sexta-feira, abril 19 2024

Por Davi Garcia

Eternizado por Clint Eastwood na excelente trilogia dos dólares de Sergio Leone, a figura do protagonista que não tem nome e que com poucas palavras se revela um anti-herói de moral dúbia, ressurge com uma roupagem contemporânea em Drive, belo filme estrelado por Ryan Gosling (Diário de uma Paixão) sob o comando do dinamarquês Nicolas Winding Refn (Bronson), vencedor do prêmio de direção no festival de Cannes deste ano. Inspirado no livro homônimo do americano James Sallis, o filme narra a história de um homem que trabalha como dublê em Hollywood e que nas horas vagas, graças a seu exímio talento ao volante, faz bico como motorista para criminosos em fuga. Esse fiapo de argumento, contudo, ganha novas e interessantes camadas a partir do momento em que o motorista (Gosling) se envolve com a vizinha Irene (Carey Mulligan de Educação) e ao tentar ajudar o marido desta recém saído da prisão, descobre-se, depois de um roubo mal sucedido, sob a mira de mafiosos locais.

Num elenco cheio de nomes famosos do cinema (Albert Brookes de Taxi Driver) e, principalmente, das séries (Bryan Cranston de Breaking Bad fazendo o ‘mentor/empresário’ do motorista, Ron Perlman de Sons of Anarchy e Christina Hendricks de Mad Men), é mesmo Ryan Gosling que literalmente rouba a cena no filme. Em atuação minimalista e marcante em diferentes situações – repare, por exemplo, na forma como o motorista flerta de forma tímida com Irene (Mulligan) ou depois quando reage de forma selvagem em duas cenas, no quarto de um hotel e no elevador, dignas do protagonista de Dexter –, o ator confere personalidade e uma certa aura de mistério ao homem que, econômico nas palavras e extremamente frio, jamais deixa dúvidas sobre seu talento singular (o de dirigir, claro) ou sobre a natureza de suas intenções e motivações.

Em muitos aspectos, Drive é um filme reminiscente das décadas de 80 e 90, aquelas em que os thrillers, de forma geral, pareciam mais crus, críveis e envolventes ao se focarem muito mais nos personagens do que nos efeitos. Assim, quer seja pela estética quase sempre mais sombria e fria (amparada pela fotografia de Newton Thomas Sigel de Os Suspeitos) ou pela ótima trilha sonora (em tom retrô) que ajuda a pontuar o desenvolvimento da trama e as nuances de seu protagonista, Drive nos mostra, através dos olhos e das reações do motorista, uma história que surpreende ao equilibrar romance (um aspecto importantíssimo no filme) com boas sequências de ação, doses de violência chocante e personagens com quem nos importamos ao longo do filme e que, mesmo não fugindo totalmente da caricatura, revelam-se bem carismáticos.

Surgindo como a grande surpresa do ano no Cinema até aqui (pelo menos para mim), Drive, que estreou nos EUA no dia 16/9, ainda não tem data de estreia oficial definida para o Brasil, mas poderá ser visto como uma das grandes atrações do Festival do Rio que ocorre entre os dias 6 e 18 de outubro. Interessou? Então dá uma olhada no trailer do filme.

7 comments

  1. viu aonde davi? tem uma cópia rolando por aí mas é uma versão não finalizada do filme

  2. Driver, um filme espetácular. Fazia algum tempo que não assistia a um filme desta categoria. Ryan Gosling em sua atuação exuberante já possui minha admiração de outros filmes e a atriz q faz papel Irene (Carey Mulligan ) q já havia ganho minha simpatia qndo assisti a Clones,( Never let me Go )……..DRIVER,merecedor de um Oscar, sem dúvida alguma!!!

  3. Filme excelente! Acabei de ver, valeu pela recomendação, Davi! Gosling, Cranston e Perlam sempre ótimos como de costume.

  4. Não consegui enxergar esse filme todo que vocês viram.

    Achei muito devagar, muito enrolado, principalmente na metade inicial. E olha que sou um admirador de Mad Men. Mas aqui acho que exageraram. Mais de uma vez fui conferir quanto tempo faltava para acabar.

    Sei lá, pelo trailer parecia um filme muito mais movimentado. Aí depois que vi que os comentários aqui eram positivos, resolvi correr atrás. Me decepcionei bastante.

Deixe um comentário