quinta-feira, março 28 2024

Por Bruno Carvalho

[contém spoilers do episódio 1×02] Em determinado ponto da narrativa de The Callback, o 2º episódio de Smash, o diretor de Marilyn, The Musical se vê numa intrigante posição: quem escalar para o musical? A veterana Ivy Lynn conhece os palcos e vivencia a Broadway há mais tempo, mas está claramente se esforçando demais, enquanto Karen, crua no ramo, possui a doçura e a inexperiência que era característica da então modelo Norma Jeane antes de se transformar numa das mais célebres atrizes de Hollywood. Smash trouxe à frente o extenuante e às vezes cruel processo de seleção para um musical, repleto de inseguranças e trabalho pesado. Aliás, a construção da peça, desde quando era apenas uma ideia sugerida por um assistente, é notável. Aqui os números não chegam artificialmente ensaiados e super produzidos. Os roteiristas exaltam o processo criativo e isso pode ser visto nos ensaios e, especialmente, na primeira apresentação de Karen como finalista, que – numa intrigante e fantástica montagem – gradualmente substituía os elementos cênicos e figurinos de ensaio para versões finalizadas e produzidas, sem contudo deixar a sala de preparação.

E este é o ponto alto de Smash: a acertada condução da parte “musical” da série, que está sempre alinhada com o seu texto. As músicas e as performances desempenham o papel de contar uma história em vez de serem simplesmente jogados na tela sem um propósito narrativo, seja no início quando Karen “sonha acordada” no restaurante ou quando Ivy comemora com uma canja a conquista (esperamos que momentânea) do papel principal ao final. O drama somente precisa acertar o tom da história da adoção da compositora Julia, que soa inverossímil especialmente quando o filho adolescente dela dá piti porque não terá uma irmãzinha. Não obstante, até mesmo os clichês do gênero (que se intensificaram do piloto pra cá) não incomodam em face do saldo positivo que a série vem apresentando até agora. É muito bom, ainda, que a produção está mesmo presente em Nova York, com os personagens desfilando pelas numeradas ruas que cruzam a Broadway em vez de gravarem as externas nos remotos chroma keys de Hollywood. Smash estabelece-se criativamente neste segundo capítulo como um dos melhores dramas que a NBC colocou no ar e espero que assim seja mantido.

7 comments

  1. Hahaha, realmente o adolescente dando piti foi de uma ridicularidade absurda! Mas eu não liguei, porque gostei muito desse episódio. E acho que tô começando a gostar muito da série também, por todos os motivos citados acima~ Apóio o movimento #chupaglee

  2. Quando o adolescente começou com o piti eu cheguei a parar o episódio e falar “que merda, não estraga a série po**a”. Tirando essa parte, ótimo episódio.

  3. A série é mesmo ótima, estou completamente viciado! Parabéns pelo texto! =)

  4. Poxa, vocês nunca quiseram irmãos, não? Para uma pessoa que sonha a vida inteira em ter uma irmãzinha ver de repente o seu sonho indo pelo ralo é motivo mais do que suficiente para ter piti.
    Eu, que esperei por 12 anos para ter um irmão, sei o que é pedir todo santo dia e a alegria de finalmente ter mais um membro na família.

    Fora isso, ótimo review. Gosto da Karen, mas acho que Ivy merece o papel da Marilyn. Quero ver Karen brilhar na Broadway, mas não acho que Marilyn seja o seu papel. Falta algo à ela para encarnar a Marilyn…mesmo quando está de peruca, eu vejo uma atriz interpretando outra pessoa (nunca penso na Marilyn), e Ivy, mesmo sem a indumentária, eu consigo visualizar no papel.
    As duas tem voz e talento, mas é preciso uma certa identificação com a personagem para ser a atriz correta para interpretá-la.

  5. Repito o comment que fiz em outro site. Esse personagem do irmão foi concebido como uma criança de 6 anos, aí na hora de escalar o ator, leram errado e chamaram um de 16. É a única explicação. Mas de fato foi a única parte fail do episódio. Todo o resto funciona bem demais.

  6. Já penava à espera de uma série que nos desse um pouco da Broadway. E aqui está Smash. Gosto da sutilidade da série. da forma como somos introduzidos no processo criativo [delírios] dos produtores, por assim dizer. Gosto de ver personagens humanizados, sem aquela besteirada de vilão x mocinho (típico de filmes hollywoodianos e novelas mexicanas), e sim, personagens que me fazem acreditar que são vindos do tumulto da Broadway.

    PS.: Gente, embora eu a adore, o que diabos aconteceu com Anjelica Huston??? Tenho um certo medo de olhar pra ela! haha

  7. Episódio excelente. Parece um filme!
    O legal é que estão fazendo realmente parecer uma grande produção, o musical.

    Já sobre Ivy e Karen para o papel de Monroe, fico meio que na dúvida. Simpatizei de cara com a Karen por gostar da McPhee desde anos atrás – claro, a personagem é excelente também -, mas é indiscutível que Ivy tem tudo, e até demais, para o papel.

    Tirando a parte VA do episódio onde o garotão faz birra por conta da irmã que ainda nem conhece, foi um espetáculo.
    Torcendo pra audiência aumentar!!

    Muito bom o texto, Bruno!

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