quinta-feira, março 28 2024

fullerhouse

Full House, ou Três é Demais, foi uma das primeiras séries de TV que acompanhei religiosamente na vida. A singela produção era uma sitcom tradicional que durou de 1987 a 1995 e trazia como premissa o dia a dia da família Tanner. Danny, Jesse e Joey (Bob Saget, Dave Coulier e John Stamos) eram três solteirões que criavam as meninas DJ, Stephanie e Michelle (Candace Cameron Bure, Jodie Sweetin e Mary-Kate/Ashley Olsen) em uma town house em São Francisco.

Singela, Full House era uma comédia leve, que casava perfeitamente com os anos 80/90 e fez uma geração acompanhar o crescimento daquelas garotas naquele contexto (assim como em Anos Incríveis). Era redondinha e estava acabada, até que a Warner Horizon e Netflix decidiram, sei lá por que cargas d’água, que era hora de fazer uma espécie de revival, 21 após o seu fim.

Fuller House parte da mesma premissa, mas agora são as meninas (Andrea Barber, a Kimmy, substitui Michelle por conta da ausência das Olsen) é que criam três filhos pequenos. Mas tá tudo errado com o tom, com a produção, com os atores e especialmente com o roteiro aguado. Ela se baseia exclusivamente em recriar momentos nostálgicos da série original numa tentativa de arrancar suspiros da plateia de convidados presente nas gravações e no público de casa.

A partir do momento em que todos os atores veteranos ressurgem no estúdio, há um desfile sem fim de referências, bordões, pausas constrangedoras, seguido de uma sequência de acontecimentos aleatórios apenas para preencher cada meia hora. Isso fora os momentos de um sentimentalismo barato que é tão artificial como a grama do quintal dos Tanner, evidenciada pela produção enlatada de estúdio (veja como eles nem tiveram o cuidado de ir a locações para fazer a nova abertura, trazendo os atores em frente a cenários pré-fabricados em MDF). Esse apelo sentimental forçado fica evidente, por exemplo, na cena em que DJ fala com o bebê do quanto será difícil ser uma mãe solteira (seu marido bombeiro morrera heroicamente, argh) enquanto toda a família escuta o desabafo no andar de baixo pela babá eletrônica.

fullerhouse

Em outro ponto, a tela literalmente se divide e imagens da série original surgem para que os atores recriem a mesma cena. É triste constatar que eles simplesmente foram incapazes de fazer algo novo, ainda que explorando o apelo nostálgico. A quarta parede também é quebrada (quando olham diretamente na câmera em busca das Olsen ou quando fazem comentários sobre a vida e projetos dos atores), mas sem qualquer propósito narrativo (diferente quando Community ou Arrested Development, por exemplo, faz o mesmo). Fuller House é uma comédia inofensiva, sim, mas qual era a real necessidade de reciclar esse produto duas décadas depois? Não há, artisticamente, nada para ser extraído dessa série, a não ser um fan service datado para millenials em seus 30 e poucos anos.

A melhor forma de reviver a nostalgia da série era simplesmente ter colocado-a inteira no catálogo da Netflix (algo que até agora não foi feito, diga-se) para reprises on demand, de forma que as novas gerações a conhecessem.


Atualização: Não, leitor. Esta não é uma crítica baseada “apenas em um episódio” de Fuller House como acusam abaixo nos comentários e nas redes sociais. A Netflix nos mandou os capítulos antecipadamente, como sempre fazem e assisti tudo. Inclusive discuti vários elementos da temporada abaixo como o excesso de referências, bordões, fan service e sentimentalismo barato que permeiam toda a temporada. Sim, usei exemplos do piloto, pois foi o único episódio em que prestei a fazer anotações e é o capítulo que traz a principal reunião de veteranos. Quando a crítica de alguma série é do piloto, eu sempre indico no início. Pra mim Fuller House é sim regular (o que duas estrelas significam). Não a considero uma série boa, ótima ou excelente, mas também não a acho ruim. Aprendam a lidar com a opinião diversa. Este é e sempre será um site de opiniões. Abraços,


2stars

29 comments

  1. Oi Bruno…. muito bom seu texto.

    Eu pessoalmente achei até a sua nota muito alta perto do constrangedor que é ver a série. Entendo perfeitamente que o que podemos ver é que como a televisão, e as séries enlatadas, amadureceram desde o fim de Full House.

    Fica evidente que o que se fazia nos anos 90 não cabe hoje no que se faz a televisão. Entendo, claro, que é uma série para o botão “kids” do Netflix. Mas mesmo assim considero o mesmo erro de avaliação que tiveram quando fizeram o contrato com o Adam Sandler para seu filme.

    Nao querendo apontar dedos a ninguém, mas acho que a própria Netflix está dando derrapadas assustadoras com os programas como “Chelsea Does”, “Fuller House”, assim como a péssima “wet hot summer”.

    Assim, entra na conta de outro brilhante texto que escreveu sobre “vale a pena cancelar a tv e só ficar com o netflix”. Por tentar criar qualquer coisa e colocar no ar, acaba por ficar igual às outras. E isso é para se meditar.

    Abraços, e sinceramente o Fuller House merece é uma estrelinha só

  2. A Netflix poderia se redimir dessa bomba, disponibilizando Full House original né?! hahha

  3. Entendo a crítica, mas pra mim o revival ficou nessa expectativa de relembrar os bons momentos da série anterior, pra mim em particular, ela ta bem resolvida onde estava lá atrás, a nova série são só momentos extras, nada que vá manchar a imagem construída pela original.

  4. Mas isso ai é uma crítica só do primeiro episódio ou da série? Depois do primeiro episódio que realmente apelou pra nostalgia (e não podia ser diferente), a série tomou o seu rumo contando a história das meninas. O relato que li aqui não se aplica aos demais 12 episódios.

    “Ela se baseia exclusivamente em recriar momentos nostálgicos da série original numa tentativa de arrancar suspiros da plateia de convidados presente nas gravações e no público de casa.”

    “Em outro ponto, a tela literalmente se divide e imagens da série original surgem para que os atores recriem a mesma cena. É triste constatar que eles simplesmente foram incapazes de fazer algo novo, ainda que explorando o apelo nostálgico. “

  5. Acabo de ler uma crítica desnecessária, onde o autor analisa uma série de 13 episódios com base em 1 capítulo assistido.

    Passando a estranhesa do piloto a série se mostra uma ótima opção de entretenimento, fugindo do estilo de comédia das séries atuais. Fuller House deu sequencia a uma nova história com ótimos personagens, valendo destacar o Max que rouba a cena em vários momentos durante a temporada.

  6. Parece que essa critica se resume a apenas o primeiro episódio, que no qual também achei exagerado o excesso de “nostalgia”, dividir a tela foi bastante desnecessário, mas apenas isso, o resto é bacana, mesmo que seja algo repetido, humor que já conhecemos. Os 12 episódios seguintes é um novo rumo, com foco nas meninas e nas crianças. É inocente sim, datada sim, mas muito necessária! Em tempos que comédia se resume a The Big Bang Theory que não é pra todos mesmo sendo da TV aberta, comédias da HBO que são “dramédias”, comédias da própria Netflix, como Orange is the New Black e Master of None, em resumo, as comédias atuais são adultas e Fuller House vai na contra mão disso, por isso é necessária.

    Muitos dos fãs da original que conheço, assim como eu, vendo comentários na internet em geral está sendo muito bem recebida a série, acho que só a “critica” (e os “ranzinzas”) estão sendo um grande pé no saco por causa de algo que não é inofensivo e saudável, tudo que as comédias atuais não são.

    Gostei muito e estou no aguardo da renovação para a segunda temporada e para mais do que isso. Ainda bem que Netflix não vive dessa tal “critica especializada”, e sim de nós que pagamos (e gostamos).

    PS: O que foi a atuação desse ator mirim que fez o Max? Sensacional, futuro promissor.

  7. A crítica se baseia apenas no primeiro capítulo e realmente, o primeiro capítulo foi feito justamente para trazer a nostalagia da série original.

  8. Hahahaha~
    Verdade. Crítica do episódio piloto.
    Assim fica feio, assim fica rude.

  9. Para mim o Max está cumprindo seu papel. Ele nos remete aquela inocência de uma criança da idade dele com aqueles momentos de esperteza e traquinagem. A série está trilhando seu próprio caminho e conseguirá se firmar,na minha humilde opinião. Ainda é cedo para qualquer opinião sobre “não atendeu as expectativas.” Acho que eles têm ótimos atores e tudo para fazer algo nostálgico e diferenciado. Nem senti a falta da Michelle! Porém,seria maravilhoso se mais na frente a gêmea Olsen aceitasse fazer uma pequena participação. Se bem que as três meninas estão dando conta direitinho. Vamos aguardar o que virá por aí!!!

  10. Péssima crítica! Começando pelo pífio e infeliz título da matéria o chamando de enlatado.

  11. Se essa crítica for só referente ao piloto eu concordo com muita coisa, mas se for da temporada inteira eu discordo de TUDO. A partir do segundo epi já dá um up enorme, os personagens se encaixam em seus devidos lugares e o humor continua nostálgico (por sempre remeter ao estilo dos anos 80/90) e eficiente, principalmente no que se refere ao Max que, por sinal, foi a melhor escolha pra substituir o papel que as gêmeas fizeram na série antiga. Que garotinho talentoso!

  12. temos um com a síndrome de lillte chicken(o céu esta caindo)…ja pegou a tradução da musica?
    “”O que aconteceu com a previsibilidade

    O leiteiro, o jornaleiro, a tv à noite?”
    A intenção é ser previsível e nostalgica…eu gostei e se lançarem mais,eu estarei la pra assistir tudo em um dia
    qual o problema de ser o fan service!?
    so por isso seu julgamento pesa mais ?
    critica tão desnecessária quanto o que vc diz ser a Fuller house

  13. Wet Hot American Summer é uma série que se baseia no prévio conhecimento do filme anterior. E é ótima por sinal.

  14. Trazer nostalgia é basicamente o objetivo de um reboot. Se não for trazer referência a momentos marcantes da série antes, não tem porque voltar.

    A cena da DJ que você cita é o clicheção que teve em todas as temporadas de Full House antigamente. E a tirada com as irmãs Olsen foi ótima também!

    Claro que assistir os episódios antigos é bem mais legal, mas essa temporada não é ruim assim. (Mas não entendi se a crítica foi para o primeiro episódio ou para a temporada inteira).

    Na boa, acho que você dar outra chance, e também lembrar que Full House era basicamente clichês em uma casa cheia de gente.

  15. Para quem está passando por um período de estresse é reconfortante chegar em casa e assistir Fuller House. No momento, não me importo que seja um enlatado reciclando as histórias antigas.

  16. Também achei a série péssima, mas acharia legal destacar o trabalho ultra decente dos atores, especialmente do menino que faz o Max. Pra mim, ele é um child actor absolutamente genial!

  17. Realmente, tem algo errado nisso. Eu assisti ao primeiro episódio e achei chato, sem sal, repetitivo e muito açucarado. Dias depois me forcei a continuar a série e minha perspectiva mudou completamente. O desenrolar é interessante, a produção é gigantesca (cenas do festival e da luta de box, por exemplo), tem uma comédia leve, mas ainda sim divertido e prazeroso de assistir.

    Também me pareceu um revide muito raso baseado apenas no primeiro episódio.

  18. Realmente, tem algo errado nisso. Eu assisti ao primeiro episódio e achei chato, sem sal, repetitivo e muito açucarado. Dias depois me forcei a continuar a série e minha perspectiva mudou completamente. O desenrolar é interessante, a produção é gigantesca (cenas do festival e da luta de boxe, por exemplo), tem uma comédia leve, mas ainda sim divertido e prazeroso de assistir.

    Também me pareceu um revide muito raso baseado apenas no primeiro episódio.

  19. Sério? Você (diz q) assistiu a temporada inteira e só comentou o primeiro episódio porque nāo fez anotaçōes dos outros? Nāo conseguiu lembrar nadinha nem do último, foi? Hmmm…
    Ah, sim, você comentou o excesso de referências, bordōes e sentimentalismo da “temporada”, né? Parabéns pela análise minuciosa da série.
    E demorou tanto pra responder, por q? Nāo foi pra dar tempo de ver a temporada toda, né?
    Seria mais bonito dizer que só viu o piloto. Ou até dizer que “esqueceu” de avisar que só tinha visto o piloto.

  20. Bruno, boa tarde

    Desde o primeiro episódio também considerei série muito fraca. Talvez a mais fraca lançada pela Netflix. Também considerei as referências e pausas constrangedoras.

  21. Eu gostei de Fuller house. Já terminei a primeira temporada. É claro que não se comparar a Full house, mas achei um passatempo legalzinho. Acho uma comédia despretensiosa com o intuito de causar nostalgia.

  22. Eu gostei de Fuller house. Já terminei a primeira temporada. É claro que não se compara a Full house, e tem algumas piadas bem sem graça, mas achei um passatempo legalzinho. Acho que o principal ponto negativo ficou por conta das crianças. Porque em Full house as atrizes que eram crianças já demonstravam que eram talentosas e atuavam muito bem, já as crianças da série atual não sabem interpretar, principalmente o garoto que faz o filho caçula. Fora isso achei um passatempo legalzinho. Acho uma comédia despretensiosa com o intuito de causar nostalgia.

  23. Mas é óbvio que é uma nostalgia total, e foi feito pensando nos fãs, eu estou assistindo e estou gostando, é leve, não foi feito para bater recordes de audiencia, ou algo inovador, se acalme, full house foi um grande sucesso, e nada mais normal esse revival pegar carona naquilo que deu certo anteriormente… eu estou adorando ver as atrizes novamente…e as histórias não são ruins coisa nenhuma… O que eu não acho legal são esses críticos que adoram achincalhar uma produção, falar mal mesmo, sem muitos motivos, tudo isso que eu li aqui, mais pareceu alguém procurando pelo em ovo, sinceramente…

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