quarta-feira, março 27 2024

trueblood

Tem duas coisas que são o terror para qualquer fã de série: 1) se a sua série for cancelada sem um final digno; 2) se a série perder a dignidade. E tem vários fatores que podem contribuir para acabar com a qualidade de uma série: troca de roteiristas, saída de atores, brigas no elenco, entre outras possibilidades. Com a estreia da última temporada de True Blood este noite, nós listamos algumas séries que nos faziam esperar ansiosamente pelo próximo episódio, mas com o passar do tempo foram perdendo o brilho e se tornaram algo no mínimo deprimente de se ver.

Tue Blood

Durante duas temporadas, a HBO produziu e exibiu uma série sobre vampiros que não se preocupava em ser limpinha por medo de escandalizar o telespectador, muito menos adocicar a mesma com romances bobos que não acrescentavam em nada à história. Pelo contrário, o roteiro audaz sabia como utilizar a situação dos vampiros perante a sociedade como uma alegoria da realidade de algumas minorias que são hostilizadas pelos demais por serem diferentes. No entanto, a série perdeu completamente a mão quando deixou de focar sua atenção nos vampiros e passou a construir uma narrativa com direito à presença de personagens dignos de qualquer folclore: lobisomens, fadas, bruxas e afins fizeram com que a série cruzasse de uma vez por todas a tênue linha que separa o cool do trash. Quanto aos romances bobos que não acrescentam nada à história… acompanhar o triângulo Bill-Sookie-Eric se tornou tão interessante quanto assistir uma sangue jorrado secando na parede.

Glee

Glee algum dia já foi bom? Sim, na medida em que fechávamos os olhos para os inúmeros clichês que permeavam o roteiro fraco da série, pontuado por personagens estereotipados que pareciam sempre saídos da Sessão da Tarde, onde acompanhávamos aqueles clássicos filmes adolescentes americanos nos quais havia a divisão entre os “populares” e o restante das pessoas. Lá no começo perdoávamos esses erros em favor dos números musicais que Glee apresentava, com direito a clássicos dos anos 80, como Scorpions, Journey e Rolling Stones, para citar alguns exemplos. Mas aí a série começou a fazer sucesso, vários artistas queriam que suas músicas fossem cantadas pelos personagens e acabaram tocando praticamente toda a discografia da Katy Perry, Britney Spears e outros artistas que estão ao alcance do rádio para qualquer pessoa que saiba manuseá-lo. Como se não bastasse, ainda foi produzido um episódio especial em que os integrantes do coral cantavam somente músicas do (céus!) Justin Bieber. A série está no ar até hoje, mas francamente, quem se importa?

House

Ao longo de suas primeiras temporadas, House era quase unanimidade. Com um protagonista complexo, sarcástico e inteligente, a série foi aclamada pelo público americano por reunir duas palavras mágicas que eles adoram: procedural médico. No entanto, os personagens instigantes, junto com o próprio Gregory House, transformaram a série em algo diferente de todas as outras com conceito parecido que pipocam por aí. Mas chegou o momento em que os casos médicos começaram a se repetir, tudo parecia mais do mesmo e a série começou a perder o brilho. Como se não bastasse, House iniciou um relacionamento romântico (e surreal) com Cuddy, e a temporada final foi salva apenas pelas cenas entre House e Wilson.

Homeland-Destaque-ClaireDanes

Homeland

Clássico exemplo de uma série que não sabe o que fazer com os personagens a partir do momento em que sua proposta inicial atinge o objetivo. A série sobre o ex-soldado que retorna ao país como herói aclamado, despertando as suspeitas de uma agente da CIA que sofre de transtornos mentais teve duas excepcionais temporadas. Soando dúbia desde o primeiro minuto, sem esclarecer se as desconfianças de Carrie tinham fundamento ou se não passavam de delírios causados por seus problemas mentais, claramente os roteiristas de Homeland não souberam que rumo dar à serie a partir do momento em que Brody foi desmascarado, preso e exposto perante o país. Resultado: a sempre insuportável Dana ganhou mais espaço, Brody passou metade dos capítulos da terceira temporada na Venezuela (não me perguntem porquê), Carrie teve mais alguns surtos, a relação de Saul com sua esposa também teve mais cenas (zzzz) e nada fez muito sentido. Dado o modo como a temporada foi encerrada, é lógico pensar que a série tentará um reboot a partir da próxima, algo como “As Aventuras de Carrie”.

Beverly Hills 90210

Em 1990 a rede de TV americana FOX levou ao ar a primeira temporada daquela que é considerada a primeira série teen americana a fazer sucesso. E que sucesso: seus protagonistas foram alçados ao estrelato instantâneo, ganhando cachês milionários e estampando capas de revistas por todo o mundo. A história dos adolescentes ricos e problemáticos que moravam em Beverly Hills e estudavam no colégio West Beverly High School consagrou-se por tratar de temas polêmicos numa época em que drogas e sexo ainda eram tabu (uma cena em que Valery Malone aparece acendendo um baseado escandalizou o público, por exemplo). No entanto, a derrocada da série começou ao final da quarta temporada, quando Shannen Doherty, que dava vida à protagonista Brenda Walsh foi desligada da série devido aos inúmeros problemas que vinha causando nos bastidores, com brigas constantes com o resto do elenco. Sem sua personagem principal, os roteiristas ainda tentaram alavancar Jennie Garth a esse posto, mas a audiência continuou a cair. Com o passar do tempo, Luke Perry e Jason Priestly também abandonaram a série, que finalmente entregou os pontos e teve seu encerramento em 2000, após 10 temporadas.

Two And a Half Men

A comédia criada por Chuck Lorre tinha uma história simples: um irmão rico que é obrigado a abrigar em sua mansão o seu irmão loser que acabou de se divorciar, junto com o seu filho (daí o título da série). O humor da série nada tinha de sofisticado: piadas de banheiro, envolvendo sexo, pum, sexo, mulheres, sexo e… sexo. Interpretando basicamente uma versão piorada de si mesmo, Charlie Sheen ainda gozava de possuir um dos maiores cachês da TV americana. No entanto, brigas constantes entre o protagonista e o showrunner culminaram na saída de Sheen do elenco, e a pouca graça que existia na série se esvaiu, já que as piadas envolvendo o personagem de Jon Cryer – apesar de ótimo no papel – só funcionavam em parceria com o irmão. Para tentar salvar a $érie, os produtores chamaram Ashton Kutcher para substituir o posto antes ocupado por Charlie Sheen, mas as comparações inevitáveis feitas pelo público derrubaram qualquer possibilidade de sucesso. Como se não bastasse, recentemente Angus T. Jones, que vivia o garoto Jake, aceitou Jesus e declarou que a série era imunda. Com isso, mais um remanejamento de elenco foi realizado e a 11ª temporada (que provavelmente terá sido a penúltima) trouxe a filha de Charlie, Jenny, uma garota lésbica que veio para arrumar altas confusões com sua turminha em Malibu.

That ‘70s Show

Com um sexteto de protagonistas carismáticos, a abertura mais cool da história da TV, se passando em uma época na qual todos queríamos ter nascido, mas ao mesmo tempo tratando de temas super atuais, a série sobre os amigos que vivem na década de 70 rapidamente ganhou a audiência. Trazendo no título dos episódios canções de bandas que estavam no auge nessa década (Led Zeppelin, Rolling Stones, The Who e Sex Pistols, por exemplo), a série ainda se dava à liberdade de, por diversas vezes, mostrar seus personagens fumando um baseado na garagem da casa de Eric, o que ocasionava vários dos momentos mais hilários da série (quem nunca esperava pela cena da rodinha de fumaça durante os episódios?). Mas então os protagonistas (Topher Grace, Mila Kunis e Ashton Kutcher) começaram a fazer sucesso e resolveram seguir carreira no cinema, fazendo com que um a um fosse desfalcando a série (boatos ainda davam conta que Grace, que foi quem deixou a série primeiro, saiu brigado com o elenco). Sem vários de seus principais protagonistas, os roteiristas ainda tentaram medidas desesperadas, como trazer um primo de Eric sabe-se lá de onde para ocupar o seu lugar, mas o público não engoliu. Com uma melancólica última temporada (que nem de longe fez jus às incríveis temporadas iniciais), a série se despediu dos fãs.

Prison Break

Quando Scofield elaborou um plano no qual incluía ser preso de propósito para salvar o seu irmão Lincoln, acusado de um crime que jurava não ter cometido, e que se encontrava no corredor da morte, fomos imediatamente fisgados pela narrativa acelerada da série, com ganchos alucinantes e tensão sempre alta. Bem, chegou um momento em que eles finalmente conseguiram fugir e… o que fazer com a série? Para responder a essa pergunta, os roteiristas propuseram transformar a temporada seguinte em uma luta dos personagens para escapar da polícia, que – logicamente – os considerava foragidos. Então a temporada acabou e… eles se encontram em OUTRA prisão, NOVAMENTE com a missão de escapar. Podemos dizer que a série se equiparava a um porquinho-da-índia correndo numa esteira, sem sair do lugar. E, o que no início era uma história surpreendente que nos fazia ficar na ponta do sofá se transformou numa reprise de temporadas passadas com novos cenários.

dexterfinale

Dexter

Essa a decepção foi grande, principalmente após o excelente final da quarta temporada. De lá até o indefensável episódio final, a instigante série do serial killer mais querido das américas foi ladeira abaixo. O Bruno Carvalho sintetizou muito bem o sentimento de descontentamento geral nesse panorama de toda a série escrito à época do series finale.

Claro que tem muitas outras que não citamos por aqui, mas fica a pergunta: que série você acha que faltou na lista?

2 comments

  1. Acho que Homeland nao merecia estar nessa lista apenas por causa de 1 temporada, bom saber como as pessoas desse site nao sabem de porcaria nenhuma. Deve estar dando com a lingua nos dentes depois da maravilhosa 4 temporada e saber que nao precisamos de Brody quando temos uma atriz maravilhosa como Claire Danes a frente do elenco

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