quinta-feira, março 28 2024

O impacto e a relevância de uma obra audiovisual pode e deve ser medida tanto pela forma quanto pelo conteúdo que apresenta e as reflexões que desperta. Nesse sentido, 13 Reasons Why, nova série da Netflix que estreia no dia 31 de março, é um dos raros casos de casamento harmonioso desses elementos. Inspirada no livro homônimo de Jay Asher, a série narra a história de Hannah Baker, uma adolescente que conta, através de gravações feitas em fitas cassete encaminhadas a seus colegas de escola, 13 motivos que a levaram a tirar a própria vida. Um dos receptores dessas fitas e co-protagonista da história é Clay Jensen, um garoto que, abalado pela morte de Hannah (de quem era colega e por quem nutria interesse), tenta entender seu papel naquela tragédia ao passo em que mergulha numa jornada de descobertas que revelam os diversos segredos e conflitos de todos os citados nas gravações.

Tematicamente pesada, é verdade, 13 Reasons Why trata muito bem os assuntos que propõe e explora (bullying, machismo, assédio sexual e moral, as dificuldades da comunicação entre pais e filhos etc.) de maneira delicada, intrigante e sempre contundente. Criada para a televisão pelo ainda desconhecido Brian Yorkey e com produção executiva da atriz e cantora Selena Gomez, a série prende desde seus primeiros minutos graças à decupagem cuidadosa e elaborada de cada um de seus episódios que, mesclando presente e passado à medida em que Clay avança nas revelações apontadas por Hannah, estabelece uma narrativa capaz não só de colocar o espectador como parte daquela jornada, mas também de criar empatia através das ações e reações da adolescente e alguns dos demais personagens. Além disso, ao contar ainda com um design de produção e uma fotografia marcante que impõe cores fortes e quentes aos flashbacks em contraste ao cinza e às sombras dos eventos do presente (onde o peso da morte de Hannah se impõe sobre quase todos), a série cria uma atmosfera fluida e distinta de tons e humores que refletem com exatidão o momento de cada um daqueles personagens na história.

Formada por um elenco quase inteiramente desconhecido (com exceção de Kate Walsh e Brian d’Arcy James que fazem os pais da protagonista, bem como Dylan Minnette, de LOST), 13 Reasons Why tem nos bons coadjuvantes (com destaque para Alisha Boe, como Jessica) e nas atuações seguras da novata e surpreendente Katherine Langford algumas de suas grandes forças e atrações. Assim, enquanto Langford faz de Hannah uma garota afável, simpática e segura que vai se transformando e se fechando física e emocionalmente ao ser vitimada por boatos e uma série de acontecimentos traumáticos na escola, Minnette confere a Clay a ingenuidade e as dúvidas comuns da idade que contudo vão se diluindo ao passo em que reage e amadurece frente às duras verdades que descobre através das fitas deixadas por Hannah.

Bem sucedida na maneira como trata de forma adulta temas tão espinhosos do conflituoso universo adolescente, 13 Reasons Why poderia se beneficiar se tivesse episódios mais curtos (cada um deles tem, em média, 55 minutos), mas nem isso diminui a força da mensagem e tampouco impede a série de tornar-se absolutamente relevante. Afinal, ao fazer ao longo de seus 13 capítulos um importante alerta sobre os perigos do bullying, do assédio (e tudo que acaba derivando deles como violência física e moral) e da negligência por vezes inconsciente de pais, professores e afins aos sinais que filhos e alunos dão, a série joga luz sobre uma fase da vida em que as muitas incertezas e a dificuldade de comunicação tão comuns à maioria dos jovens, acabam transformando-os em alvos fáceis e vítimas em potencial.

E é por essa conjunção de fatores, que ao dar vida para a história de Hannah Baker, Clay Jensen e cia, a Netflix apresenta nessa adaptação literária uma de suas melhores séries e, sem dúvida, tem em 13 Reasons Why sua produção mais relevante tematicamente até aqui. 

O drama estreia nesta sexta, 31 de março, em todos os territórios onde a empresa opera.


A série discute e exibe temas e imagens fortes que podem perturbar algumas pessoas. Quem tem histórico de depressão ou algum distúrbio psicológico deve assistir com ressalvas ou sob a supervisão, especialmente nos episódios mais gráficos. Precisando de ajuda, acesse www.cvv.org.br ou ligue 141 e procure ajuda.

21 comments

  1. Essa critica aumentou em 10 minha ansiedade pra assistir essa série.
    Adorei.

  2. Quero ver desde que li a sinopse nem lembro onde. A cada comentário a vontade de ver logo aumenta, com uma crítica dessas então, SÓ VEM!

  3. Que bom! Pelo visto a adaptação conseguiu “salvar”, tirar algo produtivo, d’o material original, que é bem fraco. A história do livro, obviamente a mesma proposta da série, não se vende muito bem, a “protagonista” não consegue conquistar numa leitura e análise crítica, os leitores; não consegue cativar. A jornada do livro começa instigante, criando uma ótima atmosfera de suspense, mas com o andar da história as fraquezas começam a aparecer: “motivações” fracas, não há 13 porquês, mas a “protagonista” insiste em buscar culpados para seus problemas, como se o suicídio em si necessitasse de motivações específicas para acontecer (o que acaba por banalizar o tema/problema), além do mais, essas “motivações” são rasas, mal exploradas, assim como a própria Hannah, completamente superficial. A sensação que a história traz é de raiva, de empatia — pelo Clay, que mergulha coercitivamente (é obrigado) numa jornada em busca de significados, dos quais estaria envolvido, mas que no final das contas não se tornou um dos “porquês”, porque nunca foi, porque só foi coagido a todo o estresse pelo qual passou por capricho da protagonista, em mentir que ele seria um dos motivos de seu suicídio –, a raiva é da falha de construção da personagem pelo autor do livro. Uma história com um tema sério desses, acabou sendo banalizada no romance (livro), daí a esperança de que seja melhor explorada na adaptação. Não se trata de desvalorizar, ou desacreditar, ou minimizar o sofrimento de alguém, porém, é inaceitável que o “sofrimento” da Hannah (personagem do livro) tenha infligido tamanho pesar sobre o personagem do Clay (também do livro). Agora resta aguardar a série, e esperar que tenha dado maior complexidade à narrativa. Pela sua crítica, as minhas esperanças aumentaram!

  4. Sempre leio é umas das melhores da Netflix affff
    Por mim pode ser isso tudo
    Não me prende
    Aliás esta Netflix está MT teen

  5. Olha a série pode até ter características teen, mas sua mensagem está bem longe disso.

  6. Veja HBO um ex: Big Little Lies
    Tem crianças fofinhas
    Tem adolescência
    Tem casamentos
    Agora olha o drama envolvendo estas 3 esferas
    Isso não vejo Netflix fazer parecido
    Particularmente Netflix pra mim affff
    Bônus elenco estelar não só as 3 mulheres MT gente peso pesado
    Tudo com mensagem atual sem ficção

  7. Acabei de assistir tudo e a senhora netflix precisa apresentar um destino final dos personagens ??

  8. É uma série Linda em mensagem e como podemos mudar vidas atraves de nossas atitudes mas triste por causa dos acontecimentos ocorridos dentro da historia.

  9. Acabei de assistir a série é maravilhosa. Merece ? ? ???

  10. Crítica excelente! certeira e condizente com tudo que já vi da série. parabéns!

  11. Maratonei de ontem pra hj
    A série é peculiar em formato e proposta
    Estou elaborando um artigo acadêmico com a temática em suicídio suicídio o livro ja estava na minha bibliografia
    Fiquei hipnotizada com a proposta cênica
    Espetacular!!!!!

  12. Que série da porra! Nunca uma cena mexeu tanto comigo como a do suicídio, muito perturbador!

  13. Realmente perturbador, fiquei aterrorizada, também nunca havia visto uma cena que mexesse tanto comigo .

  14. vc já viu House of Cards? Designator Survivor?

  15. HC sim contudo larguei na 4T pq o próprio Criador argumentou se continuar e só por $$ a historia fechou

  16. Gosto da série mas acho que é muito enrolada! Podia ser mais resumida.

  17. Pois e, eu sair de BLL e fui ver essa 13, Malhação com toques góticos

  18. gostando muito, consegue prender a atençao, realmente poderia ter duraçao de uns 30 minutos

  19. Ridículo…Malhação com ares de “drama psicológico… se Você ” amou” Crepúsculo….

Deixe um comentário