quinta-feira, março 28 2024

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Estreia está marcada para domingo, 30 de agosto às 21h no AXN

Convenhamos: séries nacionais ainda precisam evoluir muito em termos de estrutura narrativa, interpretações, linguagem e, especialmente, em arrojo temático. Conversando com alguns jornalistas antes da cabine de Santo Forte, nova produção nacional original do canal AXN em parceria com a Moonshot Pictures, a sensação geral é que as séries daqui estão muito mais preocupadas em apresentar uma roupagem bonita (forma), sem se preocupar com o conteúdo. Muitas querem parecer séries americanas, mas esquecem de que antes precisam ser séries boas.

Isso, invariavelmente, contribui para que a boa parte das produções lançadas não caia nas graças do público-alvo e sejam celebradas pelos canais e produtoras mais por cumprir a cota do que por gerar discussões e análises aprofundadas, impactando o mercado. Lembro-me agora de poucas exceções como Sessão de TerapiaMandrake, mas ainda assim em nível muito restrito. Curiosamente e sem qualquer pompa, campanha de marketing ostensiva ou grandes premières, o canal AXN apresentou hoje à imprensa uma produção que, embora não não fuja 100% da regra acima, traz consigo algo fora da curva e que me chamou a atenção por destoar da mesmice.

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Santo Forte acompanha a trajetória e a vida dupla de João da Cruz Forte (Vinícius de Oliveira, de O Rebu), um taxista que tem o “corpo fechado” e, por vezes, ao receber o pagamento pela corrida de seus passageiros, tem visões sobre eles e se sente na obrigação de ajudá-los. João é um rapaz de poucas posses, mas que tenta dar uma vida digna à mulher Dalva (Laila Garin) e aos filhos. Seu passado, no entanto, guarda um capítulo obscuro por conta de um grave erro cometido. A missão de prestar ajuda a todos que necessitam é a consequência necessária e nem sempre agradável de seu dom, que às vezes vira uma maldição. A premissa lembra Touch, com Kiefer Sutherland, mas com alguém competente como Marc Bechar (9MM) assinando os roteiros no lugar de Tim Kring, e com uma pegada de realismo fantástico.

Ao abordar elementos do Candomblé em sua narrativa sem apelar para estereótipos e exageros, Santo Forte chega com um episódio piloto eficiente e consciente da mídia e do canal em que será veiculada. É um procedural com elementos character driven, como explicou o próprio  diretor Roberto D’Ávila (Sessão de Terapia): teremos o caso da semana através dos passageiros que entram no táxi de João, mas ao mesmo tempo ela desenvolverá seus personagens. Isso, aliás, fica muito claro quando o elenco secundário é apresentado. O drama possui um universo rico que permite criar boas subtramas, sem esgotar rapidamente sua premissa.

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Grande destaque vai para o antagonista de João chamado Barracuda (excelente interpretação de Cassiano Carneiro), um agiota que é uma figura deliciosamente complexa e bem construída, capaz de extrair do espectador – com diferença de poucos segundos – desprezo e empatia. Complementando a história, temos o jornalista investigativo Fábio (Guilherme Delloto), que se “infiltra” como auxiliar de João para descobrir por que ele aparentemente “sobrevive” a tantas tragédias (ou também está envolvido em tantas). Embora aqui ali apresente uma fotografia e direção com características novelescas, o que não é necessariamente ruim quando bem empregado, o saldo inicial é bastante positivo.

Santo Forte estreia neste domingo (30/08) às 21h já como um preliminar grande acerto do AXN no quesito “séries originais”. Outra boa estratégia é que o episódio estará disponível no YouTube logo após a exibição e terá reprises ao longo da programação.

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Assista ao trailer:

[youtube video=https://youtu.be/jHriJxZfNXE]

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