quinta-feira, março 28 2024

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[contém spoilers] Chegamos à metade do quinto ano de Game of Thrones e, para a minha surpresa, esse “Kill the Boy”, roteirizado por Bryan Cogman e dirigido por Jeremy Podeswa (Boardwalk Empire), conseguiu ser o melhor episódio da temporada até o momento. O motivo para isso foi o fato do capítulo ter sido focado justamente em núcleos e personagens que até algumas temporadas atrás, estavam longe de serem os favoritos dos fãs (Jon Snow/Muralha, Stannis, Sansa, Boltons e Theon). De certo modo, o episódio utilizou a mesma estrutura do quinto livro, “A Dança dos Dragões”, ao focar no Norte, na Muralha e em Essos (Porto Real e Arya não apareceram).

Em Meereen, já não há mais o que negar: Daenerys está completamente perdida. Com a morte de Sor Barristan, a rainha Targaryen acabou sendo consumida pela tristeza e pelo ódio, e tomou uma ação que me pareceu impulsiva e que pode apenas causar mais problemas para ela (e vale dizer que a cena do dragão foi mais uma prova de como o orçamento da série é muito bem utilizado). Até mesmo o momento na qual ela pede conselhos de Missandei evidencia o quanto a garota não está preparada para reinar, e o quanto ela precisa de ajuda nesse momento (mais uma pista para a chegada de Tyrion?). E assim, após ver que tanto a justiça quanto o medo não deram certo, Daenerys tentará instalar a paz em Meereen através de um casamento com Hizdahr zo Loraq, que é o chefe de uma das principais famílias da cidade. A estratégia é boa, mas se isso irá render bons frutos, aí já é outra história.

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Enquanto isso, na Muralha, Jon Snow é aconselhado por Aemon a “matar o garoto e deixar o homem viver”. De certa forma, foi exatamente isso que Dany fez, mas a diferença aqui é que Jon toma a sua decisão pensando no bem maior, e não em tentar agradar ambos os lados. A cena de Jon convencendo Tormund a conquistar o apoio dos selvagens mostra o quanto o personagem amadureceu. Porém, a decisão de Jon é tão perigosa quanto a de Dany, pois como vimos no episódio, a aliança com os selvagens irá desagradar a maioria dos Patrulheiros, que após tantos séculos de batalhas e perdas, são incapazes de perceber que os Outros são os verdadeiros inimigos.

Já Stannis finalmente partiu com o seu exército em direção à Winterfell. O personagem está se revelando um dos melhores da temporada, desde os seus momentos de humor (“Fewer”) até a cena na qual ele conversa com Sam sobre o ponto fraco dos Outros, mostrando ser o único dos candidatos a rei que realmente se importa em ajudar o reino. A própria série parece reconhecer o quanto o personagem está simpático, já que mesmo a sua música-tema, que anteriormente servia para introduzi-lo como antagonista, agora ganhou tons mais heroicos.

Kill the Boy também foi o primeiro episódio no qual passamos mais tempo do que o normal com a trama dos Boltons. E se nas duas temporadas anteriores, era difícil ver o propósito desse núcleo (que se limitava a mostrar Ramsay torturando Theon), a mudança para Winterfell e a chegada de Sansa foram bastante bem-vindas. Sophie Turner, Iwan Rheon, Michael McElhatton e Alfie Allen entregaram as suas melhores atuações até o momento, desde a cena do encontro de Sansa com Theon (onde a expressão de surpresa e choque no rosto de Turner é rapidamente substituída pelo nojo e ódio), passando por aquele jantar constrangedor (rivalizando com o jantar de Jesse com a família White em Breaking Bad), e terminando no momento em que Roose conta ao filho como conheceu a mãe dele, numa perturbadora rima narrativa com a cena de Stannis e Shireen no episódio anterior.

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E finalmente, chegamos à melhor sequência do episódio. Em um momento a lá The Lord of the Rings, Tyrion e Jorah navegam pelas ruínas de Valíria. Embora a representação da série não se pareça com a que eu imaginei (com base nas descrições dos livros, eu esperava algo estilo Mordor), ainda assim foi grandiosa e impressionante. Mas foi a dinâmica e o momento de epifania entre os dois personagens que tornou a sequência tão bem-sucedida. Tyrion e Jorah são muito mais parecidos do que eles imaginam: ambos são membros de famílias importantes de Westeros, exilados de suas terras natais. Ambos perderam as mulheres que amaram, cada um ao seu modo, e estão longe de suas casas, amargurados e no fundo do poço. E agora ambos estão cruzando o lugar mais perigoso do mundo, em busca de Daenerys, o seu motivo para viverem. Quando os dois recitam o poema sobre a perdição de Valíria, é o momento em que eles percebem pela primeira vez que tem muitas coisas em comum. Quando ambos veem Drogon voando, em meio a toda aquela destruição, a dupla deve tomar aquilo como um sinal de esperança.

Uma esperança que é quase que instantaneamente quebrada no momento em que os Homens de Pedra atacam, numa tensa sequência. O desfecho do episódio (que fotografia belíssima!) mostra que agora, Tyrion e Jorah estão mais íntimos, ao passo que o segundo ganhou uma lenta sentença de morte, e que deve incentivá-lo ainda mais a chegar a Meereen e fazer de tudo para ver sua amada sentada no Trono de Ferro. Ah, e já que não teremos Jon Connigton na série, foi uma boa sacada dos roteiristas transferir a infecção de escamagris para Jorah. É bem mais fácil nos importamos com o destino de um personagem que conhecemos desde o primeiro episódio.

5star

1 comment

  1. Provavelmente a escamagris irá substituir a égua descorada em Meereen.

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