terça-feira, abril 16 2024

Por Davi Garcia

Uma espécie de The Sopranos dos anos 20. É essa a definição mais comum que se dá para Boardwalk Empire desde sua bem sucedida estreia em 2010. E quer saber? Não há mesmo nenhum exagero quando se compara as duas séries, porque ambas produções são realmente bem parecidas quando colocam crime organizado, família, moral etc. na mesma mistura. O que muda mesmo, além do aspecto político que inexistia em The Sopranos, é o glamour que se confere à história, já que, ocorrendo no início do século passado, Boardwalk Empire se vale de uma caracterização mais apurada não só no figurino (uma demanda óbvia, claro), mas também nos cenários usados (o maior deles, no tal calçadão do título, é magnífico). Seus personagens no entanto, liderados pela curiosa figura de Nucky Thompson (Steve Buscemi, ótimo), são quase tão complexos e carismáticos quanto os de The Sopranos, como vamos descobrindo a cada novo episódio com a revelação das nuances de cada um deles.

Dessa forma, do tesoureito de Atlantic City (personagem de Buscemi), passando pela viúva (feita com sutileza por Kelly Macdonald) que desperta o interesse do homem mais poderoso da cidade ao agente federal (feito por Michael Shannon) obcecado pelo desejo de impor a lei a todo custo, o drama que surge mostra figuras absolutamente distintas e tomadas por contradições bem particulares. E se no fim, a série produzida por Terence Winter (que foi produtor de The Sopranos, diga-se) e Martin Scorsese (sim, ele mesmo), pode até ser vista essencialmente como a produção que desnuda as engrenagens que permitiram o surgimento do crime organizado na América, mais justo a se dizer, é que, mais do que isso, ela é uma belíssima história sobre homens e mulheres em conflito tentando encontrar seu espaço e, sobretudo, identidade. Quem é mocinho e quem é vilão? Todos e ninguém. E é aí que reside a beleza de Boardwalk Empire.

Em “21”, bom episódio que abre o novo ano da série, o panorama da temporada é exposto de forma clara: dessa vez, são todos contra Nucky Thompson. Na esfera política, o vemos tendo sua influência desafiada por um promotor. Na pessoal, ainda que de forma não explícita, suas atitutes e comportamento começam a ser questionados pela já não tão mais ingênua Margareth. Na ‘profissional’, Nucky tem que lidar com a atitude arredia do antigo pupilo (Jimmy) que coloca as asinhas de fora na tentativa de sair de sua sombra e ganhar espaço a partir da orientação dada pelo outrora mentor de seu chefe, o astuto Comodoro. E como desgraça pouca é bobabem, Nucky ainda terá que absorver o impacto do possível rompimento de acordos estabelecidos no lucrativo negócio do contrabando de bebidas. Em suma, perspectivas tão diversas quanto interessantes e que amparadas pelo universo de bons personagens da série (o agente Van Alden, por exemplo, é ótimo), tem tudo para render uma sólida nova temporada para quem gosta de tramas ambientadas em um contexto histórico.

A 2ª temporada de Boardwalk Empire retornou lá fora no dia 25/9 e estreia no Brasil, pela HBO, no dia 9/10 às 21h.

8 comments

  1. faltou a explicação para a morte do ex parceiro do Van Alden, foi uma cena genial e marcante na 1ª temporada. Mas hein, a atriz que faz a mãe do Jimmy é estranha pro papel, mesmo tendo ele cedo e tal….

  2. Acho que ainda devem retomar essa história da morte. Agora, estranho mesmo é o que a mãe do Jimmy disse que fazia quando trocava as fraldas dele hehe

  3. Davi Garcia :
    Acho que ainda devem retomar essa história da morte. Agora, estranho mesmo é o que a mãe do Jimmy disse que fazia quando trocava as fraldas dele hehe

    hehe, ela disse que “beijava”, mas na época devia soar estranho… eu hein

  4. (spoilers!) Sem falar na transparência com que eles tratam a história do racismo: a invasão da KKK no armazém (sequência eletrizante que abre o episódio), os discursos conflitantes do Nucky para os negros e para os brancos… Muito bom esse retorno de Boardwalk.

  5. Na verdade eu discordo num ponto: acho os personagens sem carisma suficiente. E a comparação com Sopranos é exagerada. Boardwalk precisa de comer muito feijão pra chegar no nível de Sopranos ou de Mad Men.

  6. Não concordo com o último comentário.
    Vi The Sopranos inteira e com muita atenção. Boardwalk Empire está no mesmo nível. Personagens extremamente intrigantes, muitíssimos complexos e histórias até mais envolventes e costuradas do que Sopranos.

    Porém uma coisa Boardwalk não tem, personagens com o carisma que Paulie tinha em Sopranos, ou Silvio, ou Moltisanti, ou Bobby, ou Artie, até mesmo o Junior era cativante.

    Mas Boardwalk caminha na mesma direção de Sopranos, a ser tornar um épico da TV. Mais um para a coleção da HBO.

    Em tempo, se alguém do Ligado em Série ler esse comentário depois de tanto tempo, poderiam começar a escrever mais sobre essa maravilhosa série, né? Acredito que seja um pecado deixar de divulgar e incentivar a audiência da (na minha opinião, excluindo atuais recessos – lê-se Breaking Bad) melhor série em exibição na atualidade.

    E sem nenhum exagero.

  7. Ola ai fans do BOARDWALK EMPIRE foi renovado para a 3a. temporada. Alias e facil compreender isto e uma serie bem densa ao contrario de muitas porcarias que tem no ar. Os atores em geral são muito bons e a trama quase sem furos.
    Vamos aguardar ai por esta temporada nova para variar tambem de 13 episodios…

  8. Eu já quero ver a estreia da terceira temporada de Boardwalk Empire que, na minha opinão, é uma das melhores series que eu já vi. Nela encontro um excelente elenco, enredo, figurino, cenario…além de uma super historia, a máfia que envolvia os EUA na época da lei seca.

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