sexta-feira, março 29 2024
Foto: Divulgação/Netflix

Dois anos após a estreia da primeira temporada e com um especial de Natal para compensar a demora, Sense8 retornou na semana retrasada para seu segundo ano. Em vez de assistir tudo de uma vez, decidi ir com calma e conferir os episódios com mais espaço entre um e outro para poder processar melhor a complexa trama que Lana Wachowski separou para nós.

Tecnicamente superior à temporada de estreia, esta segunda retorna mostrando o apuro visual de sua realizadora e o cuidado absoluto com cada cena. Diretora, roteirista e montadora, Lana não poupou esforços para ampliar a dimensão da série, atingindo um status grandioso e raramente visto na TV. Apenas uma montagem no meio da temporada – que mostra uma volta ao mundo em cortes rápidos – deixa isso transparecer, fora as cenas que são ambientadas simultaneamente em várias partes do mundo quando os sensates se conectam e que estão muito mais elaboradas.

Se antes a série tratava em sua temática principal a empatia, agora ela procura responder a pergunta “quem somos?” através das 8 pessoas conectadas e que agora descobrem outros clusters. É a partir desta temporada, também, que a produção aprofundou em sua mitologia e começou a trazer explicações mais concretas sobre os mistérios apresentados em 2015. Assim, descobrimos que os sensates são uma espécie de evolução dos homo sapiens, designados como “homo sensorium”. Wachowski também explicou melhor a organização que caça os sensitivos, embora nunca tenha ficado claro quem é que realmente dá as cartas lá dentro.

Foto: Divulgação/Netflix

Eficiente em seu primeiro “terço”, ao focar no jogo de gato e rato entre Milton (Sussurros), Will e o cluster principal, a série infelizmente perde o ritmo da sua metade pra frente. Assim, ao mesmo tempo em que converge parte da narrativa no problema principal, ela diverge de várias maneiras apresentando histórias sem um arco dramático definido, praticamente empurrando muita coisa para uma eventual terceira temporada, que pode (e deveria) ser a última.

Sense8 ficou inchada demais, com tramas paralelas e desconexas demais entre si, muitas vezes apenas por estilo ou para forçar uma conexão desnecessária entre sensates para eles se ajudarem. Teve Capheus como político, Lito saindo do armário em São Paulo (aliás, cena maravilhosa), Kala e a investigação do marido, Will Gorsky drogado metade da temporada num colchão, Sun fugindo da polícia e perseguindo o irmão, e por aí vai. O sentimento muitas vezes era de que a série estava dando voltas apenas para preencher tempo em tela com episódios muito mais longos do que deveriam, muitas vezes com subtramas dispensáveis (como o pai de Will, o novo filme de Lito, a amiga de Sun, o passado de Jonas etc).

Há contudo que se notar as excelentes sequências de ação da série, superiores a todas as produções da Marvel na Netflix juntas e que salvaram diversos episódios da dispersão em que a série se mergulhou. Ainda assim, gostaria de ter visto um foco maior nesses 10 episódios, que no final pareceram 20 de tanta coisa que foi empacotada ali, inclusive a apresentação dos novos clusters, que restou prejudicada no final.

Foto: Divulgação/Netflix

Perdendo o impacto que causou na estreia, Sense8 fez uma temporada agridoce, com momentos muito bons diluídos em outros bem maçantes. Uma pena, pois poderíamos ter tido uma temporada mais coesa e menos dispersa (e preferencialmente menor). Tomara que a nova – que deve vir só em 2019 – encerre essa interessante história em alta.


6 comments

  1. Não entendi direito.
    Já viu muitas críticas de várias séries, mesmo aqui, reclamando da falta de desenvolvimento dos personagens, sempre focando numa história só, ou quando foca nesse desenvolvimento o faz pessimamente, vide TWD, mas aqui é totalmente o contrário:
    Segundo o texto, o problema da série É o desenvolvimento “excessivo” dos personagens?
    Deu pra entender que ela é sobre pessoas, sobre como a somatória das suas experiências o fazem mais fortes?
    Se deu, então Capheus como político, o novo filme do Lito (um arco muito mais sobre a aceitação consigo mesmo do que sobre o filme em si), e etc, podem ser consideradas “subtramas dispensáveis”???

  2. Em nenhum momento disse que o problema da série é desenvolvimento excessivo de personagens. Aliás, essa palavra usada em aspas sequer aparece no texto.

  3. Ótima crítica, como sempre. Concordo com tudo que colocou em seu texto.Infelizmente por causa dos fãs doidos que aceitam cegamente qualquer deslize, é bom ver alguém que consegue enxergar os problemas que tivemos nessa segunda temporada. Realmente espero que a próxima seja a última e que tenha o melhor das duas temporadas.

  4. “O sentimento muitas vezes era de que a série estava dando voltas apenas para preencher tempo em tela com episódios muito mais longos do que deveriam, muitas vezes com subtramas dispensáveis (como o pai de Will, o novo filme de Lito, a amiga de Sun, o passado de Jonas etc).”

    Nossa não mesmo.

    Tudo isso mostrou que apesar de serem Sensates, a vida deles não para, todos tiveram desenvolvimento individual.

    O passado do jonas é bem claro que ainda nem foi arranhado e será mostrado bem mais, o Lito procurar um novo filme foi essencial pra mostrar o que passa um Homossexual quando decide falar pro mundo quem é realmente.

    Só falta falar que todo o reconhecimento que a Nomi teve da família foi algo dispensável.

  5. todo trabalho vem da pessoa, sua vivencia
    dai vcs já sabem….
    parabéns
    pela coragem da critica
    desda 1ºT
    Eu li. Que parece boa mais não é
    Eu gosto das cenas de ação
    o resto… é resto ….

  6. Vi muitas críticas negativas da segunda temporada, mas, como espectador comum, achei ela massa demais! A história continua muito boa, as cenas de ação são bacanas, teve momentos emocionantes… enfim, todas as críticas falaram bastante que a série se perdeu, inchou, etc. mas, para mim, ela continua divertida, legal e me prendeu.

    Foi uma temporada incrível!

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