sexta-feira, abril 19 2024

Novo filme de Alfonso Cuarón é um espetáculo visual imersivo e imperdível

Gravidade - filmeO título desse post pode parecer presunçoso (e talvez seja), mas o fato é que depois de ter assistido Gravidade (Gravity), duvido muito que qualquer outro filme lançado este ano (incluindo aí até a segunda parte de O Hobbit) consiga superar o nível de espetáculo proporcionado pelo novo filme de Alfonso Cuarón (do ótimo Filhos da Esperança) estrelado por Sandra Bullock e George Clooney. Cuarón, que quando garoto, segundo seu perfil no imdb, sonhava ser tanto diretor de Cinema quanto astronauta, pode ter concretizado apenas a primeira parte de seus desejos, mas fez com Gravidade, a viagem espacial mais marcante e inesquecível que qualquer astronauta de verdade jamais sonharia em fazer.

Gravidade - filme (1)

Depois de A Origem (Inception), sinceramente não lembro de nenhum outro filme que tenha me proporcionado tamanha experiência de imersão e me feito sair do Cinema tão empolgado e extasiado quanto esse Gravidade. Partindo de uma premissa simples (dois astronautas lutam para sobreviver depois que um acidente os deixa à deriva em plena órbita da Terra), o filme – escrito pelo próprio Alfonso Cuarón em parceria com o filho, Jonás -, é surpreendente, tenso e visualmente impactante em cada um de seus 90 minutos de duração que passam como se fossem dez tamanha a dinâmica proporcionada pelo desenvolvimento da história.

Gravidade - filme (5)

Abrindo com um longo e belíssimo plano sequência (uma especialidade de Cuarón), Gravidade nos toma como passageiros de uma câmera que dá mostras impressionantes de qual deve ser a sensação de ver a Terra lá de cima e viaja, sem cortes aparentes (disfarçados, claro, pelo CGI), até o ponto em que passamos a ver a ação através dos olhos da personagem de Sandra Bullock num efeito que remete e expande de forma inesquecível, aquele provocado por esta cena do excelente filme argentino vencedor do Oscar, O Segredo dos seus Olhos.

Gravidade - filme (2)

Em Gravidade, Sandra Bullock faz Ryan Stone, uma engenheira que vê na sua primeira missão no espaço, a rota de fuga ideal de um trauma pessoal, mas que no entanto logo se transforma, a partir do acidente, num novo e assustador pesadelo que desafiará todos os seus limites na busca pela sobrevivência. Bullock, aliás, merece todos os elogios possíveis pela composição cuidadosa e sutil que dedica a cada aspecto do impacto físico e emocional que a jornada impõe sobre sua personagem, num trabalho que certamente deve colocá-la como franco favorita ao Oscar 2013. E pensar que ela fez quase tudo em cenários virtuais é ainda mais impressionante.

Gravidade - filme (3)

George Clooney, por sua vez, faz do astronauta veterano Matt Kowalski praticamente uma versão romantizada de sua persona, já que, mesmo escondido sob a roupa pesada, brinca com seu sex appeal e simpatia o tempo todo nas abordagens que faz (tanto no início quando conversa pelo rádio com a central de controle da missão quanto quando passa a interagir com Ryan), além de esbanjar carisma na construção de um sujeito que aparece calmo e capaz de fazer piadas mesmo quando a escuridão do espaço e seu silêncio ensurdecedor se mostram prestes a engolí-lo por completo.

Gravidade - filme (4)

A propósito, por falar em silêncio, impressiona muito o trabalho feito pelo compositor Steven Price (de Ataque ao Prédio), já que é a sua brilhante trilha sonora, aliada ao apuradíssimo design de som, que desempenha o papel fundamental de estabelecer parte da ligação emocional que temos com a cadeia de eventos que vão ocorrendo no espaço onde, claro, não há som já que este não se propaga no vácuo. Sendo assim, os sons diegéticos do filme acabam refletidos basicamente por coisas que os personagens ouviriam (como a vibração de determinado toque, por exemplo) ou pela própria trilha que reflete em seus variados tons, os sons que poderíamos associar a uma batida, uma explosão etc.

Gravidade - filme (5)

Contando com uma direção inventiva e inspirada (o plano final com a personagem de Sandra Bullock é maravilhoso) e com um 3D excepcional (sério, não deixem de assistir em 3D) que funciona tanto para valorizar a profundidade de campo em diversas sequências quanto para ampliar o impacto emocional em outras (como, por exemplo, naquela em que vemos uma lágrima flutuando), Gravidade é O filme do ano para mim. Divertido, tenso, carregado de suspense e principalmente emocionante, a nova obra do talentoso Cuarón é dessas que foram feitas para serem vistas no Cinema (de preferência num Imax) não uma, mas várias vezes.

E como exagero pouco é bobagem, vou me arriscar a dizer que o sci fi, a partir de agora, passará a se dividir entre antes e depois de Gravidade. Simples assim.

5star

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