sexta-feira, abril 19 2024

Por Davi Garcia

Wallflower. Alguém que, pela definição informal da língua inglesa, observa tudo e todos ao seu redor sem jamais ser notado. De maneira geral, foi disso que tratou o último episódio inédito de Fringe deste ano (a série retorna em 13/01/2012 lá fora). Centrado na investigação dos passos de um ex-cobaia da Massive Dynamic com habilidade genética para se tornar invisível, “Wallflower” nos apresentou a Eugene, um personagem cuja história era tão curiosa quanto trágica e, à sua própria maneira, romântica – afinal, ele só queria ser visto – à medida em que suas intenções e motivações vão se revelando. Além disso, o episódio que encerra o 1º terço deste quarto ano da série tratou também das incertezas e dos desconfortos que boa parte daqueles personagens encara, de uma forma ou de outra no contexto da história e principalmente desta versão do universo.

Encerrado o mistério sobre a natureza da dimensão retratada desde o início da temporada (sim, de fato estamos vendo uma outra versão do universo diferente daquelas exploradas até então), resta-nos agora, através das manifestadas e distintas reações dos personagens, os bem vindos questionamentos a respeito de quão pessoalmente afetados  por aquele singular trabalho eles são. Assim, enquanto Lincoln luta para se adaptar e conseguir conviver com tamanhas bizarrices (shapeshifters, homem invisível…), Peter, deslocado na linha temporal e considerando um jeito de ‘voltar para casa’, se vê cercado pela dúvida alheia ao ser encarado como um próprio caso Fringe ao passo em que Walter busca no isolamento, a paz de consciência que julga ter perdido anos atrás em função das experiências que liderou ao lado de William Bell.

E se é boa a iniciativa da série de tentar dar nova ênfase ao aspecto emocional da maioria destes personagens frente às investigações e experiências que surgem delas, é igualmente justo reconhecer também como mérito, o esforço dos roteiristas em amplificar os laços que regem as novas relações explicitadas nesse universo. Dessa forma, se esta Olivia parece bem mais deslocada no que tange envolvimentos afetivos (algo que ela reconhece em dado momento inclusive) e suspeita que isso possa ser um efeito colateral relacionado aos testes de cortexiphan que julgava fazer parte de seu passado, ela sequer considera estar sendo traída por Nina Sharp, a única pessoa em quem depositava certa confiança e que agora se revela com uma agenda no mínimo muito obscura envolvendo sua ‘protegida’.

Difícil dizer como todas as histórias, conflitos e dilemas irão se chocar na sequência da temporada (Peter volta para casa? Qual a influência dos eventos deste universo em relação aos demais? Aliás, há influência? E os observadores, que papel tem nessa mistura?), mas uma coisa me parece certa: um episódio que tem um glyphcode de tão bom gosto como o que você acima não pode ser encarado apenas como mais um na série, certo? :p

25 comments

  1. Belíssimo episódio. Se observarmos bem, Eugene ama e quer ser visto. Já Olívia é vista e quer amar alguém. São paradoxais e ambos são “criações” da Massive Dynamics.

  2. como eu gosto de fringe e como estou com medo devido a sua audiencia baixa!

  3. Eu adorei esse episódio, só esperava mais dele, esperava mais da temporada até agora. Essa história de demorar tanto para entramos no tema “peter” (e agora com um hiatus pela frente) me deixa intrigada.
    Adorei o Eugene, adorei o final, e adorei o review. Agora também espero como todas essas histórias vão se encaixar, o que esse Universo vai influenciar no outro. Depois do hiatus, poucas respostas e mais um milhão de perguntas! :)

  4. Eu não concordo exatamente que este seja um terceiro universo. Quando o Peter desapareceu, os Observers disseram que ele nunca existiu. Assim, se ele nunca existiu, é natural que a história tenha se alterado totalmente de forma a comportar essa inexistência dele. Eu acredito que o universo seja o mesmo mas as percepções foram alteradas para se encaixar com a suposta inexistência. :)

  5. Antonio, mas o Peter existiu nesse Universo. Ele morreu quando criança, mas existiu. Isso corrobora para esse ser mesmo um terceiro universo, pois os Observadores deixaram claro que o Peter NUNCA EXISTIU nos universos A e B.

  6. Uma das palavras que aparece na abertura é: um Paradoxo Temporal. Que em minha opinião é o que ocorre em Fringe. Peter é um paradoxo, ele devia estar morto, mas vive. Doctor Who que é uma série que trata de paradoxos temporais diz que estes podem mudar universo e destrui-lo. Peter fez exatamente isso, mudou as leis do universo, a prova disso foi o episódio And Those We’ve Left Behind onde só a partir do surgimento do paradoxo de Fringe, o marido da cientista consegue completar o experimento.

  7. É, também estou numa baita dúvida se esse universo é outro ou é o mesmo! Enfim… os roteiristas vão decidir lá no último capítulo, então deixa pra lá, por enquanto.

    Quanto ao episódio, achei menos interessante que os demais dessa 4a. temporada. Achei o gancho “Nina malvada” meio fraquinho, embora sempre tenha achado, desde o início da série, que ela sabia muito mais do que parecia, além de ter uma “aura” meio sombria… a conferir.

    Quanto ao “DAVID”… boiei. Esqueci mesmo. Quem é David?

  8. David não era o cara da primeira temporada que teleportou da prisão ?

  9. Sinceramente achei o episódio mais fracos de todos dessa temporada. Pra piorar foi último episódio dessa 1a fase da temporada pq agora entrará esse hiato de 2 meses…tomara que melhore no retorno pq gosto muito dessa série.

  10. Realmente vai ser chato esperar dois meses. Mas é preciso lembrar que este não é o episódio que deveria encerrar a Fall Season, mas sim o próximo. Como tivemos aquela semana do beisebol, talvez tenhamos ficado com um final aquém do esperado.

    Davi, já que a série entrou numa de paradoxos temporais e universos paralelos, seria exagero meu dizer que estamos vendo algumas referências seguidas a Lost? Na semana passada, além daquela viagem do Peter feito Desmond, o jornal na casa dos cientistas estampava o título do Chicago, o mesmo que Ben mostra a Jack na prisão. Já esta semana, o experimento de Walter com o ultravioleta se dá num labirinto com ratos que imediatamente me lembrou o de Faraday. Viagem minha?

  11. Eu só lembro desse David também, mas como ele morreu(?) naquele universo, não sei se o glyph dá a dica de que veremos sua outra versão em breve.

  12. Rodrigo, a tua comparação faz todo sentido, mas sinceramente acredito que sejam apenas boas coincidências mesmo ;)

  13. Pois é, coincidências bem coincidentes hein Davi! Até o andar onde a Olivia estava com o Eugene era o 23! O número do Jack em Lost. Espero que a série ande bem das pernas, pois estou com um monte de teorias na minha cabeça e não quero acabar como em Flashfoward depois de 4 ótimas temporadas.

  14. Eu estava pensando aqui com meus botões, será que tudo o que estamos vendo desde que o Peter apareceu nesse universo não aconteceu logo em seguida que ele sumiu do outro? Seria no caso que logo na hora que ele apareceu ele foi teletransportado diretamente a esse universo, enquanto as pessoas que ficaram para trás deixaram de lembrar ele. Como se ao deixar de existir no universo ele foi jogado à outro não ficando assim completamente no limbo…

  15. David, juro que procuro não ver coisas onde elas não existem, mas séries como Fringe não podem se dar ao luxo de cometer erros de continuidade, sob o risco de que o menor deles possa explodir a cabeça de seus espectadores. E o deste episódio – se for o caso – foi dos grandes. Na primeira cena de Wallflower, Olivia abre o armário de remédios do banheiro e pega um frasco de comprimidos de rótulo azul. Quando ela o devolve, no entanto, a cor é vermelha e até os objetos dispostos na mesma prateleira são diferentes. Vocé também percebeu e arrisca alguma teoria ou acha que foi apenas um decepcionante deslize?

  16. Elton, depois do teu comentário até fui rever a cena, mas ali não teve erro não. Repare que a Olivia não recoloca o frasco no armário depois de pegá-lo, tanto que na sequência, ao entrar na farmácia, ela retira o mesmo frasco azul do bolso para entregar ao farmacêutico ;)

  17. Voltando ao DAVID…

    De acordo com a Fringepedia, em tradução minha: “David Robert Jones é um criminoso de alto risco com experiência em biotecnologia, conhecido por traficar armamento genético”.

    Esse cara apareceu ou foi mencionado em uns 4 episódios e deve ser mesmo o tal DAVID. Trivia: esse é o nome de batismo de David Bowie…

    http://fringepedia.net/wiki/David_Robert_Jones

  18. Eu gostaria que estivesse relacionado ao David que morreu, mas acho difícil pois os tais códigos nunca estão relacionado à dicas do que está por vir e sim sempre ao episódio em questão.

    Deve ter algum significado religioso, mas deu preguiça de pesquisar o significado de David.

  19. Adoraria que fosse isso, mas os glyphcode já levantaram teorias em episódios passados onde a gente achava que poderia ser sobre algo que estaria por vir nos episódios futuros e isso nunca aconteceu. Eles sempre estão relacionados ao episódio presente e nunca são uma pista do que está por vir.

    Quando a gente pesquisa o significado do nome David no Google, aparece algumas coisas como ser de origem hebraíca e significar “amado” ou até algumas definições de “Muito atencioso, e apegado à família. Possui um senso maternal muito forte, é o tipo de pessoa que gosta de se sentir útil e necessário.”

    Ou seja, acho que tem algo a ver com o homem invisível mesmo. Outra curiosidade é que o ator da série O HOMEM INVISÍVEL (década de 70, acho), era David também. Mas aí já estamos começando a forçar a barra…

  20. Vale lembrar que “Eugene” era o nome do experimento, não do personagem invisível. Ele não tinha nome. E já que David significa “amado” e “muito atencioso, apegado a família”, como disse o Fábio, “David” pode ser só um nome pro personagem. Pelo menos dá alguma referência ao episódio.

    Mas eu ia achar MUITO melhor se fosse o David Robert Jones, trabalhando com a Nina. :)

  21. Acho que o glyph é como um batismo do Eugene, até a Olívia fala num momento que durante td vida ele não teve um nome, mas assim como tds fico aqui na torcida de que seja sobre o teletransportado

  22. Gabi :
    Acho que o glyph é como um batismo do Eugene, até a Olívia fala num momento que durante td vida ele não teve um nome, mas assim como tds fico aqui na torcida de que seja sobre o teletransportado

    Definiu exatamente o que penso. O episódio, no final, deu um nome ao cara. Seria uma ótima sacada dos roteiristas. Muito poético.

  23. Pra quem não viu, spoiler de BLADE RUNNER.

    Notei uma semelhança com o filme. Quando Eugene salva Olivia da queda, me lembrei imediatamente de cena em que Roy não permite que Deckard morra. Depois, como no filme, Eugene fala da sua dor para alguém que, sem que ele saiba, está no “mesmo barco” – Olivia, outra vítima da Massive Dynamic…

    Claro que não tem nada a ver, mas não deixa de ser interessante notar que David também é o personagem que luta contra Golias, o gigante que, em Fringe, poderia ser a personificação da própria MD. David seria a própria Olivia…

  24. Eu acho que cada glyph em cada episodio dá uma pista do que vai acontecer no episodio seguinte. Quando vi que a palavra era “david”, lembrei-me logo do homem que saiu da prisao e tantos problemas deu ao grande trio de fringe. nao nos vamos esquecer que como as coisas mudaram, ele ainda pode estar vivo e fazer das dele.
    outra coisa é o facto de peter ter dito no episodio que aquela nao era a olivia dele. ou seja, mesmo mundo, mas opçoes de vida diferentes porque peter ja nao existe. e aquele é exactamente um mundo sem peter. uma resposta leva-nos a muitas perguntas, como diz olivia.
    peter provavelmente até ao final da season, vai tentar voltar à maquina, e voltar ao ponto de partida do final da season 3. até pq como dizia o walter, o que o peter senti-se quando estivesse na maquina iria influenciar td o resto. portanto a ideia de os mundos terem um local “neutro” para melhorarem ambos os mundos é boa. ele nao existir, é mau.

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