sexta-feira, março 29 2024

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Antes de ser Saul Goodman (Bob Odenkirk), ele era Jimmy McGill. A chegada de Better Call Saul pouco depois do fim da memorável Breaking Bad foi uma bela surpresa para os fãs. Ao mesmo tempo em que a nova produção é ambientada no universo onde já existem os personagens Walter White, Jesse Pinkman e cia., os criadores e roteiristas Vince Gilligan e Peter Gould conseguiram criar uma história independente.

E uma história, como este primeiro ano de Better Call Saul mostrou, que vale a pena ser contada. Não é coincidência, ainda, que a trajetória de transformação de Walter White em Heisenberg seja tão parecida quanto a de Jimmy McGill em Saul Goodman. Mas enquanto em Breaking Bad a surpresa vinha através da constatação daquilo que Walt estava se tornando ao longo do tempo, aqui o mesmo ocorre quando descobrimos o homem que Saul foi em seu passado, ja que neste caso nós sabemos o que vai ocorrer no futuro.

A temporada abriu com um inusitado flashforward da série original mostrando o já Saul Goodman totalmente abdicado da sua persona forte enquanto relembrava o seus anos de glória como o advogado trambiqueiro mais bem-sucedido de Albuquerque. Mas anos antes existia Jimmy. A trama em si teve início quando o nosso protagonista está lutando para estabelecer-se como um causídico respeitado. Inexperiente, ele por um tempo se tornou um conhecido advogado de “porta de cadeia”, trabalhando como defensor dativo de criminosos de menor potencial ofensivo e recolhendo uns trocados no Tribunal. Ficamos conhecendo ali também, sem muito aprofundamento, a estranha relação dele com o irmão Chuck (Michael McKean) – também advogado – que aparentemente sofria de algum distúrbio mental que o impedia de sair de casa, pois afirmava ser “alérgico” a ondas elétricas.


Ouça: LigadoCast especial sobre Better Call Saul


Em paralelo, este excelente prequel balanceou o seu tempo para apresentar e desenvolver o passado de outro querido personagem de Breaking Bad, Mike Ehrmantraut (Jonathan Banks), que possui uma trajetória não menos errática e interessante do que a de seu companheiro de tela. Do segundo capítulo em diante a produção apresentou uma sequência de episódios fenomenais que, através de uma narrativa maleável (com idas e voltas no tempo), introduziu casos e situações aparentemente desconexas, mas que invariavelmente começaram a montar o quebra-cabeças do que foi a vida destas interessantes figuras. Destaque para os capítulos 1×04: Hero1×06: Five-o1×09: Pimento, que se tornaram os marcos das mudanças que estavam por vir.

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Tudo isso, claro, embalado pelo esmeiro técnico já característico da obra de Vince Gilligan, onde os enquadramentos, paletas de cores e movimentações de câmera desempenham um papel fundamental para enriquecer a narrativa, fora a competência inigualável de todos os atores – do protagonista às participações especiais. Aliás, os realizadores são dignos de nota por saberem apresentar e desenvolver o roteiro proposto de forma comedida e sem atropelos. Assim, Better Call Saul dedica tempo e paciência para contar a história sem recorrer a saídas fáceis ou ao anseio de estabelecer logo de cara o Saul Goodman que fomos apresentados em Breaking Bad. Seria este um ótimo drama procedural com Saul atendendo seus clientes em seu escritório? Seria. Mas conhecendo as motivações e a história, a experiência é muito mais completa.

Com isso, a série encerrou a sua primeira temporada na TV amarrando as diversas tramas soltas: do flerte de Jimmy com o mundo do crime, passando pelo desgosto sofrido com a rejeição do irmão até chegar no momento onde ele esboça o início de uma nova fase desapegado das amarras morais que ainda o prendiam. A essência de trambiqueiro de Jimmy (que vimos através do seu passado aplicando pequenos golpes de bar) é tão patente quanto a noção de honra e sobrevivência de Mike (ex-policial num precinto corrupto) e é curioso notar como, mesmo em circunstâncias extremas, o que moldou estas pessoas sempre vem à tona.

Better Call Saul cumpriu a função de expandir o universo de Breaking Bad sem perder a qualidade e criando uma identidade própria. Aguardando ansiosamente pelo segundo ano. A série é exibida nos EUA pela AMC e no Brasil com exclusividade pela Netflix.

5star

15 comments

  1. Muito bom. Ficamos no aguardo, e muito.. pela segunda temporada.

  2. A série não decepcionou. Aguardo, ansiosamente, a segunda temporada.

  3. É justo afirmar que a 1ª temporada de Better Call Saul é superior a 1ª temporada de Breaking Bad?

  4. Chuck McGill é o melhor personagem que foi introduzido na série. Quando tiver velho, provavelmente terei um cobetor espacial daquele também… Hehehehe.

  5. Realmente não decepcionou. Confesso que esperei a série com o pé atrás pela sombra espetacular que breaking Bad deixou, mas a série me surpreendeu de forma positiva. Concordo com a crítica e tbm tô super ansiosa pra ver a próxima temporada!

  6. Better Call Saul, a 1 Temporada foi sensacional, não tenho que reclamar, más, não acho correto ficar comparando com Breaking Bad, seria injusto para as 2 séries que são maravilhosas, HEISENBERG e SAUL são muito foda!!

  7. Embora a primeira temporada de Better Caul Saul ter sido muito boa mesmo, acho que não cabem comparações ainda…

  8. Precinto??? (ex-policial num “precinto” corrupto)
    Parece uma “aportuguezação” da palavra em inglês “precinct” – recinto ( também delegacia, distrito policial)
    O significado não é o esperado!

  9. E a segunda temporada? só ano que vem?
    Ah para aí né! Vão trabalhar !

  10. tb acho incorreto comparar …. outra coisa, quem veio seco achando que Better CS era uma continuação de BB … dançou!

    agora podemos ver tudo sobre o Saul que não vimos em BB. Se tem uma série só p ele, é pq ele tem e tará história! O Saul é mto mais q um advogado picareta taxado em BB … e a série nos conta isso!

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