quinta-feira, março 28 2024

Por Camila Picheth

Como já citado pelo Bruno e pelo Davi, o Fall Season não está se revelando nada feliz em suas novas estreias. Nesse contexto, é um alívio que o novo drama médico Hart of Dixie tenha feito valer seus minutos iniciais mais do que Charlie’s Angels e companhia. A série narra a história de Zoe Hart, uma talentosa médica que deseja se tornar cirurgiã cardíaca. Quando seus planos não dão certo por conta da sua falta de sensibilidade, ela muda de Nova Iorque para uma pequena cidade no Alabama. A identificação com Zoe ocorre rapidamente, uma vez que o conhecido rosto de Rachel Bilson (The O.C.) é colocado em evidência. Bilson praticamente reprisa o papel de Summer Roberts, com uma personagem esnobe e fria, mas que ao poucos mostra que tem um bom coração. Embora a atriz não venda exatamente a imagem de uma médica profissional, ela conduz muito bem o drama e a comédia da história, junto com o simpático elenco que conta com Scott Porter (Friday Night Lights) e Cress Williams (Prison Break). Mesmo que o episódio inicie com o roteiro um tanto preguiçoso, com a protagonista dentro de um ónibus contemplando a paisagem e narrando sua trajetória com a ajuda de flashbacks, a trama consegue ficar interessante e ter reviravoltas que prendem o telespectador, o que, em se tratando de CW, é uma boa surpresa.

Já a CBS aposta não só em outro drama médico, mas sim em um com forte apelo sobrenatural. Em A Gifted Man, temos Patrick Wilson interpretando um médico renomado e já estabelecido. Ele é focado e altamente racional, mas sua lógica é rompida quando começa a ver o espírito de sua ex-esposa falecida. Wilson consegue passar muito bem a frieza necessária do personagem e é convincente na trajetória de um homem que pensa possuir um tumor no cérebro, mas que mais tarde começa a aceitar que realmente está sendo “visitando”. O elenco também conta com duas ótimas atrizes de Dexter: Julie Benz (que fazia a Rita) e Margo Martindale (que ganhou o Emmy recentemente pela participação em Justified). São justamente as duas que fortalecem a trama sentimental bem escrita da série, o que não é surpresa vindo da roteirista de filmes como Erin Brockovich, 28 Dias e Pegar e Largar. O problema, por enquanto, é falta de identidade da atração, que termina a história sem trazer nenhum momento realmente memorável e com um cliffhanger muito fraco. A Gifted Man até tem potencial, mas fica evidente que será necessário criar um ritmo próprio e uma identidade própria rapidamente.

Das séries médicas para uma policial, Maria Bello estreia na temporada como a detetive Jane Timoney, protagonista de Prime Suspect. A série, teoricamente é um remake da produção homônima britânica estrelada por Helen Mirren. Digo teoricamente porque elas possuem pouco em comum, deixando apenas pequenos aspectos, como a história base da personagem, parecidos. Provavelmente por possuir essa influência britânica, a série é mais morbida e brutal quando comparada a outros procedurals. Essa brutalidade estende-se tanto para diálogos (como quando uma criança fala que mataria o homem que assassinou sua mãe e Jane diz que o ajudaria) quanto para o físico (o realismo é grande quando Jane é atacada e leva vários socos no rosto). A protagonista não é nada glamurosa, fazendo com que a personagem de Mariska Hargitay em Law & Order: SVU se pareça com uma das garotas de Sex and the City. E mesmo contando com nomes como Kirk Acevedo (Fringe) e Aidan Quinn (Weeds), o elenco secundário não possui grande destaque, podendo causar certa confusão entre um personagem e outro. Assim, fica claro que o destino de Prime Suspect dependerá da resposta do público americano para uma série policial que tem uma realidade mais crua (lembrando que Southland, que seguia linha similar, foi cancelada no mesmo canal para só então retornar na TV paga).

Infelizmente, ainda não tivemos nenhuma estreia que fosse realmente fantástica, tirando a interessante Person of Interest. Nesse panorama, vale a pena dar uma chance para as três séries que, mesmo com seus problemas, parecem ter potencial para render boas temporadas.

6 comments

  1. Eu gostei muito de Hart of Dixie, para mim uma surpresa da fall season. Justamente pq nos identificamos com a Zoe. A serie é facil de gostar… vamos ver daqui pra frente. Qto a A Gifted Man ainda não sei o que pensar. É inevitavel nao lembrar de outras séries que trazem o sobrenatural como foco (Medium como exemplo), mas talvez o que pode ser interessante é focar justamente num unico “ghost” e num kra que justamente não acredita em nada disso (diferente de Alisson e Melinda).

  2. Tbm gostei da série, já era fã da Rachel Bilson desde The O.C e fui conferir a série por causa dela. Gostei da dinâmica ‘big city girl x small town’, espero que a série continue com qualidade.

  3. Eu tbm gostei muito de Hart of Dixie.Não só pela Rachel Bilson mas tbm gostei da história,do ambiente,da trilha.. A fotografia tbm é um pouco diferente das outras séries da CW. Irei acompanhar.Quem sabe Adam Brody ou outros atores de The OC não fazem uma participação?

  4. Eu acho que as pessoas fizeram um esforço pra gostar de Hart of Dixie por causa da Rachel Bilson. A série não é ruim, mas o piloto teve momentos constrangedores, essa é a verdade. Jacaré domesticado??Sério? Não podia ser um cachorro, um lobo, um gato selvagem, sei lá…um jacaré? Pelamor. E logo de cara, a Zoe andando num nada e o Scott Potter aparece…..I mean, quais são as chances né?
    Aí depois ela dá uns amassos no vizinho…enfim…coisas aburdas que a gente deixou pra lá por gostar da atriz.
    Aliás, é difícil acreditar na Rachel como médica com aquela voz fininha de adolescente.

    ***

    Eu gostei de Prime Suspect, mas não sei se foi bom o suficiente pra ganhar espaço em meio a tanto procedural. Gostei da Maria Bello e da Jane, dos rapazes mais ainda, mas é muito “feijão com arroz”…..e Southland tem a mesma brutalidade, só que faz um trabalho infinitamente melhor. A direção, as cenas escuras, os personagens, e o próprio roteiro cru e ácido, faz dela a série policial mais completa neste estilo que a PS US pretende mostrar.

    Gostar, não gostei de muita coisa da fall season. A minha alegria mesmo é o retorno de The Good Wife e The Vampire diaries.

  5. Hart of Dixie tenta ser a nova EverWood. Em EverWood (série de 2002), o Dr. Andy Brown, era uma médico que ficava viúvo e buscava recomeçar numa pequena cidade o sentido da vida. Ou seja, nada se cria…

  6. antes detudo,obrigado por reponderem meu comentário em outro post. É consenso afirmar que a teledramaturgia americana vive uma ótima fase ao longo dos ultimos dez anos,então por que de um ano para o outro a qualidade teria caído tanto,de acordo com os comentários das novas séries que estrearam recentemente? Acho que ainda é cedo para fazer qualquer afirmação definitiva sobre a qualidade das séries,afinal de contas não houve uma troca de produtores, roteiristas que justificasse uma queda tão brusca de qualidade.
    Abraços

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