sexta-feira, março 29 2024

[spoilers] Com o segundo episódio da terceira temporada de The Leftovers, Damon Lindelof e Tom Perrotta provaram que não estão aqui para brincar. Centrando o capítulo em Nora Durst e extraindo uma performance digna de Emmy para Carrie Coon, os roteiristas iniciaram a narrativa já na abertura da série, trocando o usual tema Let the Mystery Be pelo da série Perfect Strangers (Primo Cruzado).

O motivo? Indicar um crossover entre ficção e realidade que aconteceria no meio do capítulo, não antes de trazerem uma segunda referência – desta vez à banda Wu Tang Clan – ainda nos créditos iniciais. Esse é o tipo de indulgência que realizadores deste calibre adquiriram e que funcionam ao mesmo tempo como comentário metalinguístico e como exercício narrativo que faz jus ao momento da Peak TV que estamos vivendo, invariavelmente estabelecendo The Leftovers como um produto essencialmente diferente da pasteurização que tomou conta da TV desde o fim da última era de ouro.

Assim, é ao mesmo tempo ótimo e triste que estamos nos despedindo desta série e de cada um dos personagens aos poucos, com capítulos que aparentemente serão dedicados a cada um dos personagens. De cara, a série abre com uma das mais interessantes de todas: a mulher que, numa estatística quase impossível, perdeu 100% de sua família na Partida que levou apenas 2% do mundo.

É por isso, então, que Nora foi a escolhida por dar o pontapé dos eventos que desencadearão a temporada, logo após receber a misteriosa ligação do ator Mark Linn-Baker (interpretado pelo ator Mark Linn-Baker), da série Perfect Strangers, que prometia um reencontro com seus filhos desaparecidos.

Vivendo um constante conflito entre razão, esperança e descrença, Nora (e Carrie Coon) laça e sequestra este episódio em sua busca por respostas e certa redenção, numa performance arrebatadora (desculpe o trocadilho) tanto dentro e fora história. E se The Leftovers ainda faz mistério (em especial em suas cenas finais), a série claramente passa a responder várias perguntas (como o que aconteceu com Lilly e Erika, por exemplo) em um ritmo muito mais rápido e satisfatório que em suas temporadas anteriores (e, obviamente, que LOST), como se Lindelof estivesse clamando por um voto de confiança daqueles que ainda não se recuperaram de sua empreitada anterior.

Não, eu não sei como e por que aquelas ~bruxas do final fizeram o que fizeram com aquele policial australiano (que claramente não era Kevin Garvey), mas arrisco a me dizer que o Livro de Kevin vai rapidamente se tornar um best seller mundial. Sim, aquele era mais um flash forward, mas um não tão longínquo quanto o que vimos no primeiro episódio (a não ser que o pai de Kevin é uma espécie Richard Alpert, o que duvido). Um comentário sobre o fanatismo religioso, talvez? Talvez.

Certo é que o episódio foi uma master class televisiva sobre como contar uma grande história ao mesmo tempo em que empurra toda a série pra frente, justificando o deslocamento de personagens por meio mundo sem jamais soar forçado ou artificial. Nossa próxima parada é na terra down under, onde a loucura parece que vai começar de vez.

Com Don’t Be RidiculousThe Leftovers eleva o nível temático e narrativo, potencialmente estabelecendo a série como o projeto mais ambicioso que vimos na TV em muito tempo.

6 comments

  1. Acredito que a cena da Austrália se passe no presente, já que na tv o repórter afirma que faltam alguns dias para o 7º aniversário do “15/10”, que seria o 14/10 australiano.

  2. pq ninguém faz critica de Rectify
    esqueci não e da Netflix e nem HBO

  3. Pessoal me tirem uma dúvida pois talvez tenha esquecido algum detalhe da outra temporada. Por que todos os dias o Kevin coloca um saco plástico na cabeça tentando se matar?

  4. A partida mexeu com todos de uma forma ou de outra. A Nora pagava as pessoas pra atirarem nela, acho que na primeira temporada. O Kevin se asfixia. A Nora quebrou o próprio braço propositalmente. O pessoal tá meio louco embora aparentem para si mesmos que estão bem.

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