quinta-feira, março 28 2024

thegoodwife

A série

Lembro exatamente do dia em que pisei em Los Angeles pela primeira vez em 2009 e dei de cara com um outdoor gigante que anunciava a série The Good Wife. O fall season estava começando por lá e pela primeira vez assistiria às estreias do horário nobre americano, que por tantos anos cobri daqui, ao vivo. O nome – a boa esposa – estranha até hoje quando recomendo-a como uma série jurídica. “Mas é série de advogado isso?”, questionam. “É e não é“, respondo.

The Good Wife sucedeu Boston Legal e logo se tornou um dos melhores dramas de tribunais da TV. Não só isso, uma das melhores séries da televisão durante muitos anos. Também era um drama familiar e político com temáticas atuais e que tratava de assuntos relevantes e do empoderamento feminino bem antes do assunto ser discutido com a amplitude que merecidamente é hoje. Seus episódios seguiam nos três pilares – jurídico, político e pessoal – tendo a personagem Alicia Florrick, da ótima Julianna Margulies, como o centralizador de tudo, balanceando muito bem as tramas e trazendo histórias envolventes e eletrizantes. Trouxe narrativas diferentes, intrincadas e que rotineiramente subvertiam os padrões de uma série jurídica.

A articulação política era intrigante, as conspirações profundas e seus personagens cativantes – de David Lee a Diane Lockhart, passando pelo enérgico Cary Agos. Possuía um texto inigualável em termos de qualidade em se tratando de TV aberta e os roteiros de Robert e Michelle King se igualavam aos dos melhores dramas da TV paga e streaming.

Foi também um enorme celeiro de grandes convidados especiais e personagens icônicos – muito deles recorrentes – como os de Michael J. Fox, Carrie Preston, Jeffrey Dean Morgan, Mike Colter, Titus Welliver, Nathan Lane, Margo Martindale, Stockard Channing, Dennis O’Hare, Matthew Perry, Rita Wilson, Martha Plimpton, Zach Woods, Jeffrey Tambor, Amy Sedaris, Oliver Platt, Michael Kelly e muitos outros.

Mas tudo que sobe tem que descer e a partir do quinto ano vimos que as coisas mudaram. The Good Wife não era mais a mesma. Tudo continuava muito bem isoladamente – as histórias, os personagens, a qualidade da produção – mas alguma coisa estava errada. As tramas boas passaram a ser abandonadas sem fim para dar lugar a outras e personagens simplesmente desapareciam por motivos que aconteceram claramente fora das telas – e sim, eu estou falando da notória briga entre Julianna Margulies e Archie Panjabi – que se consolida como uma das coisas mais mal explicadas e resolvidas da TV. A sexta temporada foi bem complicada e, nesse sétimo ano – antes de seu cancelamento ser anunciado -, eu escrevei: The Good Wife já deu o que tinha que dar.

4stars

The Good Wife já foi o melhor drama da TV, mas não terminou bem por conta de dois de seus sete anos.

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O final

Eu demorei para processar o episódio final, primeiro porque ele não pareceu tanto um episódio final de uma série de sete temporadas, né? Eu gostei muito de algumas coisas e não gostei de outras. Mas o que me inclina a dizer que não foi um desfecho satisfatório – e acho que isso reflete a opinião de muita gente com quem ando conversando e interagindo nas redes sociais – é que não senti quase nada vendo o episódio. Não estou com a saudade que senti da série como quando, por exemplo, vi o final de Breaking Bad. Não me emocionei com o desfecho como foi com o final de LOST ou Six Feet Under, ou lamentei como ocorreu no final de Community.

Os King fizeram o que acharam que tinham que fazer para encerrar a história, mas de forma mecânica e amargurada. Por que tanta amargura, gente? Confesso que o momento que mais mexeu comigo – e ainda assim de forma bem momentânea – foi a rápida surpresa com a aparição de Will (apesar de ter noticiado aqui, eu havia esquecido), embora tenham exagerado no recurso. Apressaram demais todo o caso de Peter para enfileirá-lo com o final da temporada e ter o mote para a série encerrar.

Gosto muito do encerramento temático com a coletiva de imprensa, pois é elegante narrativamente e ao mesmo tempo reconhece o espectador que, assim como eu, assiste à série desde o piloto. Também acho extremamente positivo que não resolveram dar um fim novelesco com as pessoas se casando, jovens indo felizes para a faculdade, escritório prosperando etc. A vida não é assim, ela não enfileira e alinha acontecimentos bons (e ruins) assim de uma vez para todos.

O relacionamento de Alicia e Jason ainda está sendo desenvolvido; o capítulo apenas sugestiona a nova escolha de carreira de Cary, que parece ter encontrado sua vocação lecionando e Diane, bem, deve seguir com seu escritório all female. Os demais personagens meio que se despediram no episódio Party (aquele do casamento de Jackie na casa de Alicia), um dos piores de toda a série. Mas diversos outros personagens mereciam pelo menos um encaminhamento do roteiro.

Aí veio a reta final.

Eu até entendi o que eles quiseram fazer ali: Alicia é e sempre vai ser a boa esposa, seja para proteger o pai de seus filhos, seja para proteger o que é seu ou o que acredita (o tal “defender seu cliente com extremo zelo”). Mas eles podiam retratar isso de outra forma, que não criando uma situação que poderia muito bem ser o mote de desenvolvimento de uma nova temporada – as consequências do que ela fez com Diane – em vez de jogar isso no último episódio. As contendas dela com Diane já haviam sido mais do que exploradas quando ela deixou o escritório e montou o seu e isso já era algo superado.

A forma como isso foi feito – nos minutos finais do episódio – trouxe uma sensação de que foi extremamente mal planejado e inserido de última hora para criar um drama e fazer com que Diane desse nela o tapa que ela deu em Peter lá no piloto, naquele mesmo corredor de acesso ao palanque. Na jornada de Alicia, ela segue sendo a “boa esposa”, mas aprendeu a se colocar em primeiro lugar, como foi representado pelo momento em que ela deixa Peter ainda nos holofotes para perseguir o vislumbre de Jason. Mas ao mesmo tempo Alicia foi transformada numa advogada cuzona, antiprofissional, antiética e que não sabe sopesar entre ferir a amiga e sócia ou proteger o ex-marido corrupto a todo e qualquer custo.

Ficou forçado, soou desnecessário, especialmente na conjuntura daquele julgamento. Se os King queriam estabelecer que Alicia se manteve fiel ao título da série e é uma pessoa com falhas como qualquer outra, tinham diversas formas de fazer isso. Atropelar sete anos de construção de personagens para jogar isso nos minutos finais de um episódio que sequer gastou tempo para tratar com o mínimo de nostalgia e reverência todos os seus anos de história, é um desperdício que não faz jus aos anos de excelência da própria produção. Uma pena, pois The Good Wife já foi capaz de trazer episódios memoráveis como o Dramatics, Your Honor e o Hitting the Fan.

Esse 7×22: End, certamente não foi um deles.

2stars

36 comments

  1. triste com o final de the good wife. esperava algo melhor. não sei se considero essa transformação da alicia uma evolução. acho que o tapa da diane foi mais que merecido.
    de qualquer forma, the good wife será sempre uma excelente série para assistir até sua 5ª temporada.

  2. Eu nao esperava nada mais, nada menos do que vimos, ja que pelo andar da coisas, ja estava prevendo esse final sem graça. Diferente de vc, acho que vale a pena assistir ela, ate sua 4 temporada, que foi aonde vimos os melhores momento da serie.

  3. Demorei um bom tempo pra assistir, fiquei enrolando os ultimos 4 episódios já com medo do que ia acontecer, mas não imaginei que fosse ser tão ruim.
    É sério, não esperava um final “felizes para sempre” para todos os personagens, mas sei lá, acho que se perderam quando quando dispensaram o ator Matthew Goode.
    Ele chegou mansinho, ganhou espaço, me fez meio que relaxar e sim, achei que ele fosse um bom substituto pro Will, mas do nada ele sai da série.
    Achei que Kailnda poderia ter saído por outros motivos, antes, se fosse o caso dela sair mesmo, mas do jeito que ocorreu ficou chato.
    Isso sem contar o desaparecimento da Robin!! Céus, ainda estou procurando a personagem!!
    Como a materia mesmo diz, a série perdeu bons atores, perdeu muita coisa além da dignidade da Alicia, merecidamente esmagada pelo tapa de Diane, mas não adianta chorar o leite derramado.

  4. Nossa, agora q vc falou que acabei lembrando. O que foi feito do Matthew Goode? Nem lembro qdo e pq ele saiu. Qdo ele apareceu tbm pensei que acabaria ficando com a Alicia. Acho que fariam um lindo casal.
    E a Robin? Nem lembrava dela, qdo e pq saiu. =S
    E estava na mesma que vc. Fiquei enrolando para assistir os 4 últimos eps., só hoje 23 de junho que fui ver.
    Acabei de assistir ao último ep. e fiquei tipo: What?! =O

  5. Então, entre a Alicia e o Finn( personagem do Matthew) surgiu aquele climaaa e até conversaram sobre abrir uma empresa e estava tudo indo as mil maravilhas ( mas entre olhares e conversas apenas ) até que Alicia decide se arriscar e ele responde que vai tentar se reconciliar com a esposa dele, que não pode ser sócio dela, enfim, ele derrama aquele balde de água fria.
    Nossa, fiquei passada com isso pois foi a partir daí que tudo desandou.
    Sei lá, se ele tivesse dito que não queria nada porque ela era casada, se ela estivesse disposta a tentar algo mas citasse o divorcio mesmo que futuramente, mas nem isso.
    Acho que é isso que me deixa chateada em TGW, a série teve bons personagens, possíveis desfechos maravilhosos e acaba assim?!
    Imagina se eles comentam que se ela um dia se divorciasse poderia acontecer algo e de repente no fim da série ao invés dela ficar relembrando o Will ( tá, foi bom ver ele , mas quem vive de passado é museu ) e correr atras de um fantasma do Jason ela avistasse o Finn?!
    Já a Robin foi pior, a temporada passada acabou e ela não voltou nessa. Sem explicações, sem nada mais.
    Ainda tô tentando digerir isso tudo.

  6. Há coisas que simplesmente terminam e não precisam maiores emoções…Foi essencial tudo que se desenvolveu em toda a série.

  7. achei muito boa a análise. Para mim, entendi que jason se foi, e a sociedade com a diane ruiu, adorei ver o will mais foi muito will. acho que precisavam ter trazindo a kalinda nesse ultimo episódio, ela que foi fundamental na construcao da personagem da alicia.

  8. Nossa, acompanhei a série desde o primeiro episódio, sempre fui fã, grandes emoções. Mas o último capítulo foi decepcionante. O texto retrata bem o que senti. Não pareceu um capítulo final. Tudo muito vago, uma Alicia depreciada. Total decepção depois de 7 anos.

  9. A série não foi cancelada. Desde o começo os roteiristas tinham a ideia de fazer sete temporadas para The Good Wife e eles explicaram isso. Na 1º temporada o nome de todos os episódios tem apenas uma palavra, na segunda duas, e assim sucessivamente até chegar na quinta temporada quando eles começaram a retroceder novamente com 3 palavras, 2 palavras na sexta temporada e novamente uma palavra na última. A ideia sempre foram 7 temporadas.

    Quanto ao final, eu vejo de forma diferente da sua: no começo da série a Alicia sempre era a vítima, sempre era a perseguida etc. Na minha opinião, o que eles quiseram mostrar no final foi que ela cansou de se importar com outros e de vítima, passou a ser a vitimizadora. O tapa que a Diane dá no rosto dela demonstra claramente a inversão de papéis. No início a Alicia agride porque ela está sendo prejudicada, no final ela é agredida porque aprendeu a prejudicar.

  10. A “volta” de Will foi emocionante, mas concordo que houve excesso de “aparições”. Ainda sobre o Will, confesso que chorei quando Eli conta para Alicia sobre o telefonema em que ele se declarava. Nada mais triste no mundo do que não podermos expressar um sentimento ou reverter uma situação porque a pessoa morreu. Desde o início sabemos que a “wife” não era tão “good” assim, mas certamente ela acaba a série mais dura, mais cínica, mais manipuladora do que começou. Um pequena alegria nos minutos finais foi ela ter soltado a mão do (ex)marido no fim da entrevista. Sim, a série merecia um encerramento melhor, mesmo assim ficarei com síndrome de abstinência!

  11. Discordo totalmente do ponto da autora com relação ao tapa. Ela começa a série dando um tapa no marido por ser mau caráter e atitudes ruins, e termina a série recebendo um, não por seu bom comportamento como esposa, e sim por ter tornado-se demasiadamente parecida com Peter. É como se eles fossem um casal perfeito agora.

  12. Exatamente! Eu acho que o tapa que ela recebeu no final foi bem mal interpretado.

  13. Apesar de eu nunca ter gostado do Peter, queria que ela desse um pé na bunda do Jason e apoiasse ele novamente na frente da imprensa. Mas dessa vez com prazer em fazer isso, por escolha dela, e sorrindo ainda. Ela passou tantos anos vivenciando política e ao lado de um marido que estava constantemente envolvido com escândalos políticos, que é como se ela mesmo tivesse absorvido um pouco dessa característica. Eles se tornaram, de certa forma, um casal perfeito.

  14. Os autores construíram uma personagem guerreira e com a morte da Will perderam a mão. A condução de uma mulher inteligente mas cegamente atrelada ao ex marido foi estúpida. Não houve coerência entre a nova mulher que estava surgindo com o final. Foi um final burro e sem sentido, na minha opinião!

  15. Eu acho que o tapa foi mais do que merecido e a melhor coisa que poderia ter acontecido a Alicia. Essa personagem nunca teve um pingo de carater. Fingiu perdoar o marido e refazer o casamento enquanto transava escondida com o socio. Depois, mesmo após Wil transormar ela em Named Partner, ela o traiu, saiu, montou sua propria empresa, roubou seus clientes e até mesmo os dados sobre os clientes nos computadores, tudo isso sorrindo para o seu “amado” Wil. Perdi as contas de quantas vezes ela traiu o Cary. Sempre ela sacaneava ele para se dar bem na firma. Fez isso até o final, incluisve mentindo quando Diane a convidou para uma firma só de mulheres o que o levou a pedir demissão. Nunca perdoou Kalinda e sempre a tratava mal, mesmo ela sendo sua melhor amiga o tempo todo. Quando Kalinda saiu com Peter elas nem se conheciam. Alicia sempre tratou mal Eli Gold e sempre fez de tudo para prejudicar a carreira de Peter. Prometeu a Eli que não daria entrevista dizendo não acreditar em Deus, mas na hora H disse que não acreditava. Toda vez que ele aparecia ela tratava ele mal e fazia tudo ao contrario do que ele pedia. Quano Wil morrer, ela deu um pe na bunda do Peter, sem mais nem menos sem justificativa. Nunca cuidou bem dos seus filhos. Abandonou Zack a propria sorte quando ele usou drogas e nunca respeitou as escolhas da sua filha. Traiu diversas vezes Diane, e até mesmo não se importou quando ao chegar na firma ganhou um escritorio e sua antiga socia ficou em um cubiculo. A verdade é que assim como Peter, Alicia nunca teve um pingo de carater. Sempre se mostrava extremamente moralista mas suas atitudes não correspondiam a isso. Era hipocrita. Bebia demais e se importava mais com sexo do que com sua familia. Eu AMEI esse tapa. Ate porque, Alicia na ultima temporada estava extremamente chata, ranzinza e amargurada. Quem merecia se dar bem era o Kery que nunca a decepcionou e mesmo nos piores momentos tinha sempre um sorriso no rosto. Queria um Spin off com Eli Gold e sua filha. Adoro os dois.

  16. Amei a série e achei o final perfeito! Não consigo imaginar outro desfecho, porém merecíamos uma explicação quanto ao desaparecimento da Robin :(

  17. Essa serie, não pode ter acabado … ainda temos muito pano pra manga nesta serie, eu acho que essa pausa é estratégica, pois, agora é que começaria o verdadeiro enredo da serie. Se os autores estão cansados ou buscando inspiração, passem a bola pra mim …. Já tenho na cabeça projeções pra mais de uma temporada.

  18. Genteee… sinceramente o autor dessa crítica me representou muito bem. Sempre fui muito fã de TGW e esperava um pouco mais desse final, talvez seja aquela velha expectativa exagerada de quem admira algo. É engraçado como nos apegamos aos personagens. Ainda me lembro quando Will morreu, nooosssa foi tão drástico, muito emocionante e triste. Parecia vida real.Quando surgiu Jason vi uma nova oportunidade de Alicia viver sua felicidade e esquecer de tudo e todos. Sinceramente eu torcia por ela e Jason, na verdade achei que ela adiou demais esse divórcio. N sei se na vida real a mulher aguentaria toda a pressão psicologica, mesmo após se mostrar independente e forte. Enfim…. no fim essa série me trouxe muitos questionamentos sobre principalmente o papel que a mulher assume perante a sociedade e perante seus próprios desejos e sua felicidade em si. Alicia sempre foi muito cobrada e nunca quis “fraquejar” nessa missão. Mas no fim vou sentir muita saudades dessa personagem. Ah…. e kalinda? Gente do céu outra perda imensurável. Super fã dessa atriz que se mostrou de muita personalidade e competência. Vou ficar na saudade. :(

  19. Pior que uma atriz inexpressiva foi ver a ro temporada o cabelo de Alicia ficando de feio a horrível,a história é boa mas a atriz não fez jus ao personagen. Amélia a bofetada que recebeu de Diane ,mostrando o que Alícia é e sempre foi ,capachos do marido ,passando por cima de QQ um. Pra conseguir seus objetivos tbm a idéiai que Alicia não tinha mais uma sócia e seu futuro estava de novo na estaca zero

  20. Mais uma série para não voltar a assistir. Depois da decepção com o fim de Lost, achei que nada mais poderia me deixar tão decepcionado. Ledo engano. Nem vou comentar os sumiços de personagens, mas o desfecho foi mal acabado, sugerindo que ela continuaria sendo o que sempre foi. Não recomendo a ninguém assistir, pois você se apega nas 5 temporadas para sofrer uma decepção com as duas últimas. Uma lástima. Estou decepcionado com the good wife.

  21. pois eu mario, amei esta parte de ela faser sexo, nao traiu pois estava separada , e ate tentou pelos filhos mas ele num ca seria fiel.

  22. Nossa só eu achava que teria continuação? Af. Realmente depois que Alicia traiu o Will abrindo uma nova firma eu fiquei meio assim: What? E depois a morte dele acabou cm tudo.
    Depois qd Kalinda se foi..
    Alicia se tornou o mal caráter que ela sempre odiou..
    Will foi o melhor personagem ? que saudade!

  23. Pois eu achei o final genial. Foi o ápice de uma grande evolução da personagem. De alguém que colocava marido e filhos na frente de tudo, inclusive de si mesma, para uma pessoa que passou a se colocar na frente de tudo, custe o que custar. É o meio moldando o ser humano, conforme suas circunstâncias. O final foi resultado da transformação psicológica de Alice. Ela leva um tapa e, no instante seguinte, engole o choro e se recompõe, como se nada tivesse acontecido. Atitude que só se alcança com a maturidade, com várias cicatrizes, e uma boa dose de cinismo.

  24. O final é a vida real, não necessariamente “happily ever after”. Preferia que fosse outro mas é assim que acontece . Repensando a série : espetacular mas hoje percebo que os personagens ( reais , sim) não eram os modelos perfeitos que gostaríamos de ver. Corruptos, interesseiros, ambiciosos, workaholics ( ninguém tinha outra vida ? Ficavam até de noite no escritório ou então no bar dos advogados ) , desleais etc etc . Para mim foi muito bom .

  25. Concordo com vc. Esse final foi muito decepcionante. Ne verdade esperava muito mais historias sobre a boa esposa que um dia decidiu olhar pra si mesma e deviam dar continuaçao pra mostrar no que ela conseguiu se transformar. Com esse fim so fica evidente muito sofrimento. Nao acredito em lutas sem causas…. E pra causa ter efeito deviam ter investido num desfecho melhor…. A sensação que tenho é que perdi meu tempo esperando por algo bem melhor…. REALMENTE DECEPCIONADA ….

  26. O seu comentário reflete a cobrança que as mulheres passam diariamente, de serem boas mães, boas esposas, se dedicarem totalmente à família, sem exigir nada em troca, sem atenderem as suas próprias demandas enquanto seres humanos. E mesmo assim nunca será suficiente. E a série trata exatamente disso. Uma mulher que tentava corresponder a essa expectativa totalmente irreal e injusta, e foi aos poucos se libertando, e vendo que seus anseios e expectativas também eram genuínos e importantes. E aprendeu a não se calar mais.
    Alicia largou sua vida profissional pra viver em casa, cuidando da família e se realizando à sombra do marido. Era uma esposa e uma mãe dedicada: tudo o que a “sociedade” esperava dela. Mesmo assim, seu marido a humilha de forma profunda, quando se envolve com escândalos políticos, e a trai por diversas vezes com prostitutas. Mas a sua acusação de falta de caráter é para ela, que “não perdoou”. Ora, só esse fato já seria um motivo muito mais que justo ( e não que ela precisasse de um) para virar as costas para esse marido. Mesmo assim, pelo ideal do casamento (que tem que ser pra sempre – enquanto a mulher se comportar, claro, pq homem dificilmente perdoaria um comportamento similar de uma mulher) ela decide TENTAR perdoar e refazer o seu casamento. Quando o marido está no fundo do poço, preso, é ela quem recolhe todos os seus cacos, engole o resto de orgulho que ainda lhe resta, e vai visitá-lo. Quando sai da prisão, o aceita de volta em sua casa.
    Quando o mundo todo faz fofoca e ri de sua situação, mesmo ela não tendo feito NADA de errado, é o Will, um antigo amor, que lhe estende a mão. Enquanto seu marido foi o responsável por jogá-lá na lama, é o Will o responsável por ajudá-lá a levantar. É óbvio que isso iria mexer com seus pensamentos e sentimentos: “apesar” de ser mulher, ela ainda é um ser humano. E seus sentimentos não são levianos. Tanto que a série demora 3 temporadas mostrando a construção desse sentimento, sem que ela “saia da linha”, mesmo com seu marido corrupto e traidor. Ela evita seus sentimentos e evita o Will. E só aceita ter algo com ele quando está separada de seu marido, e a situação entre os dois bem esclarecida. Mas mesmo assim ela é acusada aqui de “trair seu marido”.
    Depois ela encerra seu caso com o Will, mesmo o amando e se sentindo valorizada e respeitada por ele como seu marido não a fazia sentir, em nome novamente da familia: havia culpa, pelo casamento, pelo marido, pelos filhos. E ela abre mão de seu amor para tentar, mais uma vez, fazer dar certo. A saída dela da empresa para abrir uma nova não foi por ambição. Talvez você não tenha percebido na série, mas ela faz isso porque sabe que enquanto estiver perto do Will, ou enquanto ele a amar, não vai conseguir salvar esse casamento decadente. Ela foi convidada a ser sócia majoritária, junto de Will e Diane. Não havia nada que ela pudesse conquistar na nova empresa que já não teria garantido na atual. E mesmo assim ela vai, mais uma vez sacrificando seu amor e sua carreira pelo seu casamento. Seu objetivo é conquistar o ódio de Will, e ela consegue, e ela sofre por isso.
    Sobre o perdoar a Kalinda: não acho que ela tivesse nenhum tipo de obrigação moral de perdoar sua melhor amiga por transar com seu marido, e esconder isso dela. Novamente, Alicia é uma pessoa, tem sentimentos, e não é uma santa (apesar de ser mulher, e a expectativa ser de que ela fosse santa, assim como todas as mulheres carregam esse peso). Mas mesmo assim no decorrer da série ela vai trabalhando isso, e mais uma vez engole seu orgulho e consegue reconstruir a relação com Kalinda, mas obviamente não da mesma forma que era antes.Inclusive, ela poderia ter entregado Kalinda pro Bishop pra salvar a própria pele, mas não o faz.
    Sobre atrapalhar o trabalho de Eli e a carreira do Peter: Eles queriam constantemente expor as crianças pra conseguir comoção da mídia, conseguir votos, conseguir bons olhares. E ela agia com o uma leoa, defendendo seus filhos, hospedagem dessa exposição ridícula que Eli e Peter, o próprio pai, queria submeter seus filhos. Mas ela nunca rejeitava suas próprias aparições, mesmo fazendo o papel humilhante de “esposa traída que apóia o marido arrependido”. E mesmo assim, olha que engraçado, vc a culpa de ser uma mãe ruim, mas não culpa o Peter de ser um pai ruim. Sobre o episódio de ela dizer que não a repita em Deus, veja que engraçado: se ela dissesse que acredita, certamente seria taxada de mentirosa e dissimulada. Como ela falou a verdade, você também acha que ela está errada.
    Quando o Will morreu, ela não largou o Peter sem mais nem menos. Esse, pra mim, foi o momento mais intenso e mais bem explorado da série. Ela sofreu. Ela sofreu muito. Porque foi aí que ela perdeu tudo de bom que ela ainda tinha: a esperança de ser amada de verdade um dia. E a pessoa que mais a apoiou e entendeu seu martírio foi justamente sua então inimiga: Diane (não por coincidência, outra mulher, porque os homens tendem a minimizar e desvalorizar sentimentos femininos). Enquanto isso, Peter achou que tinha algum direito de cobrar que ela estivesse bem, e que poderia se chatear por ela ter ficado tão abalada com a morte do homem que ela amava, e com a morte de tudo o que ela desejava. E foi nesse momento que ela finalmente percebeu que estava abrindo mão de todos os seus desejos por um casamento falido, por um homem corrupto, mentiroso, traidor, egoísta, que só pensa em si mesmo, incapaz até mesmo de respeitar seu luto e seus sentimentos. E, finalmente, resolve se livrar da proximidade tóxica desse homem. Resolve pensar no que ela quer primeiro, em vez de continuar colocando os anseios de Peter em primeiro lugar. Mas mesmo assim faz um favor a ele: não se divorciaria pra não prejudicar sua carreira política (que aqui já era super dependente dela) , mas cada um teria sua vida e sua liberdade pra fazer o que quisesse com quem bem entendesse.
    Sobre suas práticas profissionais (defender Bishop e outros clientes de caráter duvidoso): ela sempre expôs suas dúvidas se isso seria realmente ético. E durante a série também mostra seu crescimento e amadurecimento enquanto advogada: a ética e moral não é algo fixo, e ela aprende a “surfar” nas brechas da lei, sem nunca sair dela, para me,hora representar seu cliente (esse é o papel do advogado). Mas ela nunca aceitou fazer nada fora da lei. Ela nunca cometeu perjúrio. Nunca aceitou trabalhar pro Canning, mesmo que isso representasse ganhar mais. Nunca usou de informações confidenciais às quais ela tinha acesso para se beneficiar. Inclusive, nunca aceitou que houvesse nada de errado na sua campanha pra procuradoria do estado, e mesmo assim Peter, não respeitando sua vontade e a tratando como um joguete, compra votos e acaba por sabotar sem querer sua candidatura e manchando seu nome (fazendo com que ela novamente fosse humilhada publicamente). Detalhe: ele tinha lhe prometido que, assim como não iria mais trair, também não iria mais fazer nenhum ato ilegal. E fez.
    Sobre beber demais e gostar de sexo: primeiro, em 7 temporadas, ela faz sexo com 3 ou 4 homens. Sendo que um deles é seu marido. E sempre que “faz sexo” (como se isso fosse um pecado pras mulheres) são em horários que seus filhos ou estão na escola, ou na casa do pai. Não vejo realmente onde ela deixou a desejar em relação aos filhos. Todos os homens principais da série tiveram mais parceiros sexuais que ela no mesmo período. E sobre beber: sim, ela gostava de beber. Era sua válvula de escape pra ter que lidar com tanta pressão e humilhacao: criar seus filhos em meio ao caos que seu marido instaurou em suas vidas, conciliar isso com seu trabalho muitas vezes estressante, lidar com as constantes dúvidas em relação à sua vida pessoal, manutenção de um casamento falido, etc.

    Acheio maravilhosa a forma como a série mostrou a cobrança que as mulheres sentem em relação ao casamento: como se fosse responsabilidade somente delas manter esse compromisso. Peter destruiu de todas as formas a confiança que Alicia tinha nele, desprezou todo o sacrifício que ela fazia pela família (sacrificou sua carreira pra viver à sombra dele) e mesmo assim a responsabilidade de recolher os cacos e reconstruir esse casamento cabia a ela. E era ela que se sentia fracassada pelo fracasso do casamento. Ela que tinha a responsabilidade de refazer tudo o que seu marido, por egoísmo e ganância , destruiu.
    Achei lindo o crescimento e empoderamento que ela vai adquirindo durante a série. Quando ela vai deixando de se preocupar em atender às expectativas alheias, e começa a ouvir suas próprias expectativas. E se aceita como humana: com dúvidas, medos, imperfeições.

    Acheis o tapa na cara muito simbólico:
    Peter, homem, levou um tapa na cara no início por ser corrupto, sair com prostitutas, expor sua esposa e sua família boa e dedicada a uma humilhação monstruosa.
    Alicia, mulher, levou um tapa na cara no final por cansar de baixar a cabeça para tudo e assumir o controle de sua própria vida.

    Como se fossem delitos correspondentes – e são, ainda.q

  27. Exatamente! As duas últimas temporadas deixaram a desejar mesmo. Sem kalin da perdeu muito do charme e depois sumiços de personagens chave deixaram tudo muito triste. Fiquei frustradaça

  28. também não gostei do final, também não vou sentir saudades como senti de Breaking bad, mas o tapa da Diane, eu entendi que foi pelo fato de ela ter exposto o Curt pra proteger e tentar livrar o Peter da condenação a qualquer custo.
    Sobre o Jason e sobre ela ter largado a mão do Peter, eu tive a impressão que ela fez isso tarde e assim como fez com o Will perdeu a oportunidade de viver um amor mais leve, sem pressão.
    Nada bom o último capítulo, não gostei.
    Tem razão o vinland, depois da 4º temporada, não foi tão legal.
    Dicas??? alguém tem dicas de boas séries?

  29. Ana, eu interpretei o tapa da Diane como sendo uma coisa somente referente ao depoimento do Curt porque a final de contas quando ela deixou a Lockhart Gardner, a Diane já tinha a ciência dessa mudança de vitimização que trouxe ela pra empresa e já sabia do que ela era capaz, mesmo assim passou por cima de tudo pra ter o prestígio que a Alicia trazia para a firma, então ao meu ver o tapa foi porque a Alicia era a good wife pro Peter mesmo que isso causasse um processo por perjúrio para o esposo da sócia dela.

  30. sim, verdade! isso ia ser um final ótimo, eles se tornando o casal perfeito, acho que fazia muito mais sentido do que ela ficar perdida atrás do Jason que na minha opinião já tinha ido.

  31. Foi claro que o Will saiu da série porque já tava de saco cheio de gravar o mesmo papel, assim como o Hank Schrader, deve ter pedido pra sair

  32. Suits, guerra dos tronos, havia duas series brutais mas agora não me vem à memória. serie do mesmo genero mas com enredo mais leve e divertido, não deixa de ser bem real por mais que não pareça.

  33. Bruno uma excelente critica à serie, mas na minha opiniao o estalo que Alicia levou foi a melhor coisa do ultimo episódio!!! Pelo enredo real na inversão dos papeis entre Alicia e Diane no que respeita aos valores na tomada de decisão. E tinha que terminar com o feminismo cada vez mais afirmado na sociedade, naturalmente até comparado com o caso da Hilary Clinton que serviu de base para retratar parte da toda a história da serie. Tanto que a Hilary ganhou ao Trump no numero de votos no EUA.
    Não deixa de considerar a tal afirmação da super mulher, retratada nos ultimos anos em muitas series, para equidade entre generos.
    E como dizes não foi um final arrebatador mas também não foi um final dramaticamente triste nem um final onde tudo parece o paraíso!!
    Um final bom-

  34. Santi que perdi tempo precioso da minha vida assistindo essa série. Começando de maneira fantastica e terminando ridiculamente. Que fiasco. Completamente decepcionada com os criadores dessa série. Desapontada!

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