quinta-feira, abril 25 2024

download

De acordo com um relatório emitido pela firma de segurança de tráfego na Internet Excipio e publicada pela Variety, o Brasil é o líder em downloads ilegais de séries no mundo. A medição foi realizada entre 1º de janeiro a 24 de dezembro de 2014 e identificou que o Torrent e sites peer-to-peer são os mais utilizados. Foram mais de 28,4 milhões de downloads registrados. A Rússia ficou em segundo lugar, com 28,1 milhões de transferências. Dentre as séries mais baixadas, Game of Thrones é a primeira da lista, como já reportamos.

Legislação

A regulação que trata da matéria no país encontra fulcro no Código Penal, art 184 e também na Lei 9.610/98, que trata dos Direitos do Autor. Contudo, a legislação não é suficientemente atualizada e hábil para coibir a prática do copista que baixa séries para uso privado, seja por impossibilidade de fiscalização ou por desinteresse das empresas a quem caberia propor as ações civis. O foco das medidas coercitivas está justamente em sites e pessoas que se organizam para disponibilizar este material, como é o caso do recém fechado Pirate Bay.

Como consumir conteúdo digital de forma legal, então?

A cultura do brasileiro por pagar por conteúdo intelectual ainda não está totalmente difundida. Desde a época em que CDs e DVDs eram facilmente encontrados em qualquer esquina passando pelo boom do MP3, detentores de conteúdo intelectual e distribuidores lutam para que este cenário mude (fora que reproduções ilegais de obras datam de séculos, desde a invenção do papiro). Mas todos os esforços ainda falham pelo modelo de negócios retrógrado, engessado e pela falta de opções.

Dentre os bons exemplos temos a Netflix, que permite ao usuário – com uma assinatura mensal módica – fazer streaming de filmes, séries e documentários de forma ilimitada. Infelizmente, fora as produções originais, poucas chegam aqui tão rápido quanto às exibidas nos EUA e Inglaterra, por exemplo. Na TV paga, serviços como o Now, HBO GO e a própria HBO, que mudou o paradigma no país anulando a janela de exibição de algumas de suas principais séries (ou pelo menos diminuindo ao máximo), podem ser citadas como boas iniciativas, porém são mais caras e algumas disponíveis apenas em pacotes premium.

Entre os maus exemplos, temos canais como o Universal Channel que exibem séries com mais de um ano de atraso ou aqueles que preferem dublar tudo sem conferir opção de áudio original e legendas ao assinante. Esses podem levar qualquer um ao “mau caminho” de forma muito mais fácil. Além disso, com a larga disseminação de notícias e informações na Internet, é irracional hoje esperar que o fã de séries e TV tenha que esperar meses para poder assistir ao episódio inédito de suas produções que meio mundo já está comentando.

E o futuro?

Para mudar este cenário, canais, serviços de streaming e operadoras precisam se organizar melhor e passar a oferecer o conteúdo de forma acessível, ágil e a um preço justo. A indústria fonográfica já percebeu isso e serviços de assinatura de músicas (estilo Rdio, Spotify etc.) são uma realidade (e sem janela de lançamento). Enquanto existir produção intelectual existirá a pirataria, mas existem maneiras de minimizá-la desde que o mercado melhore as opções existentes e crie novas. Até lá, baixar o episódio de The Good Wife que saiu ontem nos EUA (e que por aqui chegará daqui oficialmente um ano) continuará sendo uma realidade impulsionadora de números de downloads ilegais, ainda mais num país que virou um incondicional “fã de séries” como o nosso.

¯\_(ツ)_/¯

12 comments

  1. fica foda tbm quando a pessoa tem o interesse em ter e pagar pela mídia física, ai se depara com casos de Doctor Who que tá na oitava temporada, mas acha disponível para compra até a terceira, quando acha.
    ai a gente paga caro no box, que só tem opção em DVD, e além de vir só os episódios, a qualidade está ruim.
    vou na internet, assisto o episódio em boa qualidade e com legenda no dia seguinte ao lançamento, no youtube e na fã page da série encontro conteúdo extra e gratuito. com que animo vou pagar 110 reais nessas condições?
    e infelizmente não se aplica só a Doctor Who.
    comprei aquele box enorme de Friends, onde eles se gabavam do exclusivo guia de episódios.
    um guia sofrível de ruim, um papel medíocre,tipo do encarte das lojas americanas, a capa na mesma gramatura, e de conteúdo o nome dos episódios.
    e nem um extra, sendo que é fácil de pegar pelo menos os erros de gravação.. tem toneladas de entrevistas com o elenco e etc.
    não estou tirando a culpa do brasileiro por consumir conteúdo ilegal (digital ou físico) mas acho que fazem o consumidor de trouxa
    cobram caro por um conteúdo de qualidade duvidável e acham que estão fazendo um favor em trazer série X e filme Y para o mercado

  2. Entourage, True Detective, Hussle, Curb your Enthusiasm, Mr Selfridge, Dr Who, etc
    Quero ver alguém achar pra vender oficialmente alguma dessas séries em HD com legenda pt-br.
    A ÚNICA.opção de ver ė baixando “ilegalmente”.
    Coloca pra vender, que eu compro na mesma hora.
    Ai sim pode reclamar se a pirataria continuar alta.

  3. Culpa também do descaso dos canais a cabo que só repetem episódio velho o dia todo, levam anos pra passar novos episódios ou series e ainda ficam interrompendo toda hora com anúncios no dobro do volume.

    Sem falar que a cada 15 dias os horários das series mudam, assim você se programa pra assistir uma serie num determinado horário e quando vai ver já passou e só vai reprisar no meio da madrugada.

    Isso quando não passam episódios foram de ordem.

    Eu baixo pra assistir o que gosto assim que sai, e não daqui a 4 meses quando passar na TV, gosto de assistir no Netflix quando vai pra lá, mas também é uma loteria que a qualquer momento pode entrar ou sair os episódios (vide Top Gear UK, que antes tinha quase todos episódios até a temporada 18 e se não fosse pelo torrent e teria que esperar quantos anos pra ver a atual 21?).

    Mas apesar de baixar “na ilegalidade” muita coisa, é por falta de opção melhor, assino Netflix e crunchyroll
    Pelo menos no crunchyroll assisto legendado bonitinho algumas horas depois de ter ido pro ar, bem que o netflix poderia ter algo assim pra series

  4. True Detective acha, quase comprei hoje na Livraria Cultura mas tava 70 reais e isso é um absurdo pra uma série com 8 episódios (quando disponibilizaram aqui, tava saindo por 100, diminuíram mas…). Problema é que nem a Larissa disse ai abaixo, não tem mais nada além dos episódios. Mas tbm ela só saiu pq fez um barulho desgraçado.

  5. “Como consumir conteúdo digital de forma legal, então?”
    Como? Não sei
    No Netflix e no Now as séries entram e saem sem aviso.
    Na HBO GO ou no primo pobre HBO OD, vc tem que comprar a “venda casada” junto com a tv por assinatura e o pacote da HBO. Ainda assim, as séries somem, na Net now, por exemplo, o True detective sumiu por semanas e depois voltou.

  6. Possuo pacote de TV a cabo, mas sinto estar pagando um valor caríssimo por um serviço que pouco ou nada usufruo. Infelizmente, as séries exibidas nos principais canais de séries (como a Universal, Fox, Warner e Sony) ou são reprises ou são títulos pelos quais eu particularmente não me interesso. O principal caso é o da Universal: com a janela de exibição de praticamente um ano de The Good Wife, confesso que nunca consegui acompanhar a série pelo canal de TV. Vez ou outra, tento pegar alguns episódios já assistidos, pelo simples prazer de rever a que, pra mim, é minha série preferida na televisão americana… mas fica só nisso. Na maior parte do tempo são os downloads ilegais que me socorrem.
    Quando percebo que a Universal fica preenchendo a grade de programação dela com House e Medium, me dou conta do potencial inexplorado das emissoras de TV a cabo. Não estou dizendo que todo mundo que baixa trocaria sem pestanejar o torrent diário por um serviço pago, mas é óbvio que boa parte dos consumidores se sentiria mais satisfeito ao utilizar um serviço legalmente, sem a necessidade de recorrer a downloads piratas, se ele fosse de qualidade.
    Pra falar a verdade, acho que já está na hora de eu mesmo cancelar minha assinatura de TV a cabo… Fica a dica.

  7. as pessoas esperam que a gente assista série no megafilmeshd com aquela resolução de tv dos anos 70?

  8. vocês podem me passar o link da matéria da variety ou da pesquisa, por favor? estou pesquisando exatamente isso! obrigado :)

  9. Netflix é realmente um bom exemplo pois disponibiliza o mesmo conteudo ” pra todo mundo ” .

    A ” Cultura do Brasileiro ” é esperar ser ” constantemente sacaneado ” , e enquanto a estrutura de disponibilização de ‘ qualquer coisa ‘ por aqui não for calcada em ética , respeito e genuíno interesse , nada teremos de positivo a falar , infelizmente .

    Sou da época , inícios dos 90 quando o videocassete nos possibilitava ” rever ” o conteúdo disponibilizado até então , era uma maravilha quando tínhamos um ” especial ” de qualquer coisa e a possibilidade de gravar e manter consigo….

    a mesma ideia permeia hoje e desde 10 atrás com o peer to peer ou torrent.

    o interesse por ‘ algo a mais ‘ que samba , futebol e carnaval há….o problema é difundir uma genuína Cultura de Interesse que una ambos os lados : consumidor e distribuidor de conteúdo .

    veja a música : a cada ano diminui a compra de cds em todo o mundo mas até hoje nada se criou para substituir a mídia física de fato por algo de interesse do consumidor ….não é somente disponibilizar a música ou o vídeo ! quem realmente gosta de qualquer coisa , pretende em algum tempo ter acesso a material extra : isso vale para tudo !

  10. Participar ativamente de uma ” cultura de entretenimento ” no Brasil é decepcionante em qualquer sentido .

    Temos público mas nunca a estrutura .

    Nada é àtoa….sempre há motivo para ausência de interesse permanente , a ‘ desculpa , de sempre é ‘ não foi identificado interesse significativo…’ ou algo do gênero quando temos uma resposta oficial .

    E ainda no caso do Brasil , ” tudo ” vincula-se á governos que utilização tudo a seu bel prazer ….

    Anunciantes no Brasil costumam ser os ” grandes vilões ” quando se trata de audiência mas pergunto : 1% em espectadores para determinado conteúdo é para certo anunciante lucro certo que 40% em trasmissões ” populares ” que todos ignoram….

    E estamos no período de ” conteudo por interesse ” se você têm acesso contínuo à web busca e acha , não aguarda .

    Tudo exige , Reestruturação mas é ignorado .

    É curioso que certas séries são realmente vistas no ” modo antigo ” , um por semana com prazer como é o caso NCIS que 12 milhões de espectadores em média a veem …

    Há espaço para opções , mas é preciso vontade de criar uma cultura de alternativas viáveis para distribuidores e público , todos ganhos com a legalidade de fato .

    A pirataria é somente o ‘ outro lado ‘ da moeda ! A vontade de nada mudar ! Um fato !

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