quinta-feira, março 28 2024

dorina

Se você está lendo este texto com seus olhos, provavelmente não sabe das dificuldades que os deficientes visuais passam todos os dias de suas vidas nesta condição e muito menos o que precisou ser feito para que eles tivessem o mínimo de inclusão social e educacional em nossa sociedade. Dorina Nowill perdeu a visão aos 17 anos. Porém, o desejo dela em realizar ações em prol das pessoas cegas ou com baixa visão superou qualquer adversidade e a incentivaram a buscar os direitos e melhoria de vida deles. Ela é o tema de Dorina – Olhar para o Mundo, o primeiro documentário brasileiro produzido pelo grupo HBO, que estreia hoje às 23h no canal MAX.

A tocante produção da parceria entre Girafa Filmes, Dezenove Som e Imagem e Mil Folhas conta a história dessa pioneira na luta pela educação e inclusão das pessoas com deficiência visual no Brasil e no mundo. Assista ao trailer:

Dorina-Doe

A convite da HBO visitei a Fundação Dorina em São Paulo, a antiga Fundação para o Livro do Cego no Brasil, que trouxe a primeira imprensa em braille ao país para que deficientes visuais tivessem acesso à educação. Mas mais do que uma gráfica, o que vi foi que a Fundação Dorina é um verdadeiro centro de convivência social do deficiente visual, com atendimento ao público, biblioteca, estúdio de gravação para áudio livros e até mesmo um centro de reabilitação, onde pessoas que perderam a visão podem reaprender realizar tarefas domésticas simples como passar roupa e cozinhar – algo que sem o auxílio da visão pode ser muito perigoso.

Veja as fotos da Fundação (clique para ampliar):

No documentário é possível ver todo o esforço que Dorina Nowill teve ao longo da vida, seja para trazer por sua conta e com ajuda de doações as novas tecnologias de acessibilidade para cegos, seja também para forçar a criação de leis de inclusão, como a que obriga escolas a aceitar alunos cegos (algo que não ocorria antes dos anos 50), a Lei da Calçada Tátil e até mesmo a que obriga restaurantes a terem um cardápio em braille. “A gente também pode escolher um prato pelo preço sem ninguém precisar ficar sabendo”, diz uma das personagens do filme.

dorinanowill

Dorina Nowill conquistou importantes avanços nos âmbitos da educação, saúde e trabalho para as pessoas com deficiência visual, como também foi presidente do Conselho Mundial dos Cegos e discursou na Assembleia Geral da ONU em 1981. Ela faleceu em 2010, aos 91 anos, deixando um vasto legado de inclusão que merece ser conhecido e admirado.

O projeto do documentário foi idealizado pela neta de Dorina, a atriz Martha Nowill, e levou cerca de um ano e meio para ser realizado. Entre os entrevistados estão a família Nowill, integrantes da Fundação Dorina, pessoas que tiveram a oportunidade de trabalhar e estudar com ela e o cartunista Mauricio de Sousa, que criou a personagem Dorinha, também deficiente visual, em sua homenagem.

Dorina – Olhar Para o Mundo tem direção de Lina Chamie, que também assina o roteiro junto a Martha Nowill. Após a estreia na televisão, o conteúdo também estará disponível gratuitamente na aba Experimente da plataforma HBO GO (www.hbogo.com.br) e no HBO On Demand por meio do NOW na pasta Programas de TV > HBO.

martinhanowill

1 comment

  1. Só é uma pena que tenham escondido propositalmente a existência de uma das filhas, a Denise, que é uma pessoa com deficiência e que não aparece no documentário, segundo a própria Martha Nowill, porque “ficaria triste” e por questões “estéticas”.

    Enquanto o filme trata de uma mulher espetácular que dedicou a vida à inclusão, todos os filhos da dona Dorina aparecem no documentário, menos a Denise.

    Contrassenso nos olhos dos outros é refresco.

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