quinta-feira, abril 25 2024

veep 4x10

[com spoilers do episódio 4×10] Mais do que um season finale, Election Night é uma fita durex que gruda a quarta temporada com a próxima (a quinta, de acordo com os matemáticos). A construção é boa, mas o grande evento do episódio não tem lá um desfecho propriamente dito e acaba sendo previsível no milésimo de segundo em que o empate é citado – e, mesmo que tal resultado esteja de acordo com a existência “já quebrei todos os espelhos do mundo e joguei todas as pedras em todas as cruzes” de Selina, o episódio acaba deixando aquele gosto de covardia na boca.

Election Night já começa de forma tão ensandecida que a montagem foi claramente coordenada por um Yorkshire com cocaína até o rabo, cortando tudo com tanta rapidez que fica até difícil entender o que diabos acontece em cena (mas depois a coisa se acalma). Apesar disso, consegue ser bastante eficaz ao apresentar os elementos da eleição que compõem a história e depois definir de forma simples o que Selina precisa fazer para permanecer na corrida, já que apresentar os elementos não adianta porque a eleição americana é uma disciplina de cálculo e nada faz sentido, e isso cria uma narrativa que segue crescendo rumo ao clímax.

O problema é que, quando tem realmente uma história a contar, Veep não consegue atingir o nível obsceno de humor que normalmente consegue, e este season finale acaba sendo mais um exemplo. Até dispara alguns momentos certeiros (“já vi marinheiros com mais certeza sobre a sua sexualidade“, “esqueça o refrigerante e traga uma caixa de uísque“), mas se perde no excesso de personagens (precisava Karen voltar? Tudo que ela agrega à série cabe dentro de um átomo) e na preguiça de investir nas piadas de sempre (Catherine é chata, Jonah é perdedor, Gary é esquisito etc), como se a simples constatação da característica da personagem fosse o suficiente para ser engraçado.

A pouca alegria vai se esvaindo quando o empate é citado pela primeira vez, momento em que até mesmo a Karen consegue perceber que tudo terminará igual para a quinta temporada ter mais assunto. Inclusive parece que a cabeça já está na quinta temporada e finalizaram a quarta meio que por obrigação, tipo tema de casa assim, e o resultado é que o clímax dos últimos dez episódios se mostra apenas correto – muito pouco para uma série ácida, arisca, que com frequência fazia eu pegar um caderninho para anotar novas ofensas. O carisma e a química do elenco dão uma amenizada na coisa, e a cena em que Selina recebe a notícia do empate é um Emmy para Julia Louis-Dreyfus, só que a falta de humor e de intensidade acaba deixando tudo muito distante. Faltou um pouco de agressividade nesse final de campanha.

3star

 

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