terça-feira, abril 23 2024

24s09e11

[com spoilers do episódio 9×11] Bem, com as peças já arranjadas e as cartas na mesa, restou ao décimo-primeiro episódio de 24: Live Another Day investir na ação, correria, tiroteio ensandecido e a média de uma explosão por episódio. Ao longo desta penúltima hora, alguém sempre está em movimento e algo sempre está acontecendo, engatando a temporada em um ritmo ainda mais vertiginoso – e talve por isso algumas cenas não tiveram a carga dramática que deveriam ter. Além disso, embora bastante eficiente, o episódio termina com um gancho tão previsível que foi literalmente previsto na crítica do episódio anterior (último parágrafo, segunda linha).

Uma coisa que esta décima-primeira hora faz bem é despejar baldes de urgência para cima da história. Agora, não apenas conhecemos a extensão e consequências dos planos dos vilões (cujas motivações soaram bem vagas quando expostas por Cheng. Mas uma vingança contra Jack ainda pode estar por trás de tudo. Aguardemos) como sabemos que a ameaça é iminente, e, para piorar, um militar usou mais de uma vez a palavra “nuclear”, sinal máximo de que a vaca arrumou as malas e se mudou definitivamente para o brejo. Diante disso e da traição de Mark, Heller parece um pouco hesitante – e mostrar o presidente derrubando os remédios antes de ceder aos militares (algo que havia recusado anteriormente) ilustra de forma elegante e sutil sua desconfiança com as próprias convicções.

Enquanto isso, 24: Live Another Day mantém a tensão ao manter Cheng sempre um passo à frente do resto da galera. Aliás, é interessante perceber como, mesmo que Jack e amigos tenham aqueles equipamentos mágicos que fazem exatamente o que o roteiro precisa que façam, as oportunidades vão surgindo graças à inteligência e manipulação: Chloe botando o celular para gravar, Audrey se encontrando com a amiga, Jack e Mark indo encontrar o russo bigodudo. Mais do que expor a sagacidade das personagens, esse tipo de atitude permite ao episódio construir muralhas da China de suspense – aquele momento do Mark “vai entrar ou não vai”, esticado até o máximo possível, é um ótimo exemplo. A série deixa bem clara que é a capacidade de tomar decisões que faz a diferença.

A ação em si se mostrou eficiente, do tiroteio inicial (que não foi lá um primor de inspiração, mas teve uma explosão) à briga de comadres entre Mark e Stolnavich (onde a tensão foi maior porque 24: Live Another Day havia indicado sutilmente que o chefe de gabinete estava disposto a morrer para consertar seus erros). Mas a rapidez dos eventos acabou apressando alguns acontecimentos mais importantes, como a revelação da traição de Mark – que não teve o peso dramático necessário, até porque William Devane se limitou a um tom de voz monótono e a baixar a cabeça de baixo para cima – ou Heller recebendo a notícia de que Cheng desabotoou o paletó.

Ainda assim, houve espaço para um momento incrível onde o diretor Jon Cassar divide a tela enquanto Jack e Audrey conversam sobre o chinês baixinho que torturou ambos: ao exibir os dois “juntos”, reforça a cumplicidade e a união de ambos frente a uma ameaça que volta para jogar água nesse grande copo de chope que é a vida. Pena que o episódio siga o lugar comum no final, construindo um gancho óbvio e que soa até forçado, já que é a primeira vez em onze episódios que Audrey sai debaixo das asas do pai (lembram do que foi falado sobre a suspensão da descrença? Pois é). Mas 24: Live Another Day conseguiu deixar as coisas bastante complicadas e imprevisíveis para o season finale, frustrando as opções que Jack e CIA tinham e tornando a ameaça iminente. E há só mais uma hora para resolver tudo.

3star

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