quinta-feira, abril 18 2024

shield4722

Após a excelente estreia da terceira temporada de Agents of SHIELD, acabei não escrevendo nada sobre os episódios seguintes. O motivo para isso é simples: esse início de temporada não foi dos mais empolgantes. Eu sei que numa temporada de 23 episódios, Agents of SHIELD tem bastante tempo para desenvolver cuidadosamente sua trama e seus personagens. Mas mesmo assim, a impressão que eu tenho é que permaneceu no lugar desde a season première: não estou conseguindo sentir urgência e tensão na caçada da SHIELD aos Inumanos, e a subtrama de Hunter e May caçando Ward e a Hydra também não empolga. O personagem Lincoln está totalmente perdido e cujo envolvimento amoroso com Daisy jamais convence. Em contrapartida, a interação entre Clark Gregg e Constance Zimmer está sendo o melhor elemento da temporada, disparado.

E é justamente por esse início de temporada ter sido tão irregular, que eu tenho que me curvar diante do triunfo que Agents of SHIELD obteve nesse quinto episódio. Intitulado “4,722 Hours”, o episódio foge da estrutura narrativa da série com a qual estamos acostumados, e foca exclusivamente nos flashbacks envolvendo a estadia de Jemma naquele misterioso planeta. Obviamente, o sucesso ou fracasso desse episódio dependeria da protagonista. Felizmente, Elizabeth Henstridge cresceu no decorrer da série e aqui, entrega uma comovente atuação. É fascinante ver a sua excitação inicial ao perceber que está em outro universo, apenas para depois se tornar uma pessoa amargurada e resignada com a ideia de que jamais voltará para casa.

Pouca coisa foi revelada sobre o monolito e os perigos daquele planeta no qual o sol nunca surge (bela fotografia em noite americana, diga-se de passagem), mas isso é o que menos importa no episódio. “4,772 Hours” está mais interessado em Jemma, e se sai maravilhosamente bem em seu objetivo. Assim, quando Will (Dillon Casey, de Nikita) é introduzido, já dava para perceber para onde aquilo iria caminhar. Discordo completamente de quem está falando que os roteiristas diminuíram a personagem ao fazê-la se envolver com Will. O que vocês esperavam que uma pessoa iria fazer naquela situação? Jemma estava presa no planeta há meses e acreditava que jamais iria sair daquele lugar. Will acabou sendo a âncora dela naquele universo e mais um motivo para ela sobreviver e continuar resistindo. Era inevitável que uma relação amorosa surgiria entre os dois, e felizmente, isso foi muito bem construído pelos roteiristas e pelos atores. Percebam também que o envolvimento só começou DEPOIS da tentativa fracassada de enviarem a mensagem de socorro pelo portal, quando eles acreditavam que tinham perdido a última chance de fuga.

(Sim, admito que teve um momento, em que eu achei que iria rolar uma reviravolta estilo Tyler Durden, mas a cena pós-créditos já deixou claro que Will é real)

Ainda é muito cedo para dizer o que irá sair desse “triângulo amoroso”, mas é impossível não aplaudir o alcance dramático da cena final, quando Fitz, em mais uma prova do seu estoicismo, decide ajudar Jemma a salvar Will. E conforme apontei, na minha crítica anterior, Iain De Caestecker é outro ator que só cresce a cada episódio. E se há uma coisa que eu nunca imaginei que iria acontecer, era que eu ficaria profundamente comovido com a trágica situação da dupla de personagens que, no início da série, eram apenas um alivio cômico bobo e infantil.

Esse episódio é a prova definitiva de que Agents of SHIELD é uma série excepcional.

5star

8 comments

  1. Excepcional é a capacidade dos roteiristas de criar uma história onde não existe nada para extrair. Personagens superficiais, relacionamentos descabidos, atores fracos, é a famosa sopa de pedra. Enquanto isso, ainda esperamos que algo de aproveitável aconteça….

  2. “Era inevitável que uma relação amorosa surgiria entre os dois”. Não, não era!

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