo medo e pelo ódio de forças internas e externas, o ponto chave para a conclusão de mais um arco dessa fantástica série? A conferir.

Parte II, Por Bruno Carvalho

Como bem pontuou o Davi na análise acima, Bug foi um episódio sobre o frágil fio que agora sustenta a relação entre Jesse e Walter. Enquanto o experiente químico é a cabeça da operação, Jesse é o coração, embora ambos sejam unicamente inteligentes e passionais. A temporada vem construindo uma narrativa composta por tensão, especialmente depois que Gus (na maioria das vezes através do fiel Mike) começou a explorar as fragilidades de seus “cozinheiros”. E o que vem me chamando mais a atenção foi a redenção da dupla à inevitabilidade da situação, que ampliou o inconsciente (e sempre presente) instinto de auto-destruição de ambos. Depois que matou Gale e testemunhou Gus finalizando Victor no episódio de estreia da temporada, Box Cutter, Jesse mergulhou num infinito mar de culpa, amargura e raiva contida que o levou, inclusive, a dar uma festa por dias ininterrupta e, agora, a manter-se inerte diante de uma situação de extremo perigo.

Já Walter, acomedido por um câncer em fase de remissão, não hesita em brincar de driblar a morte, seja quando inconsequentemente peita os capangas de Gus, detona um carro esportivo ou fila um cigarro de Jesse, justo do maço que ele sabe que contém veneno letal. Será que Walter não cogita a óbvia possibilidade que Gus mantém todos os locais que ele frequenta sob constante vigilância, inclusive com câmeras e escutas? Ou será que ele simplesmente não se importa, já que trama o assassinato do chefe abertamente? Acredito mais nesta segunda hipótese e não me surpreenderia em nada se nos próximos episódios descobrirmos que Gus, um homem que se tornou meticuloso e analítico após o cruel atentado do cartel contra seu primeiro cozinheiro, sempre soube de todos os planos de Walter.

Quem também surpreende em Bug é Skyler, driblando a lei mais uma vez com seus conhecimentos contábeis para salvar a pele de outro homem, agora de seu ex-amante. Isso diz muito sobre suas escolhas de homens, não? E em outro canto de Albuquerque, Hank deixou claro que não vai deixar o chefão do Los Pollos Hermanos em paz: “alguém tão limpo assim tem que ser sujo“. Mas a questão é: até quando Gus vai conseguir manipular todas as variáveis da complexa equação química que virou seu próprio negócio, ainda mais agora que a volatilidade de Walter e estado alterado de Jesse se tornaram os elementos mais explosivos e perigosos da tabela periódica de Breaking Bad? Será imperdível esta reta final de temporada!

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4 comments

  1. De um uns dois ou três episódios pra cá tenho torcido firmemente para o Hank descobrir tudo e ver no que vai dar. Tá, não sou só eu que pensa assim, mas o ponto é que parei de ter dó do Walter por causa do câncer. Do Jesse nunca senti muita pena.

  2. Nossa, que foi aquela cena do GUS ? Está se tornando meu personagem favorito junto com Hank.

    Agora, esse WW já deu no saco. O cara se transformou tanto que não consigo mais ter carisma por ele, mas sempre fui pró-Jesse. A situação inicial dele era de alguém que queria aceitação e achou que encontraria com Mr. White e qdo menos se espera, a relação que era algo meio pupilo-mentor já não tem nem mais classificação após o final desse epi!

    E quando achamos que Jesse só era bucha de canhão, mostrou que estava por dentro da situação e que queriam manipulá-lo.

    Nâo consigo nem imaginar como irá terminar!

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