quarta-feira, março 13 2024

Por Bruno Carvalho

[contém spoilers] “Por quê?” Esta foi a pergunta que eu me fiz ao final do episódio piloto de American Horror Story, nova série do canal FX americano criada por Ryan Murphy e Brad Falchuck. Com um elenco invejável em mãos – Connie Britton, Dylan McDermott, Jessica Lange, Frances Conroy e Dennis O’Hare – por quê desperdiçá-lo numa “série de terror erótico” tão pueril? Em sua sequência inicial, já é possível antever que American Horror Story tem o objetivo de tentar impressionar o espectador com imagens repulsivas (partes e cabeças de fetos conservadas em jarros de formol, para citar um exemplo) e uma montagem carregada de cortes secos e excessivos para introduzir a personagem principal da trama: uma casa mal assombrada que leva todos os seus moradores à morte. “Ai, que medo“! A trama começa mesmo quando a desajustada família Harmon (mãe que sofreu um aborto; pai ninfomaníaco e filha adolescente suicida) resolve adquirir a propriedade, que estava no mercado pela metade do preço, após a violenta morte do casal gay que ali residia.

O curioso é que American Horror Story oscila entre momentos inspirados como aquele em que descobrimos que a empregada da casa, Moira, é uma velha senhora (Conroy) ou uma bela garota (Alexandra Breckenridge) dependendo do ponto de vista da mulher Vivien Harmon (Britton) ou do marido Ben Harmon (McDermott), respectivamente, com outros bastante batidos no gênero, como aqueles em que uma garota com síndrome de down fica repetindo que “eles vão morrer ali” ou que um estranho sujeito, supostamente um ex-residente que sobreviveu (O’Hare), persegue o marido para repetir o mesmo.

Ora, a família Harmon tem todos os indícios de que aquele não é um local, digamos, “interessante”, de se morar, com todo o histórico, as pinturas bizarras nas paredes e ainda mais com uma vizinha enxerida e excêntrica (Lange) sempre à porta para incomodar. Isso torna difícil o envolvimento com a série, pois resta claro que pessoas razoáveis não tomariam aquelas decisões ou teriam as atitudes frente aos acontecimentos retratados. Embora conte com figuras interessantes, atuações ótimas de todo o elenco e o desenvolvimento de personagens eficiente, o que realmente estraga American Horror Story é justamente a parte do “horror”. A série quer porque quer ser assustadora, mas simplesmente não consegue, talvez por gastar mais tempo reproduzindo os fetiches de seus roteiristas do que preocupando-se com sua estrutura narrativa.

Os fantasmas, monstros, espíritos etc. que vivem no porão da casa somente aparecem em contextos óbvios, facilmente antecipáveis (eles chegam, inclusive, a repetir a clássica cena das portas de armário de cozinha abertas de O Sexto Sentido), em relances ou em sonhos-lúcidos que também abusam de flashes e cortes secos. Mas quando uma dessas “entidades” veste uma roupa de couro estilo dominatrix para fazer sexo (!) com Vivien enquanto o marido sonâmbulo esquenta as mãos no fogão (!), percebi que o objetivo da dupla dos criadores de Glee é querer demonstrar uma ousadia gráfica e pervertida, apenas por ser, sem qualquer propósito dramático ou útil à história. Fora que o roteiro sequer se preocupa em instigar o espectador, seja com mistério – algo que funcionaria muito melhor em um formato serializado como este – ou evitando clichês como a frase da vizinha para a empregada em determinado momento: “não me faça te matar de novo“.

Mas o que mais dói em American Horror Story é ver que colocaram a “Tami Taylor” (de Friday Night Lights) pra carregar o bebê de um fantasma sadomasô. Isso é quase tão ruim quanto adolescentes de 24 anos cantando com auto-tune em corais escolares.

51 comments

  1. Estranho seria se você tivesse gostado, aposto que se fosse de outro criador sua visão seria diferente.

    Ser hater de Glee realmente virou modinha.

  2. Nunca fui fã de Glee. Teve alguns bons momentos na 1ª temporada, mas depois ficou intragável. Típico de Ryan Murphy. Ele fez o mesmo com Nip/Tuck.

  3. Se fosse de outro criador, a visão dele seria diferente e, provavelmente, a opinião também. Os argumentos para não gostar de AHS estão no text e, não em Glee.

  4. Não cheguei a assistir o episódio piloto de AHS, portanto meu comentário pode não ser tão pertinente assim. Das críticas e sinopses que leio, existem elementos semelhantes a história de Glee. Sinto que estavam escrevendo o roteiro do seriado e perceberam que aquilo poderia dar uma boa história de horror, o que não rolou..
    E os índices de audiência, foram satisfatórios?

  5. alguém me explica qual a relação entre o roteiro de Glee e o de AHS.

  6. Tava levando o post a sério até chegar na última frase.

    Uma sugestão para colocar como descrição do blog: “mimimi odeio glee, mimimi odeio que glee faça tanto sucesso, e deixarei isso claro em quase todos os posts até a série ser cancelada”.

    Lamentável.

  7. haters de Glee existem desde a primeira temporada, não é modinha, é consenso

  8. pinck_ :
    “mimimi odeio quem odeia Glee”
    há!

    Não odeio. Cada um tem o direito de gostar ou não do que quiser. Mas quem acompanha o blog ou twitter tá cansado de saber que o Bruno odeia, de tanto que ele fala. E eu não sou fã de Glee, mas essa campanha contra já cansou pra qqr um que lê.

  9. Concordo com o seu post! Só não entendi a necessidade de atacar glee!

  10. Não é possível que constantemente temos que explicar isso.

    Colega, blogs de OPINIÕES sobre séries não podem ser IMPARCIAIS. Não existe opinião imparcial. A crítica, por sua essência, é parcial. Este não é um veículo jornalístico ou um tribunal de justiça.

  11. o cara comenta sem assistir e diz que parece com Glee e que “não rolou”. pqp… quer criticar? ASSISTA ANTES! comentario ridículo.

  12. Desde o inicio do post estava tão claro que ele não gosta de Glee ou Ryan Murphy que foi até ridículo eu ler o post inteiro. Criticar uma série pelos seus criadores pensando nas séries anteriores é tão óbvio. Precisa aperfeiçoar suas críticas.

  13. Depois do crime que cometeu com Nip/Tuck da 4a temporada para frente, não é surpresa que Ryan Murphy não acerte mais nada. A popularidade de Glee não esconde que ela seja uma série fraca e medíocre, mas não é por isso que American Horror Story merece críticas por seu Piloto.

    O problema de AHS (e de seu autor) é tratar o espectador como idiota vendendo a ideia de que uma família (que nem parece uma aliás, tamanha a falta de química dos personagens) tentaria superar traumas tão singulares num ambiente que dá, desde o primeiro contato, claros sinais de ser inadequado.

    E se por um lado eu até relevaria esse aspecto (afinal, esse é só o Piloto da série), por outro não consigo ignorar o fato de que AHS falhou clamorosamente na tentativa de despertar meu interesse pela história, visto que os ‘sustos’ óbvios e as “””surpresas””” (como a da gravidez da personagem de Connie Britton) não contribuem em nada para a construção de um terror psicológico realmente instigante que dê pinta de trazer algo novo pro gênero.

    Dito isso, como muita gente parece estar sempre disposta a aplaudir qualquer coisa vinda de um autor pretensamente ousado, é bem provável que AHS vá se tornar popular, o que, infelizmente, não me causará nada mais do que vergonha alheia.

  14. Os maiores críticos de cinema do mundo avaliam e consideram SEMPRE a obra do realizador de determinado filme em suas análises. Além disso, os argumentos pelos quais não gostei do piloto estão claramente no texto.

  15. Confiava muito na opinião do Davi Garcia, do comentário acima, mas desde q ele adorou a ultima temporada de lost, série q eu curtia muito até a quinta, naum consio mais ler nada dele sem ficar com vontde de rir. Aconteceu no cometário acima dele.

  16. Eu também ri do comentário desse samuel! Gostar ou não gostar da temporada de lost ou de qualquer série é uma coisa, mas daí a querer desmerecer a opinião de um excelentr crítico como Davi Garcia que acompanho desde o Dude We Are Lost sem qualquer argumento válido, é risível mesmo.

    Assisti AHS com a maior boa vontade e enxerguei todos os problemas enenarrados nesta análise do Bruno Carvalho, que aliás conheci através da chamada no Dude News.

    Uma ótima análise, certamente essa série quer apenas chocar (aquilo dos fetos foi desnecessário e até poderia ser mostrado se tivesse algum propósito na história e não tem) e não acrescentar nada.

    Tomare que seja o contrário de Glee e só melhore ao invés de piorar.

  17. Não gostei!
    Fiquei os 51 min. esperando o terror, mas infelizmente não chegou. Não vou assistir mais.
    Terror ? Filmes Asiáticos.

    E parem de colocar Lost em todas as discussões.

  18. se o piloto de terra nova estava inflado, o que dizer sobre esse sarapatel do ryan murphy? Estamos falando do cara que diz, depois de duas temporadas, que vai começar a pensar em story arcs para suas personagens porque o público parece gostar disso… Com esse projeto ele está claramente tentando evitar cair nas próprias armadilhas enquanto continua fazendo o que gosta: despejar as bizarrices “polêmicas” que brotam em sua cabecinha em roteiros de consistência nula. Dessa vez, a solução do showrunner é renovar o elenco a cada temporada pra não ter de desgastar os neurônios dele pensando nas complicações que envolvem manter uma história no ar por mais de 10 episódios.

  19. Assino embaixo. O texto resumiu bem o que foi esse piloto. E olha que eu estava ansioso, pois o vídeo promo é muito bom e dá a impressão de ser uma série realmente interessante. Propaganda enganosa pura.

    O curioso é que o FX vende a série como “Do mesmo criador de Glee”, como se isso fosse mérito (ainda mais pra uma série de terror).

  20. Gente q serie chata. Nem assusta nada e é muito mal feita.

    Em pensar q o trailer foi tão conceitual e lindo. =

  21. Acabei de assistir e achei uma série muito boa. Okay toda a historia pode até ser meio batida… mas os traumas psicológicos das personagens é que me instigam… Tipo cada uma delas tem uma visão diferente sobre o que acontece alí… Não sei se eles quiseram fazer uma coisa meio “freudiana”.
    Com todos os conflitos dos personagens serem sexuais a mulher não consegue transar com o marido, o pai do garoto que é tratado pelo psiquiatra, deixou a família apos descobrir o adultério da sua esposa).
    Toda a família esta emocionalmente e psicologicamente desestabilizada.
    E a respeito da casa… o cara é psiquiatra logicamente um ser totalmente racional, não acredita nessas crendices ou algo assim… morreu lá… okay. Mas a casa tá com um preço bom então otimo vamos compra-la.

  22. *garoto que é tratado pelo psiquiatra, que a revolta começou depois que o seu pai deixou a família apos descobrir o adultério da esposa.*

  23. Caras… eu tenho um gosto parecido com os críticos daqui deste site, mas gosto de glee… faço o seguinte, baixo os epis com as devidas legendas (apologia=mode on) ponho no meu pendrive uns 20 ou mais epis de umas 15 séries diferentes, dentre elas séries antigas e novas como Person of Interest, Terra Nova, Hung e a excelente Homeland, mas também ponho Glee, sendo esta a que assisto por último quando termino todas as outras, sabe porquê? Porque gosto de séries, tem gente que não gosta como o editor ae do site… enfim, o blog não pode se transformar numa arena “glee-hatersXglee-no-haters” se isso não acabar aqui vão surgir os “ligadoemserieHaters” ae fica foda… vai ter moderação mais chata e só vão pro ar comentários pertinentes, o que irá matar os outros 50% de diversão deste blog, que são os comentários…. Tem dias que só entro pra ler os comments! É simples, quem não gosta de glee fica calado ou vai embora.

  24. Eu também assisti AHS com certa expectativa e me frustrei… Principalmente, pelos exageros eróticos da série. Virou só isso, porque horror mesmo… Nada. E senti uma falta tremenda de Tami Taylor. Eu acompanho Glee simplesmente por entretenimento, mas, não deixei de rir da última frase haha.
    Boa analise.

  25. Ótima série e tinha certeza que o Ligado em Série não iria gostar :)

  26. Frustrante… isso que achei do episódio. Achei que seria um suspense e tal… mas não. Terror erótico. Perdi a vontade de ver.

  27. Quando vi a chamada na Fox, me interressei mas antes mesmo da chamada terminar eu pude perceber o clichê de casas assombradas que era essa serie com espiritos aparecendo e rindo com cara de deboche para os donos e aquela velha frase do “vivo” desesperado “saia da minha casa….me deixe em paz!” bleh.
    E então pensei: “vindo de Ryan Murphy o que mais poderia esperar”

    Ta claro que ele coloca suas ideias de desejos pessoais nas series que cria, o que ele devia entender é que nem todos compartilham dos mesmos gostos.

    Não que isso tenha a ver, mas odeio Glee, serie mal elaborada, tão obvia que chega a ser forçada, e eu até hoje não entendi porque faz tanto sucesso.

  28. Já assistiu os três primeiros episódios? olhe com carinho a série é muito boa :)

  29. Assista os três episódios e você entenderá o por que das partes de bebês nos vidros de formol. Gente, vocês nem acompanham a coisa e saem criticando. Sinceramente ? Eu não tava acreditando muito nessa série não, mas depois que comecei a acompanhar eu curti, até por que acho que a trama tá se desenrolando muito bem, aposto que quem tá acompanhando está super curioso pra vero 4º episódio.

    Pode até ser clichê, mas pra mim muito boa.

  30. Esta é a resenha do primeiro episódio. Até então não haviam explicado os bebês. Estamos acompanhando a série e, se ela realmente melhorar, não hesitaremos em apontar e reconhecer os méritos da produção.

  31. Cara, gostei da historia, o enredo esta fraco, mais é preciso um pouco de tempo para se acerta com os personagens ate que suas características sejam bem exploradas, e mesmo que eu não goste de glee, não vejo o porque não dar uma chance para a serie (fora que ainda tem aquela empregada ^^).

  32. Achei o Piloto confuso e bagunçado, mas acabei de ver o 4 episodio agora e cada vez mais fico tenso com os rumos da serie. EXCELENTE qualidade, atuações e os mistérios que aparecem e vao sendo solucionados sao fenomenais .

    Esse Halloween foi de arrepiar !!! Tenso !!! MUITO BOA A SÉRIE !!!

  33. Achei bem interessante o 1o eps AHS. Quando vi a premissa “família que se muda para casa mal-assombrada” pensei, como pode uma série se sustentar em algo tão batido?

    Li alguns bons comentários, e como estou me cansando da mesmice que nas séries (vide Terra Nova) resolvi conferir e gostei muito.

    AHS tem alguns cliches como os da fotografia nervosa pra parecer mais dramático. Mas que séria americana não tem?

    Achei que tem bastante originalidade, ela foge dos padrões de trama que se vê por aí. Talvez por isso traga desconforto e não atraia o grande público.

    PS: O que é “ousadia gráfica”?

  34. Adorei a série, estou assistindo o sexto episódio… Acho uma certa ignorância, criticar sem antes conhecer a fundo a série. Como assim achar a série ruim, somente no primeiro episódio? Isso não é opnião, é julgamento, sem ter provas/evidências, fiquei muito triste com este comentários, pois a série, é sim muito boa e estou anciosa pelo próximos episódioa…

  35. Se assistirem um pouco mais a série seriam capazes de entender, fazer criticas tão pesadas depois de só ver o piloto é muita burrice.

  36. Já entendi o ódio por AHS. Porque é dos mesmos criadores de Glee? Que infantil! A série é ótima!

  37. Achei seus argumentos extremamente pobres e que você, ao que parece, fez uma análise muito rasa da série.

  38. O texto tem ARGUMENTOS que vão além disso, chegou a lê-los? Pode discordar deles, mas estão aí.

  39. Bruno Carvalho :
    O texto tem ARGUMENTOS que vão além disso, chegou a lê-los? Pode discordar deles, mas estão aí.

    Argumentos? Só pelo título já dá pra sacar que o que está sendo julgado não é a série, e sim os criadores! Concordo com um comentário anterior de que, se fosse outro criador sua visão seria diferente. Já sabemos que você não gosta do Ryan, não precisa tentar justificar o motivo de você detonar uma série muito boa, pois já sabemos qual é!

  40. Ela engravidou do marido. Antes dela ficar com o sadô, ele tinha tido relação na sala. Antes de criticar, que tal asssitir o episódio inteiro?

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