quinta-feira, abril 18 2024

Desfecho da temporada decepciona pela inércia e pela falta de ousadia

The Walking Dead 316[com spoilers do ep. 3×16] Como pode uma temporada que começou tão bem, terminar tão mal? Essa talvez seja a grande pergunta que fomentará discussões entre alguns fãs de The Walking Dead ao longo dos próximos dias e tudo porque o roteiro assinado por Glen Mazzara (ex-produtor executivo agora fora da série) para este “Welcome to the Tombs” optou por abrir mão de toda ousadia do arco inicial do terceiro ano da série para, ao invés disso – e salvos raríssimos momentos de tensão  aqui e ali (Andrea conseguiria se libertar das algemas antes de Milton se transformar para devorá-la etc?), acomodar-se com resoluções fáceis e de efeitos práticos nada empolgantes como outrora e que ainda por cima não corresponderam à grande promessa construída ao longo da temporada que indicava um confronto derradeiro e decisivo (que simplesmente não aconteceu na realidade) entre o que Rick e o Governador representavam e defendiam em termos morais na luta pela sobrevivência.

Sob esse contexto, o final da terceira temporada jogou um balde de água fria nos fãs (e por enquanto ainda me incluo entre eles) que abraçaram a série de maneira ainda mais fervorosa comprando a ideia de que os dilemas morais aliados ao progressivo estudo de personagem merecia uma consideração mais séria apesar do cenário absurdo que The Walking Dead explora. E a verdade é que, apesar da irregularidade de alguns episódios (que jamais negaram o aspecto filler de dados momentos), gostei de grande parte da trama desenvolvida até então e curti até mesmo certos aspectos da jornada errática de Rick, por exemplo. Sendo assim, meu problema com a série agora, é que este final criou um hype grande demais em torno da tal guerra entre Rick e o Governador e vê-la não acontecer neste momento soou como um ato covarde dos realizadores que aparentemente sem saber que rumo dar à história, resolveram apenas deixar (quase) tudo como está sem criar nenhum climax contudente de fato.

The Walking Dead 316 post

Ah, mas tiveram as mortes importantes”, diria alguém mais disposto a defender as escolhas feitas. Ok, mas o fato (pelo menos para mim) é que nem isso tem mérito, já que todas que vimos nesse episódio (mesmo as do Milton e principalmente de Andrea, vale citar) foram previsíveis ou no mínimo vazias no que tange a criar um gatilho que gerasse consequências maiores para outros personagens. Assim, de que interessa, por exemplo, termos visto o Governador massacrando deliberadamente várias das pessoas que viviam em Woodbury, se nós nem as conhecíamos para podermos nos importar de fato com elas?  Aliás, por falar no povo de Woodbury e principalmente no ataque frustrado à prisão (que motivaria a já citada atitude do Governador pouco antes de o vermos simplesmente fugir sabe-se lá para onde), o que impressionou negativamente também naquelas sequências foi a ação desenvolvida de forma breve, pouco criativa e executada de forma preguiçosa e burocrática.

The Walking Dead 316 - Painel

Resumindo tudo, a verdade é que foi um final de temporada com pouquíssimos momentos realmente interessantes e promissores até (como quando Carl dá outro passo para distanciar-se da inocência e perder mais um pouco de sua já tênue humanidade), mas que pela pouca iniciativa em resolver o conflito central que realmente interessava, ficou devendo muito frente a expectativa gerada quando consideramos tudo que esse arco prometeu. Será que a quarta temporada (que contará com um novo showrunner) redimirá a série dessa escorregada? Sinceramente gostaria de enxergar todos esses eventos com o mesmo otimismo que Rick vislumbra no desfecho do episódio, mas a realidade é que por enquanto abraçarei a cautela esperando bem menos da série quando ela retornar.

2star

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