quinta-feira, março 28 2024

southland[contém spoilers da quinta temporada] Southland, produção de Ann Biderman (roteirista de NYPD Blue) e John Wells (showrunner de E.R. e da fase final de The West Wing), teve uma turbulenta trajetória logo de início. Em 2009, foram encomendados 13 episódios para fechar as noites de sexta-feira da grade da NBC, mas após sete capítulos a emissora removeu a série da programação. Foi aí que a TNT viu uma oportunidade de ouro. Na época, o canal já tinha muitos sucessos de audiência (The Closer, Leverage, Raising the Bar), mas ainda precisavam expandir a grade. Em 2010, foram exibidos os 13 episódios de Southland, divididos em duas partes (os 7 primeiros fariam parte de um primeiro ano, e os 6 subsequentes, de outro). Em 2011, com um orçamento menor, o canal se viu na obrigação de demitir muitos membros do elenco e roteiristas para a produção de uma terceira temporada (e a primeira completamente produzida pelo canal). Uma manobra excelente, já que com um número menor de personagens, as histórias passaram a fluir naturalmente e a série atingiu o grau de status que mantém até hoje.

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Bastante crua e realista, muito em parte pela maneira como o drama é fotografado, com paletas frias e sem tratamento posterior, Southland conta os dramas e cotidiano dos policiais da delegacia do Sul de Los Angeles (área extremamente perigosa). As vidas dos detetives Sammy Bryant (Shawn Hatosy, Numb3rs), Lydia Adams (Regina King, do filme Jerry Maguire), e dos policiais Ben Sherman (Ben McKenzie, The O.C.) e John Cooper (Michael Cudlitz, Band of Brothers) são retratadas nas histórias semanais, enquanto estes lidam com os crimes na violência da região. O que a diferencia de outras produções policiais e a coloca no mesmo patamar de séries como The Shield e The Wire, é a forma como ela trata os dilemas éticos e morais das personagens, e utiliza os “casos” como plano de fundo. Nos EUA, a quinta temporada chegou ao fim com o episódio Reckoning, fechando muito bem todas as tramas apresentadas. Numa breve recapitulação, vimos que Lydia aprende a conciliar o trabalho na delegacia com o dever de mãe, numa storyline que funciona muito bem aqui, já que ela sempre foi a personagem mais centrada do elenco. Ao longo da temporada, testemunhamos também a luta que Sammy travou contra a esposa pela guarda do filho.

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Impulsivo e nervoso, vimos um Sammy muito mais arriscado que o normal, que rendeu inúmeros momentos incrivelmente dramáticos e ótimas performances de Shawn Hatosy. Inicialmente visto como alguém doce e frágil, Ben temia se corromper como outros colegas de profissão, mas ao longo dos cinco anos foi ficando cada vez mais meticuloso e frio, culminando na traição contra o próprio parceiro. Contudo, o coração da série sempre foi John Cooper. Homossexual não assumido, e um homem machucado por traumas e pelo cargo, Cooper chegou ao seu ponto máximo de autodestruição nesta temporada, em conflitos com o seu pai e sendo vítima de um sequestro. Uma reconciliação falha com o seu casamento de fachada também o desesperou mais ainda, quando a sua esposa assumiu não querer ter um filho com ele. Severamente desalinhado e transtornado, Cooper é baleado em uma briga pela própria policia, concluindo o episódio.

O futuro da produção está praticamente selado. Com baixos índices de audiência, apesar de muito apoio crítico (situação semelhante que aconteceu com outra série do canal, a brilhante Men of a Certain Age) e a maioria do elenco principal partindo para novos pilotos, provavelmente a série não deve voltar para uma sexta temporada. Felizmente, o final de temporada serviu como uma conclusão apropriada. Southland foi uma das séries mais subestimadas do ar, e também uma das melhores. Seus roteiristas e atores nunca foram reconhecidos em premiações, mas deixarão o seu legado.

No Brasil, a série é exibida pelo canal Space.

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