sexta-feira, março 15 2024

Por Davi Garcia

Nada é irreversível. Você e eu… Nós não precisamos morrer aqui hoje”, diz Olivia em dado momento de “Forced Perspective”, resumindo uma das curiosas questões que essa boa 4ª temporada de Fringe tem fomentado até aqui: o destino é um fato inexorável ou apenas a explicação preguiçosa dos que se deixam levar pelas circunstâncias da vida sem vivê-la efetivamente e não agem para construir um futuro? A resposta para isso eu não tenho, mas considerar esse tipo de discussão a partir de uma série com tématica sci fi é, sem qualquer dúvida, um dos grandes prazeres que Fringe nos proporciona. Concordam?

Flertando de forma elegante com a ideia da série de filmes Premonição (Final Destination, no original), o décimo episódio da temporada nos apresenta a Emily, uma garota que já foi alvo de experimentos da Massive Dynamic de Nina Sharp por conta de sua habilidade em prever terríveis eventos futuros (que tal o desfecho da cena pré-créditos, aliás?), e que vive atormentada pelo dom que ela obviamente encara como uma maldição. O contexto ideal, portanto, para: (1) sustentar um caso da semana interessante, inventivo e, em certo grau, até emocionante dado o tom trágico evidenciado pela jovem e (2) para fazer Olivia confrontar o temor e a dúvida alimentada pela mensagem que lhe fora passada pelo observador naquela cena da Opera House.

O panorama que se apresenta então é: essa Olivia que vemos fragilizada pelas enxaquecas (fruto do experimento secreto orquestrado pela versão vilanesca da Nina Sharp cuja agenda de cooperação com Jones ainda é desconhecida), não tem medo de morrer se consideramos o que ela faz na sequência em que se expõe para convencer um homem a não se explodir. O que ela teme, imagino eu, é a ideia de ter que aceitar que uma entidade que ela não compreende (o observador, claro), possa saber exatamente como se dará sua morte. Um medo compreensível e coerente, sem dúvidas, uma vez que ele evidencia o choque de uma personagem guiada pela razão, e que de repente se vê sem o controle que julgava ter sobre seu ‘destino’.

Com mais um bom e envolvente episódio, Fringe levanta novas perguntas interessantes, dá mais elementos ao cenário principal desse arco da trama (que envolverá o esforço de Walter, ou dos Walters, em ajudar Peter a ‘voltar para casa’) e não abre mão de conferir mais complexidade e intriga aos personagens que, não importa qual seja a versão, surgem sempre fascinantes em suas muitas e inusitadas nuances. #SaveFringe

Palpites para o significado do glyphcode da vez?

14 comments

  1. Esse gliphcode provavelmente se refere a um dos observadores

  2. Como os observadores tem nomes de meses, só posso acreditar que se refere a um observador.

  3. Também creio que o glyphcode da vez está relacionado aos observadores, quem sabe o próximo episódio (ou o seguinte) nos trará mais revelações sobre eles?

    Sobre o “caso da semana”, não é inédito na série: na primeira temporada, no episódio “The Ghost Network” fomos apresentados a um rapaz que conseguia “prever” desastres, embora por razões um pouco diferentes da Emily deste episódio. Enfim, apenas achei curioso que um caso (semelhante) que ocorreu na timeline supostamente original acontece agora nesta nova timeline.

    Este foi um episódio um pouco mais lento, mas gostei muito e achei importante para vermos como Olivia lidará com o que foi dito pelo Observador (bem como Peter descobrindo que eles não fazem ideia da existência dos observadores).

    E, claro #SaveFringe!

  4. Davi,essa questão que você levantou na primeira parte do texto tem tudo a ver com esse quote da Brenda em Six Feet Under : “The future is just a fucking concept that we use to avoid living today”.É bem por aí e gostei da série ter levantado esse tema.
    O episódio foi bom e,mesmo apresentando um “caso da semana”,ainda contribuiu pra história da Olivia.
    O gliphcode provavelmente deve ser relacionado a algum observador ou mesmo o mês de março pode ser que nos traga alguma revelação importante na série.

  5. Discordo completamente, tentou ser elegante na frase e acabou falando asneiras. O roteiro inteligente de Fringe aliada a competência de seus interprétes é algo surpreendente, assim como Community, temo sim que os produtores de Fringe não a vejam mais como uma série rentável e a cancelem, mas isso é culpa de pessoas assim como você, que não gostam de séries inteligentes e ficam saciados com qualquer coisa que jogam na tela.

  6. Na realidade, sacar dois universos inteiros do bolso com novos personagens foi uma atitude infeliz da série, por tornar virtualmente impossível o nosso processo de identificação com o que está em tela. Lamentável!

  7. Luiz, mas aí a seu argumento perde o sentido porque não são novos personagens. São os mesmos com características diferentes num outro contexto. Aí é que tá a graça da série: ter coragem para se renovar sem alterar drasticamente a estrutura ou mesmo o processo de identificação que temos com aquelas pessoas.

  8. São outros personagens, de outros universos, infelizmente. Pinkner e cia. se impuseram uma restrição narrativa que monta a criação de uma nova série, algo que considero uma opção DEVERAS equivocada, pois despreza o envolvimento dos espectadores com aqueles personagens.

  9. Estou enganada ou o Peter já teve também sua parcela de “premonição” com um Observer? Só eu lembrei da história toda que ele tinha que morrer e uma perseguição no telhado e uma chave do carro que ficava com o Walter e no fim não era nada disso? Era tudo só um artifício. E naquela conversa toda com a Olívia sobre o futuro e os Observers, ele não lembrou dessa passagem?

  10. Episódio mais lento, mas um bom episódio. Foi bem pra refletir mesmo. E teve até uma frase de ‘Blade Runner’: “Uma vela que brilha duas vezes mais forte, brilha por metade do tempo.”

    Bom!

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