sexta-feira, abril 12 2024

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Considerando tudo o que ocorreu no episódio da semana passada (o belíssimo The Door), era que Game of Thrones daria uma pausa, permitindo um respiro para os espectadores. Mas mesmo quando o episódio é lento, não significa que tenha sido ruim. Pelo contrário: Blood of My Blood, também dirigido por Jack Bender (LOST) e escrito por Bryan Cogman, contou com ótimas atuações e uma clara preparação de terreno para a reta final desta excelente temporada. Sim, a resolução da trama de Margaery e da rixa entre os Pardais com os Lannisters/Tyrells foi bem anticlimática (algo recorrente na série), mas ao mesmo tempo fica evidente que a situação está em um alto nível de tensão. Agora que a Fé e a Coroa se uniram (em mais uma prova de como Tommen não tem qualificação alguma para reger), Cersei e os Tyrells terão que praticar novas jogadas para derrotarem o Alto Pardal – e eu duvido que Margaery, que é muito mais inteligente do que Cersei, tenha se convertido de verdade…

Simultaneamente presenciamos os retornos de mais personagens que estavam sumidos da série há anos: o odioso Walder Frey e o pobre Edmure Tully, numa subtrama adaptada do quarto livro O Festim dos Corvos, e que pode finalmente dar uma chance para Jaime Lannister voltar a brilhar na série.  Além da Muralha tivemos o retorno de Benjen Stark, que serviu como um pequeno deus ex machina para salvar Bran e Meera dos “wights”. Ainda assim, é um prazer ver os roteiristas finalmente resolvendo uma ponta solta da primeira temporada, assim como também foi ótimo ver pela primeira vez através das visões do Bran o infame Rei Louco.

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O mesmo não pode ser dito sobre tudo que envolveu de Sam e Gilly. Embora não tenha sido ruim (James Faulkner de Downton Abbey, esteve excepcional como desprezível Randyll Tarly), toda a sequência envolvendo a família Tarly durou bem mais do que deveria, ocupando um tempo precioso que poderia ter sido gasto em tramas mais relevantes (como Tyrion e Jon Snow/Sansa, que nem apareceram no episódio). Confesso também que fiquei decepcionado ao ver Sam aceitando ser humilhado pelo pai durante a cena do jantar (depois de tudo pelo que ele passou, Sam deveria estar ciente que o seu pai não é nada comparado com selvagens e White Walkers).

Ainda assim, foi satisfatório ver o personagem tendo uma pequena vitória ao roubar a espada do patriarca antes de partir (ela é feita de aço valiriano e pode ser útil na guerra contra os Outros). Em contrapartida, o núcleo de Arya caminhou mais um pouco com a personagem percebendo que jamais conseguirá renegar a sua herança Stark (resta saber como ela irá voltar para Westeros sem ser executada pelos Homens sem Rosto).

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Mas seguindo a tradição o episódio encerrou, claro, com mais um belo cliffhanger que manda o espectador de volta à realidade com um grande impacto. A volta de Drogon e a cena final de Daenerys foi impactante, mesmo que confirme algo que já tínhamos constatado no quarto episódio. Ainda assim, é curioso ressaltar a lealdade dos Dothraki à khaleesi, o que não deixa de ser uma relevante mensagem sobre o empoderamento feminino – algo que Game of Thrones já pecou em fazer anteriormente.

Com seus méritos e defeitos, Blood of My Blood ainda conseguiu ser um episódio acima da média, mas fica a expectativa para que os próximos capítulos sejam superiores.

4stars

Observações:

  • Nos livros, existe um personagem chamado Coldhands (“Mãos-Frias”), que é introduzido no terceiro volume, “A Tormenta de Espadas” (teoricamente, ele já deveria ter aparecido na terceira temporada). Coldhands vive Além da Muralha, e é descrito como um homem misterioso que usa roupas da Patrulha da Noite, tem o rosto coberto por uma lenço, mãos negras e frias, e cavalga um alce. Ele salva Sam e Gilly dos “wights”, e depois guia Bran Stark e seus amigos (Hodor e os Reed) em segurança até a caverna do Corvo de Três Olhos. Durante anos, a teoria mais aceita pelos fãs era que Coldhands seria Benjen Stark, que desapareceu misteriosamente no início da trama. Porém, em um manuscrito do livro “A Dança dos Dragões”, que foi revelado publicamente em 2015, a editora questionou Martin sobre essa teoria, e recebeu uma resposta curta e direta: “Não”. No featurette “Inside the Episode”, os showrunners citam Benjen como “Coldhands”. Assim sendo, fica difícil assumir se isso é um spoiler dos livros ou uma mais uma alteração drástica dos roteiristas.
  • Finalmente tivemos uma menção à Irmandade sem Bandeiras, que interagiu com Arya Stark na terceira temporada. Nos livros, eles são os responsáveis pela ressurreição de Catelyn Stark e a sua transformação na sombria Lady Stoneheart. Será que a personagem finalmente será adaptada para a série?
  • Daenerys questionando Daario sobre a quantidade de navios que ela precisará para levar o seu exército para Westeros foi um recursos bastante expositivo dos roteiristas: é muito conveniente a Dany citar isso agora que sabemos que os Greyjoys pretendem se aliar a ela.
  • Outro momento expositivo do episódio ocorreu na cena dos Freys, quando Walder lembra os filhos (e os espectadores) que eles mataram Robb e Catelyn Stark.
  • Mais uma vez, nenhuma locação nova no mapa da abertura.

5 comments

  1. Gostei da resenha e concordo em muitos pontos, não foi um episódio tão marcante quantos os anteriores -também né?! Não da pra competir-, mas manteve o excelente nível da temporada, acredito que até agora essa temporada só monstrou dois episódios mornos esse e 6×4 – Book of the Stranger.

  2. Margaery é, realmente, muito mais inteligente. Se ela se deixasse resgatar por Jaimie Lannister, teria de se submeter posteriormente ao triunfo de uma Cersei ainda mais fortalecida do que antes.

    Penso que ela tenha bolado um plano para subjugar dois inimigos de uma só vez. No momento, ela está ganhando a confiança do Alto Pardal e do próprio povo devoto à religião. Na condição de rainha, será fácil se livrar do Alto Pardal em algum “acidente” e, assim, ser aclamada pelo povo (e pelo próprio rei Tommen) como a nova liderança da fé. Seguindo esse plano, ela consolidará a posição de pessoa mais poderosa de Porto Real, com plena influência sobre as decisões do rei Tommen, com Cersei à sua mercê e com a confiança cega do povo devoto.

  3. A atitude de San durante o jantar me pareceu um ato de respeito frente os valores hierárquicos ou arcos familiares que ele respeita e não um ato de covardia por parte do personagem que ao final levou a espada consigo… acredito que ele engoliu as palavras do pai pela família que estava presente a mesa… certo ou não, não é difícil esperar uma atitude dessa do Sam, frente perfil do personagem que não precisa provar nada a ninguém, nem mesmo a Gilly que ao final provou que a confiança é recíproca.

  4. Estranhamente eu espero por episódios como esse, peças se movendo, reviravoltas e preparo de terreno.

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