quarta-feira, abril 24 2024

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Mais um ano se passou repleto de produções que nos maravilharam e produções que nos fizeram temer pela sanidade de alguns realizadores. Assim, como lista é um negócio que todo mundo gosta, segue abaixo um apanhado do que 2014 teve de melhor e pior nas telonas – lembrando que a relação abrange apenas os filmes lançados comercialmente no Brasil durante o ano (seja nos cinemas, DVD, Blu-Ray, Netflix e até alguns que provavelmente jamais verão a terra dos 7 a 1 para a Alemanha). Caso alguma obra tenha ficado de fora por falta de oportunidade de assistir à dita-cuja (ou porque a cerveja está aos poucos matando as sinapses do meu cérebro), fique mais do que à vontade para adicionar o filme nos comentários. Confira então os destaques, as decepções, a surpresa e o Top 3:

Os Destaques (sem ordem de preferência)

Frozen (Frozen: Uma Aventura Congelante, de Chris Buck e Jennifer Lee) – (4/5)
La Grande Bellezza (A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino) – (5/5)
Al Midan (The Square, de Jehane Noujaim) – (5/5)
American Hustle (Trapaça, de David O. Russel) – (4/5)
Nebraska (idem, de Alexander Payne) – (4/5)
12 Years a Slave (12 Anos de Escravidão, de Steve McQueen) – (4/5)
Nymphomaniac: Vol 1 (Ninfomaníaca: Parte 1, de Lars von Trier) – (5/5)
Nymphomaniac: Vol 2 (Ninfomaníaca: Parte 2, de Lars von Trier) – (5/5)
Drinking Buddies (Um Brinde à Amizade, de Joe Swanberg) – (5/5)
Noah (Noé, de Darren Aronofsky) – (4/5)
Short Term 12 (Temporário 12, de Destin Daniel Cretton) – (5/5)
The Amazing Spider-Man 2 (O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, de Marc Webb) – (4/5)
X-Men: Days of Future Past (X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, de Bryan Singer) – (5/5)
The Lego Movie (Uma Aventura Lego, de Phil Lord e Christopher Miller) – (4/5)
How To Train Your Dragon 2 (Como Treinar Seu Dragão 2, de Dean DeBlois) – 5/5
Snowpiercer (Expresso do Amanhã, de Joon-ho Bong) – (5/5)
Guardians of the Galaxy (Guardiões da Galáxia, de James Gunn) – (5/5)
Chef (idem, de Jon Favreau) – (4/5)
The Double (O Duplo, de Richard Ayoade) – (4/5)
Locke (idem, de Steve Knight) – (4/5)
Grand Central (idem, de Rebecca Zlotowski) – (4/5)
Sin City: A Dame to Kill For (Sin City: A Dama Fatal, de Robert Rodriguez) – (4/5)
Gone Girl (Garota Exemplar, de David Fincher) – (5/5)
O Lobo Atrás da Porta (idem, de Fernando Coimbra) – (5/5)
Relatos Salvajes (Relatos Selvagens, de Damián Szifrón) – (5/5)
Enemy (O Homem Duplicado, de Denis Villeneuve) – (5/5)
Interstellar (Interestelar, de Christopher Nolan) – (4/5)
The Hunger Games: Mockinjay – Part 1 (Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1, de Francis Lawrence) – (5/5)
A Most Wanted Man (O Homem Mais Procurado, de Anton Corbijn) – (5/5)
Boyhood (Boyhood: Da Infância À Juventude, de Richard Linklater) – 5/5
Coherence (idem, de James Ward Byrkit) – (5/5)
Deux Jours, Une Nuit (Dois Dias, Uma Noite, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne) – (5/5)
The One I Love (sem título nacional, de Charlie McDowell) – (4/5)
Bad Words (Palavrões, de Jason Bateman) – (4/5)
Begin Again (Mesmo se Nada Der Certo, de John Carney) – (4/5)
Inside Llewyn Davies (Inside Llewyn Davies: A Balada de um Homem Comum, de Joel e Ethan Coen) – (5/5)
Under the Skin (Sob a Pele, de Jonathan Glazer) – (4/5)
All is Lost (Até o Fim, de J.C. Chandor) – (5/5)
The Rover (The Rover: A Caçada, de David Michôd) – (5/5)
Only Lovers Left Alive (Amantes Eternos, de Jim Jarmusch) – (5/5)
The Raid: Berandal (The Raid 2, de Gareth Evans) – (4/5)
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (idem, de Daniel Ribeiro) – (4/5)
Nightcrawler (O Abutre, Dan Gilroy) – (4/5)

As Decepções

Não foi um ano bom para os blockbusters: enquanto Captain America: The Winter Soldier (Capitão América 2: O Soldado Invernal, de Joe e Anthony Russo) escancarou a preguiça da Marvel, Godzilla (idem, de Gareth Edwards) conseguiu a proeza de injetar monotonia em uma produção com três monstros gigantes, Jack Ryan: Shadow Recruit (Operação Sombra – Jack Ryan, de Kenneth Branagh) se mostrou tão genérico quanto esquecível, 300: Rise of an Empire (300: A Ascensão do Império, de Noam Murro) virou um Trabalho de Conclusão de Curso sobre câmera lenta e The Hobbit: The Battle of Five Armies (O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, de Peter Jackson) é um desfecho sem empolgação para uma trilogia pouco empolgante – sem contar que ainda tivemos a demência absoluta de Teenage Mutant Ninja Turtles (As Tartarugas Ninja, de Jonathan Liebesman) e The Expendables 3 (Os Mercenários 3, de Patrick Hughes) mostrando que é realmente uma série com draminhas desnecessários e resumindo a ação a plano/contraplano de tiroteios (tipo um Nicholas Sparks com tiros, assim).

Já no plano das obras mais dramáticas, Happy Christmas (Um Novo Começo, de Joe Swanberg) é um veículo sem nenhuma expressão ou carisma para Anna Kendrick mostrar como é descolada e The Immigrant (Era Uma Vez em Nova York, de James Gray) depeciona pelo pouco desenvolvimento, diálogos sofríveis e, bem, chatice extrema (e também porque James Gray é um diretor talentoso. Claramente o vício em crack está se inserindo em Hollywood).

A Surpresa

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21 Jump Street (Anjos da Lei) é um filme divertido pacas, mas a continuação, 22 Jump Street (Anjos da Lei 2, de Phil Lord e Christopher Miller), chegou para obliterar seu predecessor com um ritmo frenético, metalinguagem insana, piadas afiadas à perfeição e uma química devastadora entre Jonah Hill e Channing Tatum, além de duas das melhores cenas de luta do ano (que só não são as melhores porque tivemos The Raid 2 este ano, e nada tem cenas de luta melhores do que The Raid). Sem jamais perder o ritmo ou o timing, 22 Jump Street ganhou a posição de surpresa do ano e, se Hollywood tiver bom senso (não tem muito), todas aquelas sequências que aparecem durante os créditos serão produzidas.

Os Três Melhores

3 – The Grand Budapest Hotel (O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson) – (5/5)

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A peculiaridade e o apuro visual dos filmes de Wes Anderson estão presentes em The Grand Hotel Budapest, mas aqui o diretor consegue ser mais engraçado do que nunca: utilizando de forma brilhante os enquadramentos, a mise-en-scène e a marcação de cena, Anderson conta uma história que consegue ser ao mesmo tempo engraçadíssima e cativante. Com diversas cenas que destilam genialidade (a do ski é brilhante), o filme é uma daquelas obras repletas de personalidade – e boa parte dos méritos, claro, vão para o elenco, que se apropria do universo absurdo para elevar o timing cômico a um novo nível (Ralph Fiennes, em especial, está em chamas demais).

2 – The Wolf of Wall Street (O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese) – (5/5)

wolf of wall street

The Wall of Wall Street é uma força da natureza. Três horas de absoluto descontrole financeiro, profissional, emocional e mais uma dúzia de adjetivos. Scorsese filma os engravatados de Wall Street com energia suficiente para alimentar uma pequena cidade, e o resultado é uma viagem desconcertante pelos exageros do capitalismo enquanto Leonardo DiCaprio finalmente se entrega a uma personagem e Jonah Hill se une a ele como o companheiro ideal para a total falta de noção sobre qualquer coisa. O filme é como um clímax de 180 minutos, frenético e extremamente dinâmico, principalmente por causa da insanidade das situações (a cena dos quaaludes redefine a expressão “épico”), pelo roteiro redondo que alterna bem entre a quebra da quarta parede e os eventos e, bem, pela Margot Robbie. Quem diria que um filme sobre pessoas que trabalham com números seria tão enérgico quanto – ou até mais – do que um Casino (Cassino) ou The Goodfellas (Os Bons Companheiros)?

1 – Her (Ela, de Spike Jonze) – (5/5)

her

Mais do que uma história sobre a relação entre um homem e um sistema operacional, Her é uma história de amor. Spike Jonze conseguiu construir uma pérola de pura sensibilidade que desenvolve suas personagens com cuidado e sem julgamento, envolvendo o espectador naquele romance improvável, fazendo com que ele torça por Theodore e Samantha, fique tenso com as dificuldades e triste com os problemas. Através do desenrolar da história, Her envolve o coração do público em um abraço agridoce ao mesmo tempo em que – de forma extremamente sutil – sugere alguns questionamentos sobre se apaixonar, sobre as expectativas da sociedade (e as nossas), os tabus, os conceitos e como a ideia que temos de “amor” talvez seja limitada diante das possibilidades apresentadas pelo universo – e a produção faz isso sem jamais soar arrastada. Uma daquelas obras que conseguem ser modernas e atemporais. Her acerta em cada passo que dá, em cada enquadramento, em cada atuação, em cada música (e a canção do filme, The Moon Song, é de uma beleza scarlettjohanssoniana), em cada decisão, em cada diálogo e mostra que, mesmo em um tema tão batido como “amor”, a criatividade e o talento são o suficiente para fazer algo único. Em Dead Poets Society (Sociedade dos Poetas Mortos), o saudoso Robin Williams diz que “lemos e escrevemos poesia porque somos membros da raça humana. E a raça humana é repleta de paixão“. Pois Her, de Spike Jonze, abrange essa questão da raça humana, da paixão, da arte. E se torna pura poesia.

2014 chegou ao final, mas em 2015 o cinema promete tantas ou mais emoções para nós, aficcionados por histórias em telas grandes: Star Wars, The Avengers, Michael Mann, Pixar, Jurassic World e muito mais. Então ficam aqui os meus votos de um ótimo reveillon a todos e ótimos filmes no ano que vai começar.

17 comments

  1. O Espetacular Homem Aranha 2 Como melhores do ano e O Soldado Invernal na lista de decepção?
    Hahahahha

  2. hehehehe…
    momento “vergonha alheia” do texto.
    meio que joga qualquer crédito no lixo. xD

  3. Homem aranha entre os melhores é sacanagem mesmo kkkk tirando isso e HER em primeiro eu concordo com tudo. Das listas que li essa foi a que mais me identifiquei. Mas homem aranha não vei kkkkkl

  4. Não dá para defender! É para apenas clicar no “x” da aba e esquecer que abriu essa matéria.

  5. Eu tinha me focado só no que foi gritante (Cap 2 e Aranha 2) mas vendo a lista de melhores com mais cuidado tem Noé e A Dame to Kill For e na de piores tem The Immigrant… Se eu pudesse desver essa lista, eu desveria.

  6. O Espetacular Homem-Aranha 2 tem seus problemas, mas é uma aventura empolgante, engraçada e com cenas de ação sensacionais (só a cena da escadaria na Times Square já faz jus ao “espetacular” do título).

    Capitão América 2 é a Marvel Studios morrendo na zona da preguiça e se embriagando de soluções fáceis e datadas (SPOILERS DO FILME A SEGUIR: vilão explicando o plano, herói tirando a máscara e se revelando no último segundo, personagem que morreu mas não morreu, o traidor ser a pessoa “menos provável”, etc) sem nenhum carisma ou cena memorável (ou lógica. Ou planejamento. Ou talento). As coreografias das lutas são até bem legais, mas muito mal filmadas, então não facilita.

    Mas ali no texto tem os links para as críticas, onde explico mais detalhadamente porque um é bom e o outro é ruim :)

  7. Bah cara, The Immigrant tem diálogos do nível de “se você lambesse meu coração sentiria gosto de veneno” ou “é melhor eu continuar tomando esse ópio” (eu cheguei a rir de tão tosco que foi esse último). Não dá pra levar a sério um roteiro anêmico daqueles. Se salvam ali a fotografia, o Joaquin Phoenix e, vá lá, a Marion Cottilard.

    Abraços.

  8. Só o início da crítica a Cap 2 já não faz o menor sentido. Foi o primeiro filme da Marvel que saiu do plano das piadas desmedidas e adotou um tom mais sério e vc disse que ele n fugiu do óbvio. Como isso?
    Falou de um flashback mas esqueceu que o filme é uma sequência e que os personagens já haviam aparecido antes sendo mostrado como amigos íntimos, ou seja, n havia nem a necessidade de ser didático a esse ponto.
    Ainda reclamou da “morte não morrida” do Fury, que é de longe o personagem menos “morrível” das HQs. Clichê ou não, era algo que os fãs esperavam.

    Homem- Aranha 2 só da pra concordar com a personalidade do Peter, o resto do filme é todo horrível. É corrido, superpopuloso e mal desenvolvido. Electro conseguiu ser o vilão principal mais avulso da história. A adaptação da morte da Gwen foi uma covardia sem tamanho, se decidiram seguir o cânone ao menos deveriam ter sido mais fiéis e atribuído responsabilidade ao herói como realmente aconteceu e n ter deixado como um “n deu tempo de salvar ela”. Sem dizer que o filme ainda tem uma edição horrorosa, parece um monte de recortes e algumas vezes passa a sensação de que esqueceram de inserir algo entre uma cena e outra.

    Simplesmente não dá. É quase um consenso mundo a fora de que Cap 2 é um dos melhores filmes de HQs e Amazing 2 um dos piores (é nivel Daredevil e X3)

  9. hehehehe…

    não chegaria a tanto, Rafa
    Noé e Sin City são mesmo MUITO ruins,
    concluo que eu e o André Costa temos gostos muito diferentes no diz respeito a cinema.

  10. Mas acho que só o início de Cap.2 já mostra que continuam ali as piadas bobinhas (“à sua esquerda”, o bloco de notas, “vim levar um fóssil para o museu”, “todos os caras da minha barbearia estão mortos”, etc. Não é algo como Thor (ou como o próprio primeiro Capitão), mas o padrão da Marvel segue. Além disso, quando tentam puxar para uma abordagem um pouco mais de espionagem, caem nas ideias datadas que comentei acima – e não importa se os fãs queriam ver ou não, a situação do Fury enfraquece o filme.

    Sobre o flashback: ele tem a função de informar algo. Se não fosse necessário, não estaria lá; como é necessário (ao menos na visão do diretor), incluir ele de última hora diluiu a força do relacionamento entre os dois, já que foi apresentado só no terceiro ato. E pra mim esse é o padrão da Marvel Studios: bota explosões, efeitos, ação, coisas mirabolantes, e na última hora tenta jogar um drama qualquer só pra tentar tornar o filme mais profundo.

    Sobre o Homem Aranha 2, sim, ele tem tramas demais – particularmente a dos pais do herói podia ser simplesmente cortada fora. Mas é uma aventura despretensiosa que vai acompanhando a ação e o arco dramático do protagonista. E a sequência da Gwen ficou excelente, não acho que deva ser diminuída apenas porque difere das HQs já que são coisas diferentes.

  11. Falei que deixou um pouco de lado as piadas n que extirpou elas.
    E ainda não consigo enxergar o problema do Fury. Sério, ngm acreditou que ele tivesse morrido, a volta dele não tem nem impacto pra desestabilizar alguma coisa.
    O flashback é didatismo. É pegar na mão do espectador e conduzir. Não precisa nem ler as HQs, a relação Steve e Bucky já vinha desde o primeiro filme. Eu entenderia uma crítica nesse sentido sobre ele, mas não o oposto.

    Sobre Homem-Aranha 2, tudo o que não se pode dizer sobre ele é que é despretencioso. Ele tem Gwen, Electro, Osborn e a Oscorp, pais do Peter. É um filme que quer ser grande sim e falha miseravelmente.
    Qdo inventaram de colocar a Gwen e não a MJ, todo mundo que era fã do personagem esperava que ela morresse, mas a morte dela n teve impacto nenhum. Primeiro pq cinco minutos depois tem um time skip e já ta tudo bem outra vez. Segundo pq deram uma roupagem horrorosa. Nas HQs, apesar de ser uma cena parecida, a culpa da morte dela cai em cima do Peter, que ao salvar ela, faz besteira, e ela quebra o pescoço. Não aproveitaram um dos momentos mais dramáticos do personagem, deixando apenas como “não deu tempo” e simplesmente pularam qlqr tipo de efeito que aquilo poderia ter, como chamar isso de excelente? Visualmente a cena pode até ter ficado legal (e é só visualmente que esse filme tem algum valor), mas de resto…

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