sexta-feira, março 29 2024

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Mad Max: Fury Road é a obra-prima de George Miller, cineasta que dirigiu os três primeiros filmes da franquia há 30 anos atrás e aqui faz uma releitura steampunk de alta octanagem utilizando como pano de fundo aquele mesmo universo dos longas estrelados por Mel Gibson. Agora, já num mundo pós-apocalíptico, o auto-proclamado imperador e imortal Geraldo Alckmim Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne) utiliza da pouca água que resta no planeta para controlar um povo doente e carente, extraindo dele as regalias para a sua elite de agregados e para seu exército de fundamentalistas conhecidos como Kamicrazys. Mas a paz do já debilitado líder chega ao fim quando a insurgente Imperator Furiosa (Charlize Theron), decide raptar e salvar o harém particular que ele mantém, desencadeando uma “contenda familiar” que toma todo o deserto de Wasteland na mais maluca, absurda e incrível perseguição que já vimos.

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No meio disso o andarilho Max Rockatansky (Tom Hardy), capturado pelo exército de Joe e relegado à condição de uma “bolsa de sangue” (afinal, ele é saudável enquanto o povo da cidadela aparentemente sofre com parasitas), acaba recrutado contra sua vontade para ajudar no plano de fuga das mulheres. A premissa é simples e encerra por aí. O roteiro de Miller, Brendan McCarthy e Nick Lathorious é econômico o suficiente para deixar que as lacunas sobre o que aconteceu naquela realidade sejam preenchidas na cabeça do público (das consequências da escassez até mesmo à Lei que impera no local), abrindo espaço para que praticamente todos os minutos de projeção sejam gastos numa bela homenagem à ação e ao Cinema e jamais explicando cada um dos vários interessantes conceitos retratados: os nomes, os “deuses”, os cantos e tudo mais que torna este universo único.

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Por isso, não é de se espantar que desde a abertura, o filme se enverede em três grandes sequências eletrizantes (a tentativa de fuga de Max, o início da perseguição e a tempestade de areia) e somente após uma hora faz uma pausa para “respirar” um pouco. Carros, motos, tanques e caminhões que possuem suas próprias identidades são, por grande parte do tempo, os protagonistas de uma espécie de vídeo game insano filmado com o mais alto apuro técnico e visual. Aliás, que belíssimo trabalho de design de produção que pode ser visto em cada plano. Todas as sequências de ação de Fury Road são um presente estético e energético que eleva e estabelece um novo e alto padrão pra filmes de ação. A um por nunca soar repetitivo ou desnecessário em cada uma das diversas sequências de ação; a dois por capturar toda a maluquice sobre rodas de uma forma que sempre permite a compreensão, pelo público, do que está sendo exibido, fazendo com que Miller seja um dos cineastas hoje mais capazes de dominar a mise-en-scène do gênero, especialmente se considerarmos que o filme está constantemente em movimento.

Mad Max - Imperator Furiosa Wallpaper

Aliás, Miller demonstra ainda dominar a técnica do 3D sem sequer ter filmado utilizando câmeras especiais (o filme é convertido). Mas graças às sábias escolhas dele de sempre fotografar com profundidade de campo grande e não utilizar recursos como o rack focus, a conversão é suave e favorece até mesmo a magnífica paleta de cores deste universo, sem escurecê-la ou esmaecê-la como outras produções comumente fazem apenas para vender ingresso mais caro. Outra abordagem interessante é a de relegar Max à condição de coadjuvante, deixando Furiosa e as mulheres de Immortan tomarem o protagonismo da trama, já que são elas que desencadeiam toda a perseguição. Aliás, um momento chave da trama mostra o quanto a subversão de conceitos é o forte do longa, ao mostrar os heróis optando por dar meia volta e perseguir seus perseguidores em vez de seguirem em busca de um oásis inexistente.

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Mad Max: Estrada da Fúria é o maior e melhor blockbuster deste ano sem dúvida alguma e uma experiência que vale e merece ser vivida num cinema. Que dia maravilhoso!

5star

16 comments

  1. Bruno, vi o filme em uma tela gigante (tipo IMAX) e não concordo com o fato do 3D ser bem utilizado. Em linguagem ele não acrescenta nada, esteticamente menos ainda. Apesar da profundidade, o 3D é incrivelmente ruim, tirando apenas a nossa possibilidade de admirar ainda mais a bela fotografia e design de produção do site. Durante a projeção várias vezes tirei o óculos e pude perceber o quanto estava perdendo por conta daqueles malditos óculos. Uma pena que as sessões 2D legendas estão extremamente raras a cada dia.

  2. Que dia maravilhoso para o cinema. Pena que aqui em Brasília são poucas as sessões legendas sem 3D.

  3. “Mad Max: Estrada da Fúria é o maior e melhor blockbuster deste ano sem dúvida alguma e uma experiência que vale e merece ser vivida num cinema. Que dia maravilhoso!”

    sem dúvida alguma…

  4. Eu vi num IMAX 3D e curti muito… Assisti ao filme Vingadores no mesmo cinema e não tem comparação… Mad Max ficou excelente em 3D, enquanto Vingadores apenas converteu para ganhar mais dinheiro.

  5. Fantástico o filme. Achei melhor o 3D dele do que o de Vingadores 2.

  6. Mas eu li que Mad Max também foi convertido pra 3D. Eu adorei o filme, mesmo, mas não vi taanta coisa assim em ele ser em 3D, acho que poderia rever em 2D e não sentiria muita diferença (talvez só mais um motivo pra rever o filme hahah).

  7. Bruno, que bom que vc escreveu sobre o filme. Os amigos não gostaram e já tinho desistido de ir ao cinema para vê-lo. Seeeempre existem várias formas de olhar um mesmo assunto. Obrigada!

  8. Talvez eu não estivesse em um dos meus melhores dias quando vi esse filme, pois lendo a crítica positiva só me lembrava o quão cansativo é esse filme! Nossa! estava doido para que esse filme terminasse logo, para eu fazer outra coisa. Depois da sessão cheguei à conclusão que joguei mais de 2 horas no lixo.

  9. Só tenho uma queixa…. Mad Max é coadjuvante….. Entendo todos os motivos apresentados, mas me reservo o direito de achar muito frustrante assistir um filme em que o personagem título é coadjuvante.

  10. Achei o filme bom, nada mais. Não é tudo isso que estão falando não…

  11. Eu esperava que George Muller retomasse a essência do MAD MAX 1, com menos distrações e mais compromisso psicológico. MAD MAX no meu entender se torna, com Fury Roads, uma trilogia, deixando MAD MAX 1 fora da sequência.

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