quinta-feira, março 28 2024

diariohollywood

Se você sempre pensou que gostaria de assistir à gravação de sua sitcom favorita um dia, repense. Este é um dos processos mais demorados, maçantes e desgastantes do show business. Mas se você quer enfrentar a jornada, comece em sites como o TVTickets.com onde deve escolher, com cerca de 30 dias de antecedência, a série que quer assistir: de The Big Bang Theory, How I Met Your Mother e Two and a Half Men (as mais concorridas) às novatas como The Millers e Mom (mais fáceis de conseguir). Sim, há uma plateia de verdade nesses programas, é de graça e basta checar o site diariamente e correr para reservar um ticket que – como acontece nos talk-shows – não garante sua entrada no estúdio. Já séries single camera como Parks and Recreation e The Goldbergs, por exemplo, não possuem plateia e o acesso ao set é totalmente restrito.

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Desta vez a produção que escolhi foi Men at Work da TBS, com Danny Masterson (That ‘70s Show), Michael Casidy (Smallville), Adam Busch (Buffy) e James Lesure (Las Vegas), gravada nos estúdios da Sony em Culver City. É uma das poucas e boas sitcoms ainda no ar que possui piadas inteligentes e uma química interessante entre todo o elenco. Para levar 22 minutos de série, eles gastam cerca de cinco horas no estúdio e o público enfrenta entre seis a oito horas com check-in, procedimentos de segurança, espera, filas, entrada e saída do estúdio etc. Na maior parte do tempo, ficamos sentados na plateia sendo “entretidos” por um comediante chato enquanto os produtores (muitos deles) e atores se preparam, câmeras são reposicionaras a cada transição de cena ou o roteiro é reescrito pelos roteiristas presentes.

Sim, apesar de todos os atores já chegarem com as cenas e marcações de cena já ensaiadas, muitas piadas e situações são alteradas in loco com base na reação do público (daí a utilização desse recurso, iniciado por Lucille Ball de I Love Lucy, pois ela era insegura com relação às piadas). Na maioria das vezes a mudança é para melhor, ou seja, a série fica mais engraçada ao decorrer das gravações, mas isso significa pausas intermináveis para que o texto seja reescrito, repassado aos atores e executado. Os cenários principais (como os apartamentos do pessoal de The Big Bang Theory ou o Central Perk de Friends) ficam posicionados à frente da plateia e outros são montados ao lado para as demais cenas (por exemplo: um consultório médico, aeroporto etc.) de acordo com a necessidade do roteiro daquele episódio.

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O episódio que vi foi o season finale da terceira temporada e teve a participação de J.K. Simmons (Growing Up Fisher) e Kelen Coleman (The Newsroom). Desta vez (ao contrário do que aconteceu em Old Christine, que compareci em 2009), eles não deram nenhum contexto do que estava acontecendo na série, então fiquei boa parte perdido sobre a história. Na real, eles não estão nem aí para a plateia. Apenas querem nossas risadas. Você só pode ir ao banheiro na hora que eles permitem e, durante todo o tempo, servem apenas um pedaço de pizza (passado de mão em mão num guardanapo) e uma mini-garrafa d’água. Ao final da primeira hora você está rindo no automático das mesmas piadas apenas pra sair dali mais rápido. As cenas muitas vezes precisam ser refeitas entre duas e quatro vezes para pegarem diferentes ângulos e reações (os atores erram muito pouco, no entanto) ou corrigir algum posicionamento ou timing.

Veredicto: por mais que você goste de uma série ou de determinado ator, garanto que ao final da gravação de um sitcom você não vai cogitar sequer passar por isso de novo para ver quem for – a não ser que você seja o editor de um site que cobre séries.

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