sexta-feira, abril 26 2024

unsolvable brooklyn nine nine

Pelo visto, os episódios de Brooklyn Nine-Nine estão sendo escritos pela Carrie de Homeland: tivemos na sequência o ótimo Tactical Village, o descomunalmente ruim Fancy Brugdom e agora este Unsolvable, que passa longe dos melhores momentos da série mas passa longe dos piores também. Apesar da melhora, a impressão geral é a de que os realizadores de Brooklyn Nine-Nine passam o tempo sentados no sofá assistindo a True Detective e se dedicando à comédia policial apenas nos intervalos, e essa acomodação está resultando em arcos narrativos previsíveis e desprovidos de imaginação.

Toda aquela história envolvendo Babylon, por exemplo, é um bom exemplo. Tem seus momentos divertidos (“As celas estão cheias de criminosos… e os conselhos amorosos deles são péssimos“), mas no geral ela é simplesmente sem graça, sem sal, caminhando a largos passos para o esquecimento total – alguém realmente ainda acha engraçado personagem querendo fazer juramento juntando os dedinhos ou um homem ter vasto conhecimento sobre coisas convencionalmente vistas como femininas (como Boyle cheirando os cristais)? Transmissões da TV Câmara são mais imaginativas do que isso – e o mesmo acontece com a trama envolvendo Amy e o capitão, previsível e preguiçosa a ponto de colocar a televisão em modo “hibernar”. Parece que os roteiristas sequer tentaram ser engraçados, foram só jogando ali cenas de humor recauchutado até que tivessem tempo suficiente para preencher o episódio.

Ao menos a coisa muda de figura quando Jake e Terry entram em cena: contando com a ótima química entre os atores e a montagem ágil – que aqui pode se valer dos cortes secos e plano/contraplano para dar mais força às situações, como em uma punchline – mantém a história sempre dinâmica, inclusive abrindo a porta e convidando momentos inspirados para entrar, como a sequência de interrogatório na prisão, um flashback com o nível certo de esquisitice nos cabelos e alguns diálogos que fizeram valer o sacrifício das árvores para que fossem impressos (“por isso eu iniciei a conversa dizendo ‘más notícias’. Terry acredita em ter um tópico claro para a conversa“). Além disso, colocar gente bêbada dançando na frente da mesa de sinuca é algo que raramente dá errado.

Unsolvable ainda tem uma das melhores piadas iniciais da série, abordando de forma brilhante a relação entre Holt e Jake e conseguindo surpreender o espectador (“ele deve ter se machucado fazendo algo que não costuma fazer e acha vergonhoso, como sorrir“). Assim, equilibra as coisas e e faz com que o número de risadas supere o de tapas na testa em descrença. Mas o episódio não chega a apontar nada muito promissor: no geral, Brooklyn Nine-Nine continua apostando em tramas fáceis e extremamente batidas e mastigadas – e, enquanto não arriscar uns passos fora dessa zona de conforto que busca jamais incomodar o público, a série vai ter que se contentar em participar do time dos medianos.

3star

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