sexta-feira, abril 19 2024

[com spoilers do último episódio da série] É verdade que não foi um final impactante desses que fomentam discussões acaloradas (para o bem e para o mal), mas “Everybody Dies”, episódio que encerrou a jornada de 8 anos de House, nos trouxe um desfecho que não provocou as grandes emoções que muitos fãs ainda fieis esperavam da série, mas que foi eficiente na medida em que concluiu a história de seu subversivo protagonista com coerência e doses bem diluídas de pequenas surpresas.

Na despedida da série, Gregory House está mergulhado em conflitos internos (meu trabalho faz sentido se eventualmente todo mundo morre?, questiona ele em dado momento) ecoados pelas manifestações de seu subconsciente refletidas através das curiosas aparições do trio Kutner, Amber e Cameron, que coloca à prova o (des) interesse do médico pelos quebra cabeças dos diagnósticos e até de Stacy, com quem o médico divide, num elegante raccord, um breve vislumbre de como sua vida poderia ter sido diferente numa casa de subúrbio. Nesse contexto, o contato que estabelece com seu último paciente, um homem que se viciou em drogas depois de um acidente de ski, não só colocou em perspectiva a postura e o comportamento auto destrutivo de House, como também acabou servindo de rota de escape para o homem que àquela altura temia perder a última coisa que ainda realmente importava para ele: o convívio com o amigo Wilson, então condenado pelo câncer.

Dessa forma, ao usar o recurso da morte falsa explorada no 3º ato, o roteiro escrito pelo criador da série, David Shore, não só fez a última reverência de House à Sherlock Holmes (e mais especificamente ao conto O Problema Final), que sempre foi a clara fonte inspiradora na composição do médico misantropo, bem como condensou a decisão final de seu protagonista de um jeito intrigante: se eu não posso mudar quem eu sou, vou ‘morrer’ e, quem sabe, tentar me reinventar como outra pessoa depois de acompanhar meu amigo até o fim.

Foi o melhor final que House poderia ter tido? Talvez não, mas foi um que certamente justificará a lembrança que guardarei da série como uma das mais revolucionárias de seu gênero. Seja lá qual for seu destino, Dr House, boa viagem e carpe diem!

14 comments

  1. Final de série é sempre complicado; dificilmente os fãs ficam satisfeitos. Eu, que nunca abandonei House, esperava um final mais impactante, por ainda ter na memória os áureos tempos da série, mas não posso dizer que foi ruim. As participações de antigos personagens deram o clima de nostalgia que um finale pede; pena que Cuddy não apareceu.
    O personagem sempre ranzinza e egocêntrico evoluiu a ponto de “morrer” pelo amigo. Tudo bem que a vida dele não estava num bom momento, mas ainda sim foi uma grande passo para nosso doutor; bromance à la House.

  2. Esperava um final melhor para a série, mas nem por isso deixou de ser uma das (se não, a mais) estáveis séries já feitas.

    E muito boa a referência a “Sociedade dos Poetas Mortos”, filme no qual Robert Sean Leonard atuou.

  3. Talvez por eu querer que acontecesse algo logo, as cenas de alucinação não funcionaram muito pra mim. Achei muito arrastado e entediante. Talvez a montagem não tenha ficado muito legal, fazendo com que certas partes ficassem uma bagunça, até a metade do episódio. Quanto ao roteiro em si, eu achei muito bom. Foi mesmo um bom final, final este que foi preparado cuidadosamente nos 03 episódios anteriores. Tenho que rever com calma para analisar se minha euforia pelo desfecho não atrapalhou um pouco :)

    Enfim, adeus House :( e quem sabe quando minha filha crescer eu reveja a série?

  4. Foi o melhor final que House poderia ter tido? Talvez não, mas foi um que certamente justificará a lembrança que guardarei da série como uma das mais revolucionárias de seu gênero. Seja lá qual for seu destino, Dr House, boa viagem e carpe diem!
    Eu acho qe eu estava com muita expectativa nesse final e naum rolou a minha expectativa toda…

  5. Oi Davi
    Ótimo comentário, como sempre. Tb gostei do final. Não foi o melhor episódio de todos os tempos e fugiu da obviedade que poderia ser um chororô homérico pela morte de Wilson. E mesmo que a ideia de reunir todos os sumidos da série em ‘alucinações’ de House não seja original, serviu como uma espécie de compilação geral da série e terminou de forma coerente a trajetória de (como já escrevi no facebook) sempre fugiu da própria felicidade e que,no fim, terminou ao lado da única pessoa que ele realmente amou nestes anos todos. Muito legal!

  6. Davi, eu não posso me furtar a dizer  que você escreveu um belo texto: maduro, ponderado, informativo e  – por que não? um texto que quando se lê sente-se a emoção inevitável que todos que amaram/curtiram essa série sentiram com seu fim.  E olhe que eu faço parte daquele “team” que achava que a série já devia ter acabado há algumas temporadas atrás.
    Texto elegante, e análise devidamente crítica, realçando o que houve de bom, apontando o que ficou a desejar, acho que isso é que é a função de uma – boa – review (e não sair detonando), ajudando-nos a “ver” o que talvez nos passasse despercebido.  Agradeço a inclusão do link para  The Final Problem. E passarei a ser sua leitora.
    Obrigada.  Valeu demais.

  7. Cara! Excelente texto!
    onde eu assino?

    como todos os outros comentários/comentaristas eu esperei um desfecho homérico para a série. mas, teve bom! muito bom! estou até com vontade de daqui um ano ou dois assistir a tudo de novo para ver com novos olhos… 
    a única coisa que eu gostaria era que esse finale foi de 1h30min… a cena do “velório” dele, por exemplo, poderia ter sido mais bem explorada… enfim
    que fique aí a lembrança desses quase 9 anos de House e cia…

  8. Valeu, Marcio! Obrigado pela audiência e gentileza de sempre :)

  9. Meg, muito obrigado pelos elogios. Se ainda não era uma leitora do Ligado, seja muito bem vinda!

  10. Foi coerente e é uma série que respeito muito e me deixará saudades. 

  11. Eu gostei bastante do final, foi bem “House sendo House”.

    Eu sempre imaginei que no final veríamos ele e o Wilson em algum lugar juntos. O Wilson era a única pessoa que o House algum dia amou de verdade (não no sentido romântico, gente).

    Então achei bom o final (mostra que o House “ama”, mas mostra que ele não deixou de ser aquele FDP de sempre)!

  12. Acho q a serie terminou como devia , ela foi toda baseada na personalidade complexa de House e isso se manteve até o fim , Hpuse terminou como House de sempre , egoista excentrico e etc. gostei .

  13. Não gostei do final, faltou algo mais, a série que começou tão brilhante terminou um fiasco, estão aprendendo com LOST, aos “finales” toscos

  14. O final de House não foi um puta de um final, mas tbm não foi ruim. Acho que foi interessante e direto sem draminhas bobos e vamos concordar, ainda bem que não mataram ninguém dentro do episódio (não teve complexo shonda rhimes) pq o meu medo era esse. Wilson morrer e rolar aquele drama. Gostei do final House e Wilson, realmente é o bromance mais lindo que já teve na tv, é muito amor gente. Há muito tempo House já não era a mesma série, por isso acho que não dava para exigir uma super mega series finale. Acho que foi um final justo. Adorei a participação da Cameron e realmente uma pena a Cuddy não ter aparecido, Lisa ficou 7 temporadas para não aparecer na SF que dó :(. Mas enfim, House ficou para história e carpe diem ♥  

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