quinta-feira, março 28 2024

carrie-mathison

[com spoilers do episódio 4×07] Pelo visto, terminou a estabilidade de Homeland e de Carrie: Redux, o sétimo episódio desta ótima temporada, volta a colocar a protagonista naquele clima de sair por aí contando unicórnios, o que parece ser uma espécie de tradição das temporadas de Homeland, tipo um St. Patrick’s Day bipolar ou algo assim. A coisa é tão nostálgica que até Brody dá as caras, vejam só – e por segundos tremi imaginando a volta de Dana, mas nem a gananciosa indústria cultural americana é tão cruel assim.

Ao menos Redux consegue ilustra bem o desfile de Carrie até a moda privera-camisa de força com planos fechados, cenários claustrofóbicos e uma intensidade viril na montagem e trilha (a cena envolvendo Brody, então, é uma série perturbadora de auto-chibatadas de culpa). O problema é que… já vimos isso. Em todas as temporadas. Carrie fica momentaneamente babando e vendo Teletubbies, ninguém acredita nela, mas ela obviamente está certa e dá conta do recado e todo mundo segue sua vida. E sim, as sequências possuem uma grande carga dramática e são bem executadas, só que os eventos levando a ela soam frágeis demais: o primeiro-embaixador simplesmente entra de novo no apartamento da agente e troca os comprimidos, que ela imediatamente toma pela primeira vez na temporada, concidentemente logo após Haqqani virar o tabuleiro de War de cabeça para baixo. Difícil levar a sério algo tão cuidadosamente orquestrado.

Do outro lado temos a interessante interação Saul-Haqqani, já que Redux investe bastante tempo na dupla, mostrando o respeito mútuo e as conversas sobre política e barbas. A química entre ambos é extremamente sincera, o que resulta em trocas de diálogos envolventes, uma vez que são um “modo debate” de tudo que a série aborda. Entretanto, há claramente uma tentativa de humanizar um pouco mais Haqqani – o que seria louvável, não fosse o fato de que o barbudo recém havia dado um carinhoso beijo na testa do sobrinho usando uma Beretta e parecia não sentir nenhum remorso. Parece que só após From A to B and Back Again ir ao ar é que alguém decidiu que eles deviam ser amistosos um com o outro, bater papo, jogar xadrez, mostrar fotos dos netos, essas coisas.

Conseguindo diminuir ainda mais a relevância do presidente da CIA – reparem que a única função dele no episódio, a única mesmo, é irritar a embaixadora e os paquistaneses, pois ele falha miseravalmente em todo o resto – e optando por investir naquele trem descarrilado que é a relação entre o casal embaixador (o momento em que ela diz que está digitando uma carta de rescisão é muito “vou contar para a professora”), Redux dá um passo para trás em comparação com tudo que a temporada vinha apresentando, embora seja satisfatoriamente envolvente e intenso (principalmente no terceiro ato, que é bastante poderoso). Um revés pequeno, entretanto, considerando a quantidade de vitórias que Homeland atingiu até aqui. Parece que nesses espiões podemos confiar.

3star

2 comments

  1. Ri alto “e por segundos tremi imaginando a volta de Dana, mas nem a gananciosa indústria cultural americana é tão cruel assim”

Deixe um comentário