quinta-feira, abril 25 2024

newsroom14_07

[com spoilers do episódio 3×01] Ah, o verão. Essa época de dias ensolarados, viagens à praia, piqueniques e muitas outras coisas que podemos ignorar para ficar em casa assistindo à terceira e última temporada de The Newsroom – uma sensação agridoce que nenhuma chimia de uva de piquenique consegue superar. E Boston dá a largada para a temporada com a urgência e intensidade necessária, equilibrando bem humor, sensibilidade, comentários políticos/sociais e diálogos dignos de prêmio Nobel.

Para não puxar muito o saco e já tirar de cena a batida com o joelho na quina da mesinha, a aparente inclusão de Reese na turminha (“eu e minha mãe só poderemos proteger vocês enquanto ganharem dinheiro“) soa bem forçada e desnecessária. Fora isso, Boston é um trem movido a grandes diálogos e personagens cativantes, que aproveitam sua química única para envolver o espectador no ambiente da redação – e, inevitavelmente, torcer por elas. Assim, quando Charlie dá um sermão em todos após uma retratação da CNN, sentimos a importância da mensagem graças à reação “garoto de doze anos após quebrar uma janela com uma bola de futebol” da equipe. O episódio inclusive se preocupa em mostrar o impacto da morte das vítimas em Will, Jim e mais alguns integrantes da trupe jornalística, humanizando as personagens e colocando elas em um status ainda mais honesto frente ao espectador.

E claro, como manda a tradição de The Newsroom, Boston aproveita o distanciamento temporal (a série se passa sempre “dois anos atrás”) para comentar sobre a abordagem jornalística (“Que agência de notícias responsável faria isso?” “Fox está no ar“) e colocar em perspectiva os eventos (o colossal fracasso da Internet na caçada ao suspeito e a facilidade com que abraçamos qualquer coisa despejada nas redes sociais). O interessante é que é uma discussão, e não uma palestra anti-novo jornalismo: se por um lado a equipe questiona (com razão) o estouro da boiada midiático atrás de qualquer coisa relacionada ao caso, por outro ignorar completamente as redes sociais acaba atrasando a reportagem (e a intensidade que Julie dedica à questão é o suficiente para que ela ganhe relevância na discussão).

Com relação à turma principal, Boston consegue sutilmente estabelecer algumas coisas (a cena de Maggie na academia claramente tem a função de mostrar que ela está se fortalecendo) e acender o pavio para uma participação maior de algumas personagens – especialmente Neal, com a questão dos documentos, e Sloan, com a nerdice financeira. O episódio coloca na mesa muito bem o início dos arcos narrativos, oferecendo diversas informações importantes (os documentos, a compra da empresa) enquanto deixa um gancho eficiente para oque vem pela frente

Já os diálogos de Sorkin continuam fatais (“Charlie não pode ir e voltar levando as madrinhas?“, “Eu comando uma equipe de sessenta pessoas e as curvo às minhas vontades“, “Usamos CryptoHeaven, um software para…” “Nerds“, e por aí vai), desfilando pelo episódio com elegância, propriedade, ironia e um humor vitorioso. Boston é The Newsroom preparada e em forma para uma temporada mais curta – mas, mesmo não sendo a maratona jornalística de temporadas anteriores, Sorkin e cia sem dúvida nenhuma entraram na corrida atrás da medalha de ouro.

5star

1 comment

  1. Não vi ainda, mas já estou em depressão que é essa é a última temporada e ela ainda por cima tem só 6 episódios

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