sexta-feira, abril 19 2024

rainhadosul

Num dia frio do inverno do Texas desembarquei em Dallas a convite do canal Space para conferir de perto o set da nova produção A Rainha do Sul (Queen of the South), estrelada pela brasileira Alice Braga, a mexicana Veronica Falcón e o ator português Joaquin de Almeida. As  gravações ocorriam no imenso South Side Studios, pólo de produção da cidade, local onde já passaram séries como The Good GuysGCB e a própria Dallas.

Em A Rainha do Sul, que estreia no próximo dia 7 às 22h30, Braga é Tereza Mendoza, uma mulher forçada a fugir e procurar refúgio nos Estados Unidos depois que seu namorado traficante de drogas é assassinado de forma inesperada no México. No processo, ela se torna uma das narcotraficantes mais poderosas e bem-sucedidas do sul americano e passa a ser o alvo de grandes ameaças.

southside

Quando cheguei nos estúdios, fiquei imediatamente perplexo com a grandiosidade da produção. Os cenários eram imponentes (especialmente o da casa da personagem Verónica), estendendo-se por centenas de metros em todas as direções. Boates, quartos de hotel, residências, lojas, tudo era impecavelmente reproduzido e durante a visita os olhos dos jornalistas presentes não acreditavam que era tudo faz de conta. Infelizmente não era possível tirar fotos.

Mesmo contanto com a sorte de gravar na própria cidade onde é ambientada (algo cada vez mais raro hoje em dia com a concentração de estúdios em Los Angeles/Nova York/Toronto), muitos ambientes foram cuidadosamente recriados em estúdio – com direito a gigantescos backdrops – e um deles chamava a atenção. Um espaço pequeno, confinado entre as paredes de duas locações, trazia um fidedigno túnel todo em terra onde eram gravadas cenas de transporte subterrâneo de drogas, impossível de saber que é de mentira mesmo estando de frente a ele.

alicebraga

Durante as mais de 14 horas de nossa visita ouvíamos os atores ensaiando e gravando o dia inteiro, além da quantidade enorme de figurantes, técnicos, produtores, funcionários e assistentes que corriam para lá e para cá, tudo para completar uma das dezenas de diárias necessárias para levar os 13 episódios ao ar. Nos intervalos eles cordialmente vinham falar conosco e contar sobre o que estava sendo feito e o que temos por vir na tela do canal Space.

O primeiro foi Joaquim de Almeida, conhecido dos brasileiros por interpretar o personagem Sherlock Holmes em O Xangô de Baker Street de Jô Soares e Velozes e Furiosos 5. O intérprete do traficante Epitanio Varga na série também já participou de dramas como 24: HorasRevolution, Revenge chegou animado para falar com a turma e contou que é uma série sobre mulheres poderosas e independentes nesse mundo sobre o tráfico de cocaína. Ele é o principal rival de Tereza, mas disse estar feliz que dessa vez ele não é o único malvado da produção: “todo mundo é mal aqui!“, ressaltou. “É uma história poderosa que permite que a gente cresça com nosso personagem e é ótimo estar no meio de um elenco tão multicultural como esse.”

Melhor amiga de Tereza na série, Brenda é interpretada pela atriz Justina Machado (Six Feet Under) e ela falou pra gente que é muito parecida com a personagem porque ambas não possuem qualquer tipo de filtro: “tudo que vem na minha cabeça eu falo e é assim com a Brenda! Acho que todo mundo vai gostar dela porque é o tipo de garota que dá vontade de você ficar amigo dela”. Ela também disse que não sabia quão significante a série vai ser para o empoderamento feminino, mas que esse foi o sentimento que foi tomando conta de todos à medida em que a série progredia.

Já estávamos há mais de 10 horas no set e depois de muitos atrasos por conta do intenso cronograma de gravações, a Rainha do Sul em pessoa – completamente exausta, mas extremamente animada – chegou pouco mais de 22h para falar com a gente.

“Oi! Oi! Prazer, Alice! Eu já tava assim: “Cadê o Brasil?” Graças a Deus vou poder falar português, não aguentava mais! Gracias, thank you! Ai, que língua que eu falo agora?”

Alternando inglês, com português e espanhol, Alice iluminou a sala com uma energia radiante e ficou com a gente por mais de meia hora falando da série, da experiência de morar e trabalhar nos EUA e da vontade de voltar logo para o Brasil. “Sério, gente, obrigado por vocês ficarem até essa hora, atrasou tudo! Sério mesmo! Eu falei “oi” pra você? Falei? Ah, que bom!”

Queen of the South - Pilot

Inevitavelmente ela já chegou falando do “elefante no quarto” que é interpretar uma traficante logo depois que Wagner Moura estrelou a série Narcos:

É hilário, né? O Wagner é um grande amigo meu, eu chamo ele de irmão e assim que eu fui escalada liguei pra ele e disse ‘OK! Agora a gente comanda o tráfico de cocaína todo, agora! Bate na madeira! Fiquei muito feliz por ele, ele merece demais e pra mim ele é uma referência desde que fiz Cidade Baixa com ele. Então é isso, eu sou a versão feminina desse mundo da cocaína!

Ela também falou sobre como é ótimo para a representatividade feminina ter uma série em que praticamente todas as cenas tem uma mulher forte dominando num mundo que sempre foi essencialmente masculino como é o caso dos carteis de drogas, e as mulheres possuem uma forma diferente de lidar com tudo e isso a série retrata muito bem.

Eu me apaixonei pela Tereza assim que eu li o livro [La Reina del Sur] há muito tempo, porque ela é uma mulher forte que passou por muitas coisas ruins, mas decidiu não se tornar uma vítima disso. Então quando me ligaram muito tempo depois e me disseram que eu ia interpretar ela, fiquei extasiada. Tereza não é uma mulher que tem a ambição de ser poderosa; ela é poderosa porque quer sobreviver nesse mundo a qualquer custo. Ela é pragmática. Se você pegar meus roteiros vai ver que eu escrevia: Pragmática! Pragmática! Ela é emotiva, apaixonada, mas assim como todo heroína, nunca é uma vítima”.

Por estar interpretando uma chefona do mundo das drogas, as comparações com outros grandes traficantes da TV é inevitável e, mesmo este sendo um tópico em que os produtores pediram para evitarem tocar, Alice Braga foi incisiva em classificar Tereza na escala de personagens perigosos da telinha:

“Ela começa a série como uma espécie de Walter White, de Breaking Bad. No começo ele entra nesse mundo pela família, pela cura de sua doença e pelas circunstâncias. A Tereza é assim, ela segue as circunstâncias. Mas se eu pensar no futuro, o caminho dela está mais para Pablo Escobar… Veremos!”

Queen of the South - Pilot

A Rainha do Sul tem 13 episódios e produção executiva de David T. Friendly (Pequena Miss Sunshine), juntamente com M. A. Fortin e Joshua John Miller (Terror nos Bastidores). Scott Rosenbaum, veterano produtor televisivo responsável por The Shield e Chuck é o showrunner. A série estreia no canal Space em dia 7 de julho, às 22h30 no bloco Space em Série, acompanhada de Mr. RobotZoo. A reapresentação será aos domingos às 21h e às segundas na faixa da meia-noite.

Me acompanharam nessa viagem os repórteres James Cimino do UOL e Fábio Trindade do Correio Popular de Campinas. O Ligado em Série viajou a Dallas a convite do canal Space/Turner.

3 comments

  1. Ótima matéria!! Alice é sempre carismática e educada com todos, um exemplo de humilde. Ela está sendo elogiada pela critica americana por sua atuação na série. Assistam no canal Space nesta quinta, vale a pena assistir, ainda tem opções original ( com legendas) ou dublado.

  2. legal, mas nao gostei da serie. Achei super fraco esses 2 primeiros episodios. Ja exclui da minha grade.

  3. Nao é por nada não, mas geralmente séries do canal Space não dão futuro.

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