quinta-feira, abril 11 2024

trueblood702

Assistir a True Blood ultimamente (hum, desde quatro temporadas pra cá) se tornou uma experiência semelhante a incorporar um personagem dos filmes de Stanley Kubrick: por um lado, me vejo amarrado no sofá encarando uma lavagem cerebral enquanto uma enfermeira pinga colírios nos meus olhos, que se recusam a fechar; por outro, me vejo vagando pelos corredores do hotel Overlook, onde não encontro uma forma de escapar do lugar em que me situo, onde por vezes vislumbro fantasmas daquilo que já habitou a série. Fato é que para cada cena minimamente interessante e que dá prosseguimento à trama (que trama? À frente discutiremos isso), existem vários diálogos vergonhosos em cenas desnecessárias, que me fizeram questionar se não houve algum erro da produção que acabou exibindo o material descartado na montagem do capítulo.

Afinal de contas, ninguém dá a mínima para os delírios de Lettie Mae (que deveria ter ido embora da série junto da filha), a história entre Lafayette e Wade é mal construída (e pensar que Lafayette era o melhor personagem da série em seus áureos tempos), o relacionamento entre Jason e a vampira não empolga e Sam continua insuportável. Logo, quando surge uma cena envolvendo o núcleo dos vampiros infectados (que deveriam ser melhor explorados pelos roteiristas), estes rapidamente dão lugar a monólogos aborrecidos como o do pastor e seus tempos de vida mundana.

Ao mesmo tempo, a montagem comete deslizes inacreditáveis, como no flashback (desnecessário) da vida pregressa de Eric e Pam, que foi exibido em pílulas durante os 50 minutos. Sem acrescentar em nada à história, seu objetivo foi apenas o de encher linguiça. Pois o fato é que True Blood não possui mais nada a trazer de relevante, sobrevivendo apenas de pequenos conflitos internos entre personagens, mas sem um arco que permeie uma temporada sequer. Logo, quando vemos Pam convencer Eric a sair da depressão ou Sam ser descoberto pelos moradores de Bon Temps, apenas pensamos “e daí?”. Outro exemplo claro da preguiça dos roteiristas da série – que parecem estar funcionando no piloto automático – pode ser vista através da morte de Alcide, que sendo um dos principais personagens, deveria causar maior impacto no arco dramático (?) em execução. Pelo contrário, fica evidente que a morte foi apenas um expediente da série para reaproximar futuramente o casal Sookie e Bill.

Ainda acrescentando cenas avulsas (o que foi aquele delírio de Jason com Eric?) que estão lá apenas para cumprir a cota de “cenas para chocar”, além do questionável título do terceiro episódio, True Blood virou um verdadeiro Frankenstein construído com várias das piores coisas que se devem encaixar numa série ou qualquer outro tipo de obra audiovisual. Acho que, no próximo episódio, torcerei para que Jack Nicholson e seu machado apareçam logo para acabar com o sofrimento.

1star

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