quinta-feira, março 28 2024

diariohollywood

Cheguei em Los Angeles na última quarta para a segunda edição do Ligado em Série em Hollywood. A ideia aqui é trazer experiências ligadas à cinema e TV para os leitores e dicas de como e onde conseguir fazer os programas, que são bem acessíveis e você pode ter várias surpresas no roteiro, como conhecer pessoas famosas, visitar locações ativas etc. Pra começar, como diria a nossa querida Juliana Suedde do site 140 Caracséries, “Esse dia, ele foi massa”! Eu e a Aline Diniz (que está me acompanhando e fazendo sua cobertura lá pro Omelete) começamos nos estúdios da Warner Bros. em Burbank. O Tour VIP custa US$ 54,00 por pessoa, deve ser agendado por este site, e dura cerca de duas horas. A Warner fica em Burbank, bem próximo a Hollywood, literalmente atrás da montanha onde está localizado o Hollywood Sign.

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Após um breve vídeo sobre a história do estúdio e suas principais produções ao longo de 90 anos, cada grupo de até 10 pessoas é direcionado para um “carrinho de golfe” e literalmente entramos pelas portas de onde saíram e saem séries como Friends, The Big Bang Theory, Two and a Half Men, ER e muitas outras. Entre os destaques de TV, há um museu de carros onde estão estacionados veículos usados em diversos filmes (como todos os Batmóveis originais), os das séries Chuck, The Mentalist, e até a cápsula espacial de The Big Bang Theory. No lot é possível ver as fachadas “limpas” que emulam cidades e são constantemente utilizadas em diversas produções (e depois que você visita as locações, é impossível não percebê-las). Em uma das locações (aquela cidade usada em Gilmore GirlsEastwick e, agora, Hart of Dixie) deu pra ver o carro de Rachel Bilson estacionado próximo à placa “Dr. Zoe Hart” (fotos abaixo na galeria).

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Essas fachadas são reutilizadas em várias produções, mudando apenas os ângulos, logotipos de fachadas e adereços cênicos que podem ser facilmente encaixados em buracos no chão. Geralmente leva-se 24 horas para preparar um determinado set (dos vários) para emular Nova York, Chicago, Paris etc., mas chegaram a gastar, certa vez, duas semanas para transformar as ruas da cidade cenográfica no japão antigo de The Last Samurai. Uma das partes mais surpreendentes do tour são dois minúsculos gramados onde gravaram irônicas cenas como a do futebol americano de Friends e a corrida de Phoebe no “Central Park”. Aliás, tudo (tudo mesmo) parece infinitamente menor do que na TV, o que o guia explica como “técnicas de câmera” para enaltecer as locações. Uma das paradas, dentro do soundstage onde é gravado The Big Bang Theory, me impressionei com quão apetados são os cenários. O simpático guia Noah explicou que, geralmente, paredes das sitcoms possuem uma construção em V para “enganar” as câmeras e aumentar o espaço virtualmente (infelizmente é proibido tirar fotos lá dentro). As séries de Chuck Lorre são gravadas em estúdios próximos, que eles chamam de “Lorreland”.

lorreland

Outra curiosidade sobre The Big Bang Theory são as cenas em que os personagens sobem as escadas. O cenário (claro) é o mesmo e a cada andar eles precisam trocar os números das portas, adereços cênicos e do elevador e fazer com que os atores desçam para parecer que estão subindo. Todo o processo de gravação de uma sitcom, por essas e outras que contaremos após assistirmos às gravações de Men at WorkMom) dura de quatro a seis horas. As paradas na Warner ainda incluem uma visita à externa do estúdio 24 (onde Friends era gravada e hoje está sendo rodada Mike & Molly), à micro-floresta de True Blood (que estava fechada, pois estavam gravando cenas da última temporada naquele exato momento), um tour pelo museu de objetos e figurinos de várias séries e filmes (como roupas de Smallville e o piano e a urna funerária de Charlie Harper de Two and a Half Men) e à uma área totalmente dedicada a Harry Potter.

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A parte imperdível to tour e o momento mais aguardado de muitos, é conhecer o set preservado de Friends, onde agora é possível sentar no lendário sofá e levar uma foto pra casa. É um tour obrigatório e um dos melhores de Hollywood pra quem ama cinema e TV. Na saída, um gift shop está te esperando para você levar souvenirs de suas séries favoritas.

Conan

À tarde fomos à gravação do episódio do dia de Conan, talk-show exibido nos EUA pela TBS e no Brasil pela HBO Plus. A entrada é gratuita, mas você precisa solicita os ingressos no site do apresentador. Aparentemente os convites são “sorteados”, mas aprendi que se você colocar um endereço americano, a chance de conseguir aumenta (coloque o do seu hotel). É bom ter uma tarde toda livre para isso, pois o processo para entrar no estúdio é mais longo do que as gravações em si. Primeiro você vai para um estacionamento onde o visitante é submetido a detector de metal, checagem de documentos, carimbo na mão, mais outros dois checkpoints de segurança, até seguirmos em fila indiana de 20 em 20 por cerca de 600 metros (a pé) até o estúdio. Tudo leva umas 4 horas, até você estar de volta no seu carro (o estacionamento é grátis ou barato na maioria dos estúdios e o transporte público de Los Angeles é horroroso, então aluguem um carro).

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O capítulo gravado e exibido no mesmo dia foi totalmente fora do comum. O convidado (geralmente alguém famoso lançando uma série ou filme), dessa vez foi o comandante-geral do exército norte-americano Ray Odierno (nem a maioria dos presentes sabia quem ele é), mas que estava lá para informar sobre um programa de apoio a veteranos de guerra. A entrevista foi um porre, parecia que Conan estava fazendo um favor para o homem, mas a parte mais interessante foi um sujeito que se levantou  da plateia com um lenço no rosto gritando frases anti-guerra. E o que mais me surpreendeu foi a demora dos seguranças para retirá-lo do local, já que eles são tão ágeis para reprimir qualquer um que tira o celular do bolso, nem que seja para olhar as horas (sim, é totalmente proibido fotografar lá, mesmo com as câmeras paradas).

Sem se abalar, Conan apenas brincou “você sabe que esse programa é gravado e nada disso vai ao ar, certo amigo?” e, logo em seguida, se desculpou com o convidado e seguiu naturalmente. O segundo convidado foi o comediante Bill Burr (que também interpretou o capanga de Saul Goodman, o Kuby, em Breaking Bad), aparentemente para cobrir espaço. Não teve convidado musical e logo após a entrevista de Burr o produtor informou que era pro Conan encerrar do nada, o que eles chamam de “crash”.

Conan, então, começou a discutir com o produtor “como assim, encerrar em crash? não temos mais nada, nenhum material?” e o interrompeu para falar com a plateia “pessoal, desculpem por isso, essa conversa nunca ocorre aqui e dessa forma”. Conan encerrou com o “crash”, ele canta uma música de despedida (que não vai ao ar) e a banda da casa faz um showzinho até todos saírem. É uma visita bem legal, que teria sido mais proveitosa se tivéssemos convidados melhores. Infelizmente é uma loteria. No dia seguinte, por exemplo, os convidados eram Nick Offerman (Parks and Recreation) e todo o elenco de The Walking Dead. =/ De toda a forma, foi mais uma experiência enriquecedora para qualquer fã de TV.

Veja abaixo mais fotos do dia 1:

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