sexta-feira, março 29 2024

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Será que estamos no embrião de uma nova era de ouro da TV? Se depender de Fargo, sim. A série de Noah Hawley, adaptada do filme homônimo dos irmãos Coen, já teve uma primeira temporada acima da média, mas foi em seu segundo ano que a produção atingiu níveis… estelares. Ela prova, aliás, que o formato de “série limitada” pode funcionar muito bem quando empregado da maneira correta por seus realizadores, ao mesmo tempo apresentando arcos narrativos totalmente independentes, mas conectados de alguma forma.

Assim como no filme de 1996 e em seu ano um, a trama complexa e emaranhada – que dispensa explicitação – tem início com dois crimes (aqui, um assassinado num restaurante e um atropelamento seguido de fuga) e que se desdobra por três estados do norte dos EUA numa série de desentendimentos e, é claro, muitas mortes.

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Além disso, este ano Hawley e o brilhante time de roteiristas decidiu também brincar com a forma narrativa da “comédia de erros”, introduzindo flashbacksflashforwars, sequências de sonho e narração em off que complementam a história. Um dos episódios finais, por exemplo, foi contado pelo personagem Lester Nygaard (Martin Freeman, da primeira temporada), como se fosse o capítulo de um livro.

A condução segura de Hawley conseguiu também evocar na produção os anseios, medos e acontecimentos sociais do fim dos anos 70 numa roupagem completamente atual e relevante, costurada pelos policiais interpretados por Patrick Wilson (Girls) e Ted Danson (CSI) e envolvendo um casal de classe média do interior dos EUA com sérios problemas de confiança (Jesse Plemons de Breaking Bad e Kirsten Dunst), uma família de mafiosos (liderada pelo personagem de Jeffrey Donovan, de Burn Notice) e seus rivais psicopatas, um nativo-americano implacável, e até mesmo aparições do presidente dos EUA Ronald Reagan (Bruce Campbell, também de Burn Notice).

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Se tem uma coisa que Fargo sabe fazer muito bem é balancear a multiplicidade de personagens e tramas, entregando sempre episódios equilibrados, concisos e completos, sem jamais fazer o espectador questionar o que está sendo apresentado em tela e o motivo. Ora focando em histórias particulares e ora apresentando tiroteios e confrontos de fazer inveja aos melhores filmes de ação, a série ainda conseguiu tempo para incluir um interessante ponto em tudo isso: aliens!

E por que? Ora, porque sim! Este era um tema em alta naquela época e as sugestões desde o primeiro episódio até aquela aparição surpreendente de um disco voador no penúltimo capítulo mostram a confiança que os realizadores possuem no próprio texto e em seus espectadores pelo arrojo de terminar a série sem sequer explicar o que vimos. Contando ainda com interpretações absurdamente inspiradas de todo o elenco, em especial Plemons, Dunst e Nick Offerman (Parks and Recreation) como o advogado bêbado Karl Weathers, Fargo já se tornou um dos melhores eventos televisivos do ano. É divertida, pungente e carregada da assinatura distinta dos irmãos Coen.

5star

A terceira temporada já foi confirmada, mas a série retornará somente em 2017.

8 comments

  1. Não poderia concordar mais com seu texto Bruno. Fargo é algo sublime. Falta palavras. Indico pra todos. O mundo precisa ver FARGO!

  2. Sem dúvida alguma, uma das melhores séries do ano.

    Obs: Bruce Campbell tem é que ser lembrado eternamente por Evil Dead, ou se quiser série, vamos de Ash Vs Evil Dead, então. =P

  3. Complicado assistir Fargo… tanto a primeira quanto a segunda temporada .. você sabe que está vendo uma obra prima.. agora só em 2017 ? :(

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