quinta-feira, abril 18 2024

[com spoilers do episódio 1×02] Pode parecer exagero (e provavelmente seja mesmo), mas a ideia por trás de Preamar tinha tudo para emular parte daquilo que vemos em Breaking Bad, por exemplo. Tal qual Walter White, João Velasco (Leonardo Franco, novato em TV) protagonista da série da HBO, também é um homem que após sofrer uma ‘rasteira’, precisa se reestabelecer, usando sua expertise, num ambiente diferente e regido por outras regras ao mesmo tempo em que tenta manter a aparência para amigos e familiares de que continua tudo igual e sob controle. O resultado prático, contudo…. Bom, se o 1º episódio pecava pelo ritmo arrastado e pelos diálogos pouco inspirados, o 2º corrigiu parte do problema trazendo mais dinamismo à história, mas amplificou o que parece ser o grande calcanhar de aquiles da série: não entender que a fotografia das belas paisagens das praias cariocas da zona sul, por si só, não escondem a fragilidade de um roteiro que não consegue despertar empatia pelos protagonistas e coadjuvantes e falha na missão de conferir profundidade e verdade às suas ações.

Em “A Lei da Praia”, episódio escrito por Patricia Andrade e dirigido por Estevão Ciavatta (dois dos três criadores da série), Velasco finalmente conhece Xerife, o mandachuva da praia de Ipanema (papel do veterano Roberto Bomfim), mas o artifício que nos é apresentado para justificar a aproximação dos dois é tão estapafúrdia e implausível, que fica difícil comprar a ideia daquela parceira que começa a se formar. A sequência que culmina numa batida de fiscais na praia tomando a mercadoria dos vendedores legalizados (para quem é de fora, a ideia de que o comércio nas praias do Rio exija registro na prefeitura pode parecer ficção, mas não é) só porque uma lei mudou a regra da noite pro dia proibindo a comercialização de garrafas de vidros, é totalmente absurda pelo simples fato de que todos teriam que ser notificados com antecedência e sem aquela truculência.

Dessa forma, ao criar uma situação em que Xerife (então na defensiva com o interesse de Velasco) se vê dependente da ajuda daquele homem para diminuir seu prejuízo, o roteiro tenta vender o protagonista da série como um cara cheio de contatos e de muito networking como ele mesmo diz, mas o faz usando um recurso de lógica questionável. Isso sem falar na tal ‘taxa de mercado’ (50%!) que ele cobra para formalizar a ajuda que concede a Xerife naquele momento. Escorregada à parte, ainda vejo certo potencial no conceito de Preamar. A introdução do Xerife, por exemplo, nos revela um curioso personagem de moral dúbia (“Pode tudo desde que não seja proibido”) e que pode render bons frutos na relação que se desenha com Velasco, o mesmo homem que enxerga na praia a chance de se reerguer, mas que também descobrirá nela as mentiras e os conflitos que envolvem sua família. Se essa mistura vai render eu não sei, mas continuo torcendo para que a série nos dê algo mais além de suas belas imagens.

Preamar é exibida todo domingo às 21h na HBO, com reprises ao longo da semana (veja a programação).

9 comments

  1. além de belas imagens? Já deu… nudez, o foco no mamilo da guria foi tosco e impossivel de dizer que não era essa a vontade deles

  2. Quero saber o nome da musica que passa no final do segundo episodio!

  3. Há uma grande expectativa girando em torno dessa
    produção brasileira que leva a assinatura de Estevão
    Ciavatta. O contexto de Preamar promete ser diferente de todas as séries vistas até hoje,
    com comentários inusitados. Mal posso esperar pelos próximos episódios.

  4. Gente pois eu estou curtindo essa Série, afinal alguma coisa brasileira tem qe chegar lá nos EUA, naum importando a forma!

  5. A forma importa sim. Temos produções nacionais muito mais bem feitas, produzidas e roteirizadas para serem exportadas. E quem disse que essa série vai pros EUA? Não tem nada assinado com a HBO.

  6. Series brasileiras não curto ,  as vezes penso não é tão dificil criar um roteiro bom igual ao dos EUA, eles poderia melhorar mais nas produções ..

  7. mude pra la, por esse e outros motivos que certas pessoas continuam na mesma, nunca os americanos vao ser melhores que os brasileiros! esse é o pensamento – otario

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