quinta-feira, abril 25 2024

Anteriormente em Dexter…

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Psicopatas são, inadvertidamente, descuidados. Sua noção de ação e consequência extrapola os limites do senso comum, tão arbitrários na mente entorpecida do tal sujeito. São, muitas vezes, apenas biológicos. Formados por uma complexa rede de processos mentais que simbolizam suas emoções, sua relação com o meio e o mecanismo que age como mediador entre eles. Dexter está novamente exposto nesta última temporada da série. Suas nuances vão da perfeição orquestrada pela recente descoberta da mentora até o alívio de consciência devido ao código. Em contrapartida, o contentamento ao lado de Hannah – introduzida de supetão no deccorer da temporada – surge para mostrar mais uma vez que, ao utilizá-lo como suporte, empobrece o personagem.

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A perfeição utópica de Dexter está violada. Hannah representa esse retiro espiritual, da busca constante por conexão imposta pela sociedade. Mas Dexter não é um animal social. Sua busca, se analisada de perto, desboca em mais uma morte. Em mais corpos, em mais tensão criada pelos mesmos erros. E quando erra, se torna um jogo de repetições que se contradizem. Geram expectativas, mas amolecem a estrutura do personagem. Em seu estado atual, o roteiro vive de estender uma malha fina e esticá-la conforme sua conveniência.

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Não podemos falar da temporada, ou até mesmo da série, sem falar dos excessos cometidos pelos realizadores que, reféns do insosso diálogo do roteiro que busca sempre expor em vez de insinuar, pecaram e muito neste último ano. Há um excesso de subtramas desnecessárias, que não são cabíveis numa temporada final. Da vida amorosa de Quinn à paternidade forçada de Masuka, estes “casinhos” só tiram o foco da série em dar a conclusão merecida para a história. Outros personagens importantes desde o início como Batista, por exemplo, ficaram esquecidos. Faltando apenas dois episódios para o final, Dexter mantém cartilha do “assassino da temporada” com a tardia introdução do filho de Vogel, que jamais representou um perigo a Dexter como seus antecessores. A caçada por Hannah, inclusive, é mais um fator que retira o foco do desenvolvimento dos personagens para criar situações de cliffhanger. Unir todos os equívocos e conceitos estabelecidos até aqui e usá-los como ferramentas para encaminhar o desfecho é uma realidade cada vez mais remota. Dificilmente a série se restabelecerá e atenderá as expectativas.

Até o momento, Dexter será mais lembrada pela série que um dia foi e hoje não mais é. Será que em dois capítulos conseguirão reverter esse quadro? Acompanharemos.

2star

por Adson Santos, colaborador do Ligado em Série.

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