quinta-feira, março 28 2024

Nas últimas temporadas nós conhecemos e começamos a acompanhar algumas das melhores sitcoms da atualidade, como Community, Louie, Parks and RecreationModern Family. O nível do humor hoje é elevado e a cada ano o formato de comédia multi-câmera com plateia cede lugar às produções single camera ou estilo mockumentary. Antes mais presente na TV paga, este formato agora praticamente foi padronizado na TV aberta americana, grande parte graças à NBC, sendo a CBS o único canal que segue firme (com sólidos números) no formato tradicional (Two and a Half Men, The Big Bang Theory, Mike & Molly e How I Met Your Mother como exemplos).

E eis que chega o Fall Season 2011 com suas novas propostas para ambos os segmentos. A primeira é Whitney, criada pela aspirante a roteirista e comediante stand up Whitney Cummings (digo aspirante, pois ela não tem representatividade no gênero, tendo apenas participado esporadicamente aqui e ali em especiais da TV paga básica), que conta a história de seu alter ego, Whitney Cummings, centrada num maroto, mas estável relacionamento de 3 anos com seu namorado Alex. Mas na abertura da série veio um aviso, a princípio inexplicável: “Whitney é gravada diante de uma plateia“. Sim, sabemos que uma sitcom multi câmera é gravada com público presente. Isso não é novidade há décadas, desde que a laugh track (claque) pós-inserida foi praticamente abolida da TV americana a partir do final dos anos 70. Mas depois que assisti ao piloto de Whitney, que possui um texto ralo e com foco em piadinhas sexuais, gags físicas, atuações exageradas, artificiais e a absoluta falta de carisma do elenco secundário, entendi o motivo do aviso. Veja, é tão difícil imaginar alguém realmente rindo desta série, que se não fosse o aviso, presumiríamos todos que a claque com risadas pré-gravadas voltou a ser adotada na TV.

Mas essa não é a última vez que ouviremos falar de Whitney Cummings. Aparentemente a garota, de alguma forma, conquistou o interesse de gente certa em Hollywood, pois além de roteirizar e estrelar Whitney na NBC, ela criou e vendeu para a CBS 2 Broke Girls, mais uma sitcom multi câmera com plateia, só que sem aviso nos créditos. Aqui nós somos apresentados à Max, uma garota de gênio forte que trabalha como garçonete e babá e é obrigada a treinar Caroline, uma nova colega  em sua lanchonete, enquanto descobre que a moça é uma ex-bilionária filha de um grande executivo que deu o golpe da pirâmide na praça. Não tão desastrosa como Whitney, boa parte graças ao talento da atriz Kat Dennings, que vive a pessimista Max com energia e segurança, 2 Broke Girls inevitavelmente soa como uma daquelas comédias genéricas que assistíamos no SBT aos domingos de manhã. O texto é simplório e as piadas são óbvias, típico de um humor preguiçoso e sem inspiração. Em um certo momento, vemos as protagonistas sentadas num cavalo tomando seus cafés gelados, tentando (sem propósito narrativo algum) arrancar algumas risadas baratas da audiência presente. Tem gente que vê uma comédia promissora aí; eu vejo mais do mesmo, ou seja, o básico que satisfaz o americano médio.

A NBC, por sua vez, resolveu também expandir suas comédias para as noites de quarta, na (desastrosa, adianto) tentativa de competir com a ótima dobradinha Modern Family/The Middle da ABC. Pra isso eles reuniram um bom elenco (Will Arnett, Christina Applegate, Maya Rudolph, Hank Azaria e Kathryn Hann) dividido nas insossas Up All Night e Free Agents. Enquanto a primeira conta a história de um casal de ex-baladeiros (Arnett e Applegate) com um filho pra criar e uma amiga/chefe difícil de lidar (Rudolph), a segunda – versão importada da Inglaterra – nos mostra um dois colegas de trabalho na meia idade (Azaria e Hann) que brevemente se envolvem por uma noite e decidem não repetir o ato para manter o profissionalismo no escritório. E por que eu falei de ambas comédias de forma sucinta e superficial? Ora, pois as premissas destas séries são introduzidas e desenvolvidas justamente de forma sucinta, superficial e sem se preocupar em apresentar os personagens de forma eficaz, fazendo o público se importar com eles (o essencial para iniciar o fenômeno da identificação). Embora contem com um humor levemente mais sofisticado que o das comédias de Whitney Cummings, Up All Night (Lorne Michaels produzindo isso me chocou) e Free Agents parecem não ter identidade ou um propósito em seus roteiros.

Pareço negativo demais? Pode ser, mas depois que fiquei acostumado com humor de nível tão claramente superior e elaborado como o das comédias citadas no início desta review, é difícil encarar estes pilotos tão mal enlatados, mal roteirizados sem a menor graça. Por enquanto fico com a turma de Greendale, com o comediante quarentão de Nova York, com os administradores públicos de Pawnee e com a divertida família Dunphy, das produções que sabem fazer rir sem subestimar a inteligência do público. Espero poder revisitar as comédias resenhadas no futuro (se não estiverem canceladas, o que é mais provável) e presenciar alguma evolução em seus textos e propostas. Não dá pra perder tempo com elas agora quando se tem coisa muito melhor sendo exibida na TV.

26 comments

  1. Concordo plenamente. Se temos Community e Modern Family trazendo alem de ótimos atores, textos hilários e inteligentes, para que tentar rir de comédias tristemente mal desenvolvidas? E só faltou você mencionar “New Girl” que segue o mesmo formato das novatas. Pena com a Zoey eu esperava mais…

  2. Up All Night e New Girl são boas. Chegar ao nível de Community ou Parks seria demais. Mas ambas são interessantes e agradam.

  3. Não acho que New Girl mereça entrar na crítica. Por mais que seja o mais do mesmo, eu achei muito bom o pilot e muito engraçado sim! Creio que vai ser uma das poucas dessas estréias da fall season que vão se salvar…

  4. Acho que vc deveria dar um tempo pra Up All Night. Deixar a Maya e o Will te conquistarem, hehehehe.

  5. Cara, que exagero, que exigência, que tenso! rsrsrs É só uma sitcom, relaxa! Mas me diz uma coisa: por que piadinhas sexuais, gags físicas, atuações exageradas e até ‘texto ralo’ desqualificam uma SITCOM? Eles estão zoando mesmo. Abraços

  6. Bom, eu (e muitos leitores) não gostam de séries ruins e sem graça. Se você curte, esse fall season é um buffet bem servido. Sirva-se.

  7. Na verdade eu não curto nada.. nem tenho tempo pra isso. Mas daí dizer que essa série é ruim e sem graça é mancada, viu?

  8. parei parei parei! o site exagerado viu… formadores de opiniao tem que ter cuidado…

  9. Não. Formadores de opinião tem que ter opiniões convictas e embasadas. Sugarculting de séries não é aqui, mas tem muito por aí, é só procurar.

  10. Queria saber o que voces acham de Happy Endings. Não vi registro de opiniões sobre a série aqui no site. Eu também sou grande fã de Community, Modern Family e Parks & Recreation, e achei a série muito esperta, divertida, com personagens excelentes e um roteiro bem escrito. Tive que rever quase a temporada inteira, de tão viciante. Ao ponto de decorar as falas de certas cenas. Sugiro que experimentem a série, queria ver o que vocês tem a dizer sobre ela.
    Até mais, parabéns pelo trabalho!

    [j]

  11. O melhor de Happy Endings pra mim, quer dizer, os melhores, são a Casey Wilson e o Adam Pally. Pq eles são comediantes incríveis!

  12. das citadas acima assisti apenas 2 Broke Girls, a qual preferia nunca ter desperdiçado 20 minutos da minha vida, série babaca, pra um público igualmente babaca,piadas prontas, protogonistas sem carisma, elenco secundário péssimo, faltam adjetivos pra dizer quão ruim é essa série, realmente essa é a Fail Season.

  13. achei o primeiro episodio de Up All Night beem fraco e pouco divertido mas acho que no segundo melhorou bastante! quem sabe com o tempo a série vá ganhando confiança e se firme? o que acham?

  14. Graça é questão de opinião, essas séries “ruinse sem graça” fazem
    sucesso por algum motivo, não dê sua opiniãocomo fato. Pode me chamar de
    ignorante e sem cultura, mas particularmente, prefiro as comédias com texto simplório e piadas óbvias do que as de humor de nível tão claramente superior e elaborado.

Deixe um comentário