quinta-feira, abril 18 2024

Episode 404

[com spoilers] Acho que nem mesmo a Carrie, que por vezes joga tudo às favas em rompantes de otimismo obsessivo (ou obsessão otimista), imaginaria Homeland tão de bem com a vida na quarta temporada: mesmo sem Brody, a série conjecturou uma narrativa interessante, que permite explorar as diversas histórias e desdobramentos – e vem fazendo isso com vitória. Iron in the Fire flui como memes na internet, e, apesar de flertar com o tropeço aqui e ali, é mais um truco de Homeland na temporada.

E é incrível que o episódio tenha um ritmo tão fluido assim, já que a quantidade de cenas de ação aqui é inversamente proporcional ao número de vezes que Claire Danes usa a bufada como artifício dramático (na real a ação só dá as caras em um eficiente momento onde Quinn invade uma casa). Mas a ótima montagem e a constante mudança entre as tramas mantém Iron in the Fire em ritmo de Red Bull, sempre pulando para outro lugar em momentos inteligentes (algumas trocas de cena: Carrie descobre o nome do terrorista/modelo de shampoo; Aayan descobre que não tem mais os remédios; o marido da embaixadora é abordado por uma moça bonita que o coloca em uma posição feia; Aayan entrega o dinheiro a uma mulher misteriosa; Carrie diz a Quinn “é uma ótima pergunta” após a reviravolta shyamalanesca de que Haqqani está vivo). O episódio quase sempre deixa algo no ar, mantendo o interesse naquela trama específica enquanto acompanhamos a seguinte.

Bom ver também que a coisa é comandada com o cuidado necessário, sem que aquele grupo terrorista NDR (Necessidades do Roteiro) invada a história fazendo exigências. Por exemplo, Saul precisa tirar as barbas de molho para conseguir o contato de alguém da ISI, Carrie precisa trabalhar aos poucos com Aayan para que o rapaz não pique a mula (e mesmo a sequência da lascívia final investe tempo na preparação) e as consequências das situações são discutidas e interferem na ação a ser tomada (como a discussão entre Carrie e Quinn). É algo que dá mais credibilidade aos eventos e mantém o espectador envolvido no episódio ao mostrar o que está acontecendo ao invés de, por exemplo, investir naquela abordagem onde uma personagem chega com um diálogo tão explícito que poderia começar com “previously on…“.

Infelizmente, e conforme previsto na crítica do episódio anterior, Iron in the Fire saiu só para comprar cigarro e abandonou completamente os conflitos anteriores de Carrie (com relação ao filho) e Quinn (com relação à saída da CIA), duas das características mais interessantes da temporada até aqui. Além disso, a burka-justa na qual o primeiro-embaixador se meteu, ainda que coerente com os elementos apresentados pela história, se torna apressada demais e resulta em uma discussão tão burocrática que achei que o diálogo terminaria com um “atesto e dou fé“. Mas são pontos menores, que, tal qual as resoluções de ano novo, não afetam muito o panorama geral das coisas. E assim Homeland segue realizando a dancinha da vitória e desdenhando de quem fazia a piada óbvia de que a quarta temporada seria uma bomba.

4star

2 comments

  1. Na verdade vi que a saída de Quinn tava meio dada como resolvida em 4×03 naquela ligação com a Carrie, e acredito que tanto esse plot, quanto o do filho ainda poderão voltar, mas não por agora. Só meio que não gostei da tática de sedução ao final do episódio, achei um pouco forçado e nada condizente com a postura de Carrie, que ao meu ver, deveria pressionar o garoto a abrir o bico, não a molhar ele. =/
    Ainda sim, a temporada tá me fazendo superar as expectativas previstas e tô gostando disso, já que enfim deram Brody como morto e enterrado, e tocaram a história para novos horizontes.

  2. Depois deste episódio, larguei a série.
    Não estou gostando do roteiro. Perdi completamente o tesão em vê-la.

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