quinta-feira, abril 18 2024

ahs

American Horror Story tem como marca registrada, desde suas temporadas iniciais, uma produção que, propositalmente, beira o trash, brincando por vezes com o estilo de fazer terror que filmes como Poltergeist e Friday the 13th usaram e abusaram na década de 80. E, até agora, a série havia conseguido conciliar a “homenagem” a esse tipo de produção com uma abordagem mais contemporânea no modo como se fazem filmes/séries de terror hoje em dia. No entanto, o que se viu neste último episódio foi um excesso de situações bizarras (no mau sentido), pontuadas por diálogos ruins e cenas que claramente foram inseridas para encher linguiça.

Não que a ideia de transformar o Halloween em uma data supersticiosa para os integrantes do show de horrores tenha sido ruim. Pelo contrário, a cena em que Erthel narra a história de Edward Mordrake (que é real, diga-se) pode figurar entre as melhores cenas da série. Apesar disso, o que foi a cena em que Edward é invocado durante o ensaio de Elsa Mars? Redefinindo de todas as formas possíveis o conceito da palavra “cafona”, fomos brindados com fumaça (gelo seco?) verde, música brega, luzes de neon e tudo aquilo que estávamos acostumados a assistir em qualquer clipe de glam metal (o popular metal farofa) da década de 80. Por falar nisso, qual o sentido de termos um número musical a cada episódio? Ok, já entendemos que Elsa sonha em ser uma cantora reconhecida, mas não precisamos que isso seja reforçado o tempo todo (se eu quiser ouvir músicas consertadas no autotune, basta baixar um episódio de Glee).

edward mordrake

Apesar disso, a cena seguinte em que Edward visita Erthel e esta lhe confessa fatos de seu passado compensou em parte o que fomos obrigados a testemunhar anteriormente, e cabe a Kathy Bates todos os méritos por isso, já que pronuncia cada palavra com uma voz torturada e destroçada pela possibilidade de deixar seu filho nas mãos do pai que ele desconhece. Ao mesmo tempo, a personagem de Angela Basset ainda não mostrou propósito na narrativa, servindo apenas como mais uma das aberrações do show, enquanto Jessica Lange pouco pode fazer para fugir do arquétipo de personagem que já se acostumou a interpretar na série (apesar de brilhar sempre que tem oportunidade).

Enquanto isso, são as cenas que envolvem o palhaço assassino aquelas que realmente prendem a atenção e fazem valer todo o tempo do episódio (e é ótimo que não saibamos que é, de onde veio e até mesmo a face do psicopata, fatores que criam ainda mais tensão). Tendo agora um “comparsa”, personificado na figura do visivelmente perturbado Dandy Mott, o mesmo adquiriu mais um refém para aprisionar em seu esconderijo (e como ninguém encontra uma Kombi a céu aberto é um mistério pra mim, mas divago). Também merece destaque aqui o plano-sequência em que Dandy põe a máscara e vai em direção à empregada com uma faca para mata-la (mais uma homenagem da série, desta vez ao clássico Halloween, de John Carpenter, quando, na primeira cena do filme vemos Michael Myers fazer a mesma coisa). No entanto, são tantas as referências e homenagens que a série se propõe a fazer que em determinados momentos acabamos por nos perguntar se não está faltando um pouco de originalidade. Talvez seja hora de deixar o passado para trás e pensar em inovar, não nas ideias, mas na execução delas.

2star

5 comments

  1. Por que alguém se propõe a escrever uma review se está com tanta má vontade? É para afastar o público da série e, consequentemente, os leitores?

    Raras vezes vi uma crítica tão depreciativa e vaga. Sim, porque o Luiz fez foi propaganda em prol dele mesmo e de seu vasto conhecimento em filmes de terror, sem falar do produto sobre o qual deveria se dedicar: American Horror Story: Freak Show.

    Não é possível que, num episódio de 1 hora, não tenha encontrado nada bom para falar, além de tecer elogios ululantes às já-consagradas atrizes.

    Desculpe-me, Luiz, mas não perceber a originalidade de uma série que ousa expor e discutir as mazelas de um circo dos horrores e, de quebra, ainda faz tal proeza fazendo o público da própria série se questionar sobre o gosto/apreço/desejo em ver bizarrices ao atribuir a merecida humanidade àqueles que não tem vez… Olha, sinceramente, “você não sabe de nada, inocente”!

  2. Concordo contigo Lena,aliás esse último foi o episódio que mais gostei até aqui.Continuo achando a série brilhante.E ao crítico…- Tá falando sério?Mesmo??…Pq não experimenta fazer uma série então?

  3. Olá Lena. Ao contrário do que você disse, não tenho má vontade com a série (é uma das minhas preferidas atualmente). Só acho que a mesma tem potencial para ser melhor do que está sendo. Achei interessante destacar as homenagens que AHS costuma fazer aos filmes de terror “antigos” (década de 80 pode ser considerado antigo? estou velho), e não é necessário ter um vasto conhecimento em filmes de terror pra conhecer Poltergeist, Sexta Feira 13 e Halloween, pois são filmes que 99% das pessoas conhecem ou pelo menos já ouviram falar. Em contra partida, observei (e é uma opinião minha) que a série vem exagerando um pouco nessas “homenagens”. No entanto, encontrei sim coisas boas nesse episódio (e, se você ler a crítica da premiere, verá que fui muito mais entusiasta que nesse), como por exemplo as cenas envolvendo o palhaço, que são muito boas, além do arco de Dandy Mott, apesar de que esse núcleo da série pouco aparece se compararmos com o circo. Logo, o show de horrores acaba sofrendo uma análise mais aprofundada. Quanto à quase crítica social que a série vem fazendo, ainda a acho muito vaga, quase como se fosse um detalhe no roteiro. Mas, novamente, é só a minha opinião. Fique à vontade para discordar.

  4. O problema de alguns fãs é projetar/especular demais. Eu analiso o que vejo, não o que espero. Toda série é um produto pronto, diferentemente das novelas que vão se ajustando. Às vezes, as expectativas correspondem aos fatos, outras não… Ler spoilers também tira metade da graça, pois (além de adiantar os sustos) alimenta uma fantasia de como as coisas são.

    As homenagens (reconhecíveis ou não) fazem parte desde a primeira temporada e, como são parte da proposta, não me incomodam. Assim como os números musicais.

    Gostei dos momentos de alívio cômico, como a Menor Mulher do Mundo saindo da abóbora. Ajustaram a deglutir melhor o indigesto prato da noite: o fato de explorarem os Freaks mesmo depois de mortos. Enfim, questão de gosto. Cada cardápio uma sentença!

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