quinta-feira, março 28 2024

zap-extant-season-1-episode-11-a-new-world-pho-010

[com spoilers do episódio 1×11] Onze episódios na temporada e Extant continua em negação sobre os limites da suspensão da descrença: A New World é mais um episódio embebido em situações sem antecipação ou explicação nenhuma de como elas se formaram, simplesmente brotando do nada tal qual uma continuação de Transformers. Menos mal que os realizadores tentam se desculpar jogando algunas informações novas e evoluindo um pouco a história, mas está longe de tirar o gosto de guarda-chuva deixado pela ressaca do episódio.

A New World já chafurda na lama ao só agora nos apresentar duas personagens que parecem ter certa relevância, Ryan Johnson e a ex-esposa grávida de Yasimoto (cujo papel, óbvio, é mais como motivação dramática. Acho. Extant não liga muito para esse lance de motivação, então pode ser só algo que botaram ali para cumprir cotas de flashbacks). Ambos surgem convenientemente no momento em que Molly está sem opções (e Ryan torna a ISEA uma alternativa viável de auxílio) e Yasimoto precisa de um catalisador para a sua história (donde concluímos que a ex-esposa grávida é a tal da motivação, porque produções americanas acham que só jogar uma esposa grávida ali gera empatia imediata. Elas são tipo a antítese audiovisual dos nazistas). E apresentar elementos tão de última hora para – coincidentemente – solucionarem duas questões relacionadas a duas personagens-chave não acrescenta muita força à história.

Mas o que esperar de uma série onde Molly e Gordon localizam o carro de Sparks por pura força de vontade? Os vestígios de um roteiro que não tá nem aí para nada surgiram quando os dois simplesmente entram no estacionamento do motel dizendo “aquele é o carro” (como eles acharam o lugar?), ganharam força quando Mason – que estava desacordado e despido de quaisquer recursos tecnológicos – também deu as caras no motel e extrapolaram todos os níveis de segurança quando eles simplesmente abriram a porta e entraram no apartamento de Sparks, como se ali fosse o apartamento da Mônica em um episódio de Friends. A New World ignora o conceito de “prestar atenção na tela” e torna tudo fácil demais para suas personagens, que vão do ponto A ao ponto B sem esforço nenhum, esterelizando assim qualquer tipo de habilidade, inteligência ou capacidade que elas precisam/deveriam ter.

Pelo menos o episódio mantém a coerência, já que a trama envolvendo John também é pontuada por situações de lógica duvidosa – e fazer os seguranças não deixarem o cientista acessar a cozinha, mas sequer colocar alguém por perto quando ele entrou sem dificuldades na sala mais particular de Yasimoto, arrombou o cofre e mexeu na raríssima substância que mantém o milionário vivo e pela qual ele gastou fortunas e vidas é a prova definitiva que os realizadores de Extant usam algum tipo de gerador aleatório de cenas para escrever os roteiros.

Assim, boa parte da A New World é a pauta de sempre: Molly correndo atrás do “descendente” e quase encontrando ele, John enfrentando algum inconveniente para que não possa ajudar e Ethan se envolvendo em alguma situação peculiar. O episódio também finge que nos dá mais informações sobre Yasimoto, mas na real não expande muito – descobrimos que ele é muito velho (já sabíamos ou ao menos suspeitávamos), que ele precisa da substância para sobreviver (já sabíamos) e que a substância não pode ser encontrada/reproduzida na Terra (já sabíamos).

Só no final é que alguma coisa mais interessante acontece, com Odin literalmente colocando uma bomba em Ethan a aparição de Katie na Seraphim (junto com outros astronautas), um misterioso indício de que essa forma de vida alienígena, seja lá o que for, está dando um novo passo para concretizar seus planos, seja lá quais forem eles. Entretanto, mesmo essa cena soa produzida de qualquer jeito, já que a nave espacial entra em contato e aborda a Seraphim no maior clima de “tô pela vizinhança e vou dar uma passada aí”. Coerência do início ao fim na abordagem incoerente empregada em A New World.

1star

Deixe um comentário