sexta-feira, abril 12 2024

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Não é com muita expectativa que se pode ver Scream, embora a curiosidade seja enorme: é a adaptação para a TV de um filme de sucesso dos anos 90, cultuado e transformado ele mesmo numa franquia no cinema. Mas não traz os seus autores por trás do projeto (o roteirista Kevin Williamson e o cineasta Wes Craven, que até tem o crédito de “produtor executivo”, mas aparentemente é só isso), o que aumenta a sensação de oportunismo, além de ser uma produção da MTV, que não é bem conhecida pela qualidade de suas séries.

Talvez por isso o piloto lançado esta semana seja uma surpresa positiva, ainda que não consiga ser mais do que mediano. É um episódio que não ofende a memória do seu original, mas que carece de um talento maior pra sair da referência genérica e pouco inspirada das cenas de suspense. Mas se você não se importar com a mediocridade de muitos dos diálogos e o elenco jovem de beleza asséptica e pouco talento dramático, é possível se interessar por algumas ideias e o próprio caráter “whodunit” da trama.

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Numa breve sinopse, estamos na pequena cidade de Lakewood e acompanhamos um grupo de jovens e todas aquelas questões que conhecemos bem: há a menina que sofre bullying (Audrey, filmada beijando outra mulher e o vídeo é viralizado), seu amigo nerd Noah, a ex-melhor amiga que agora faz parte da turma dos mais descolados (Emma, aparentemente a protagonista), o namorado da protagonista, Will, que tem algum segredo com o melhor amigo, Jake; há a amiga mais assanhada, Brooke, envolvida com um professor, e a mais comportada, Riley, que parece se interessar pelo nerd.

Há o mais novo aluno da escola deles, Kieran, que veio de outra cidade, mas é filho do xerife local, que é provável interesse amoroso da mãe de Emma, médica-legista e que tem um segredo que pode ou não estar relacionado com o assassinato de dois amigos de sua filha. Ambos são os responsáveis pelo vídeo feito de Audrey e morrem na mesma noite que vazam a filmagem no YouTube e que também é véspera do dia em que Brooke dará uma festa em sua casa. Como são jovens, ricos e mimados, o assassinato dos amigos não impede a diversão e claro que a festa não é cancelada e se torna uma “vigília de oração” e memorial regado à álcool (“pessoas de luto sentem muita sede”). Ah, sim: a casa de Brooke fica à margem de um lago onde algo terrível ocorreu no passado e talvez, quem sabe, seja mal-assombrado. E o assassino está a solta. Parece divertido, não?

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[Contém spoilers a partir deste ponto] O episódio é todo estruturado para ser um remake do primeiro Pânico, não só no assassinato que abre a série, uma releitura da já clássica sequência com Drew Barrymore (releitura que envolve mensagens de texto e vídeo via celular), mas na própria apresentação de personagens e situações bastante similares, cujo sentido final é diferente com o objetivo de estabelecer que trata-se de uma série e, portanto, as coisas precisam ser “estendidas” (faz tempo que vi o filme, mas ao menos duas situações são bem evidentes: na série, quando Jake diz que estava com Will na hora do crime, é quase um espelho da cena com Stuart e Billy; e Brooke na garagem de sua casa relembra a personagem de Rose McGowan; em ambos os casos, o resultado final é diferente do filme). Também trata-se de uma pequena cidade de gente rica, e um passado misterioso envolvendo um serial killer, tendo um link direto com a protagonista da série – apesar de que ela ainda não sabe disto.

E, claro, há Noah, o personagem com as referências metalinguísticas. Aqui é uma releitura de ideias do filme: Pânico brinca com as convenções do gênero de horror, mas reverenciando e nunca deixando de usá-las (é um filme engraçado, mas também brutal e forte como terror), com o personagem Randy sendo o maior porta-voz dessas referências que faziam parte do jogo meta. Aqui, Noah fará este papel e é através dele que temos as ideias mais interessantes, em dois momentos, e que mostram que, se Scream não tiver uma temporada boa, ao menos seus autores têm uma certa consciência do que podem almejar.

São atualizações da autoreferência para o mundo das séries de TV: no primeiro momento, o professor cita exemplos de como o Gótico está presente nos seriados (The Walking Dead, Hannibal, Bates Motel, American Horror Story – imagino que citar o máximo de programas possível dará um charme a mais ao longo da temporada) e, quando alguém tenta comparar com filmes como Halloween, Noah vai direto na dificuldade que Scream terá pela frente. São os autores mostrando que estão cientes da enrascada que entraram: em um slasher (os filmes de psicopata mascarado), grupo de personagens “sem vida” é dizimado até sobrar um ou dois mocinhos e, portanto, seria impossível fazer disto uma série, que tem vários episódios e precisa que a trama seja esticada ao máximo.

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No segundo momento, Noah dá a explicação de como a série pretende lidar com isto: fazer com que o espectador se importe com os personagens e seus dramas, e menos com reviravoltas e mortes. “Você torce por eles, pra quando forem brutalmente assassinados, isso doa”. Daí a escolha em matar apenas o casal no início do piloto, e mais ninguém. É esta complicação que temos que esperar pra ver como se desenvolve: não se pode matar todos de uma vez, mas por quanto tempo dá pra sustentar, sem perdermos a paciência, o suspense de um personagem sozinho em determinado lugar, na presença de um serial killer mascarado, e não ser assassinado?

A série ainda joga alguns elementos naquela narração final de Noah para gerar algum interesse: além do sangue em sua testa, uma montagem paralela que mostra que Audrey também é obcecada por Brandon James (o serial killer de 20 anos atrás), e Jake como a pessoa por trás da câmera que filma a primeira vítima do mascarado. Há também aquela sequência no lago que aponta para o sobrenatural, mas se a série pretende ir por este caminho, é bom que estabeleça isto o quanto antes. Não dá pra saber ainda se teremos algo divertido, mas há ideias promissoras. Caprichar nas mortes e em um mínimo de clima de terror também não fará mal.

3star

Scream ainda não tem previsão de estreia no Brasil. Veja o que vem por aí na primeira temporada:

[youtube video=https://www.youtube.com/watch?v=eWcPh56XPU0]

14 comments

  1. ” […] além de ser uma produção da MTV, que não é bem conhecida pela qualidade de suas séries.” Só eu, nesse mundo, que acho Teen Wolf, uma puta série… Maravilhosa, e bem feita?

  2. N kkkk,teen Wolf é MT boa,a partir da terceira temporada é espetacular e gostei MT do piloto d scream, Noah q personagem ótimo putz vou ficar puto qnd/se ele morrer

  3. Nada disso cara, também acho Teen Wolf bom demais. Até porque meus gostos fogem bastante dessas coisas modinhas Mais gostei desse piloto me parece que Scream vai ser boa também…

  4. Ayrton, não vejo Teen Wolf, mas dando uma olhada nas séries dos últimos anos da MTV, é a única que já ouvi falar. Ou seja, pode até ser boa (um dia, quem sabe, eu vejo), mas não é suficiente pra colocar o canal como uma mínima referência no formato.

    Vamos torcer pra Scream ajudar nisso.

  5. Essa serie e uma porcaria, parece Pretty Little Liars , mais com mais sangue e assassinatos. Uma vergonha, e os atores, puta grupinho ruim. Sinceramente nao da pra acompanhar essa serie. Prefiro assistir a serie de filmes de novo, apesar que apenas os 2 primeiro que prestam tambem. Agora essa serie nao deu pra engolir.

  6. Eu estou viciada nessa série, não consigo perder mais nenhum episódio :)

  7. Eu amava essa série, mas na temporada atual estou com uma preguiça de acompanhar, assisti tipo, uns 3 episódios e empaquei… ¬¬

  8. Tenho um grupo no Whats sobre essa série, quem tiver interessado deixa o número!!

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