quinta-feira, abril 18 2024

Thriller policial surpreende com trama sólida e drama repleto de boas surpresas

killing01[texto com leves spoilers] Parte I, por Davi Garcia Bombardeada de forma exagerada no desfecho de seu primeiro ano (por conta da extensão do mistério “quem matou Rosie Larsen?”); cancelada pouco depois do encerramento do segundo e, alguns meses depois, resgatada para o terceiro ano graças a uma parceria do AMC/Fox Television Studios com a Netflix. A vida de The Killing até aqui é recheada de momentos polêmicos e curiosidades, mas também de uma certeza inquestionável: a série pode até demorar para entregar o que promete, mas quando entrega… Uau. Deixa todas do gênero comendo poeira e tá aí a recém finalizada e excelente terceira temporada que não me deixa mentir.

Apostando numa trama bem mais enxuta e objetiva, a série adaptada por Veena Sud (Cold Case) a partir de uma produção dinamarquesa, conseguiu nessa temporada não só introduzir e desenvolver um arco ainda mais envolvente e impactante que aquele de seus dois anos iniciais, bem como dar ferramentas e histórias que contribuíram para reforçar e expandir as maiores qualidades de sua dupla protagonista, os singulares detetives Sarah Linden e Steven Holder (feitos pelos ótimos Mireille Enos e Joel Kinnaman respectivamente). Não foi por acaso, aliás, que essa combinação rendeu, ao longo dos doze episódios, elogios da crítica especializada que reavaliou The Killing como a série que mais evoluiu de uma temporada para outra.

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E se é justo creditar boa parte dos acertos da terceira temporada aos roteiros, a Enos (vista recentemente em Guerra Mundial Z) e Kinnaman (que será o novo Robocop em 2014), também deve-se destacar o brilhante trabalho de composição de Peter Sarsgaard que fez de seu Ray Seward, um personagem cheio de pequenas sutilezas e contradições que conferiu à sua subtrama no corredor da morte (onde chegou após ser condenado pelo assassinato de sua esposa), um importante e impactante capítulo capaz de fomentar reflexões bastante emocionais e relevantes (víde o ep. 3×10, que certamente deve figurar dentre os melhores da TV em 2013 no fim do ano) dentro do arco central que girava em torno de um psicopata que transformava meninas marginalizadas (e alguns casos abandonadas) nas ruas de Seattle em vítimas de um doentio jogo de exploração sexual e de morte.

Nesse panorama, ao fugir da tentação de criar barrigas ou distrações tolas que no fim nada acrescentam, a terceira temporada de The Killing valorizou o mistério da vez ao plantar pistas que eventualmente revelaram-se falsas, mas que jamais soaram desonestas ou dispensáveis visto que, em maior ou menor escala, apresentavam suspeitos que tinham motivações ou atitudes absolutamente plausíveis dentro da perspectiva dos crimes. Assim, quando a revelação final sobre a autoria dos assassinatos em série (e até daquele ligado ao personagem de Ray Seward) toma forma nos dois últimos episódios, chegou a impressionar o efeito surpresa ainda intacto que surgiu garantindo um desfecho impactante que remeteu àquele de Se7en e por tabela deixou um gancho forte o bastante para nos deixar desde já torcendo para que a série não tenha acabado definitivamente naquela última cena. Sarah e Holder merecem muito mais. E nós também.

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Parte II, por Dierli Santos

Intensa. Essa pode ser uma das definições mais precisas da terceira temporada de The Killing. Parece que o fim do caso sobre o assassinato de Rosie Larsen e os (vários) erros do começo da série foram superados nessa que foi, em minha opinião, a melhor temporada da série.  As tramas que antes pareciam tão distantes do núcleo principal agora seguiram linearmente todo o resto da investigação, sendo essenciais para o desfecho surpreendente da temporada. Os novos personagens foram um complemento importante para a qualidade da produção. É impossível não se envolver com a precária condição de vida das meninas sem lar, com a trajetória triste da carismática Bullet ou com as densas reflexões de Seward no corredor da morte.  Mas o que realmente deixou o terceiro ano de The Killing excepcional foi a dinâmica entre Linden e Holder que, desde o primeiro episódio, conduziram praticamente toda a série. Com atuações impecáveis, os dois atores conseguiram levar seus personagens tanto nos momentos cômicos quanto nos dramáticos  e explosivos.

Se ainda ocorreram tropeços no meio do caminho (novamente temos um suspeito que na verdade é um bom samaritano que só foi mal interpretado), tudo pode ser esquecido pelo brilhante final. Linden, que iniciou a nova temporada feliz, chegou ao seu limite depois de sentir culpada não só pela morte de um inocente como também pelo seu relacionamento com o verdadeiro assassino. Será que um dia saberemos quais as consequencias de sua atitude impulsiva? Só nos resta torcer para que Holder e Linden voltem em uma próxima temporada.

Em tempo: Six Minutes, capítulo que narra as últimas horas de Seward antes da execução, pode entrar facilmente para a lista de melhores episódios da série. Centrado basicamente no local onde está preso, os 43 minutos trazem diálogos memoráveis entre Linden e o prisioneiro, além de mostrar com crueza os momentos finais de um homem prestes a morrer. Intenso e angustiante, não é um episódio fácil de se esquecer.

5star

4 comments

  1. “Leves spoilers”, Dierli Santos?! Tem que ser muito babaca para falar quem é o assassino nas últimas linhas de uma crítica.

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