sexta-feira, abril 19 2024

Produtora executiva e diretora da maioria dos episódios de The Leftovers, a diretora Mimi Leder tem uma sólida carreira no cinema, onde dirigiu mais de 40 produções, incluindo ShamelessSmash, Nashville, Luck, ER e os filmes Impacto Profundo e O Pacificador.

Em entrevista exclusiva, ela contou sobre os bastidores e detalhes da temporada final de The Leftovers, da HBO:

Tivemos duas temporadas bem distintas uma da outra até agora, qual será o tema desta terceiras?

Será sobre as histórias que contamos a nós mesmos. Estamos todos atrás de histórias, de pequenos sistemas de crença que nos ajudam a passar os dias, algo que nos dê paz e felicidade. Algo por aí.

É por isso que veremos todas essas referências religiosas? As imagens, o Livro, o fim do mundo etc?

Sim, e será muito específico. Eu queria que o Livro [de Kevin] tivesse um tom de vermelho. Não seria vermelhão e nem cor de sangue, eu queria que parecesse antigo. Todas as imagens e referências bíblicas eram importantes, então cuidamos de todos os aspectos, até como a luz as ilumina.

Vocês gravaram boa parte dessa temporada na Austrália, quais foram os desafios?

Foi uma jornada linda, que eu nunca esquecerei. Há um ano estava em Melbourne, Sydney e Adelaide atrás de locações, enquanto o rumo da história ainda estava sendo definido pelos brilhantes Damon [Lindelof] e Tom [Perrotta]. Sabíamos apenas que abordaria o fim dos dias e precisávamos de uma cidade. Acabamos decidindo por Melbourne e arredores, o que foi máfico. Tem algo sobre a vastidão e quietude daquele lugar… A luz e a terra têm qualidades diferentes lá e foi o lugar perfeito para contarmos a nossa história. A Austrália virou um personagem da série, no fim.

Nesse primeiro episódio temos mais um flashback que mostra uma civilização mais antiga tentando prever o fim do mundo. Qual foi a intenção dessa cena?

Essa cena é sobre uma seita chamada Milenaristas, que na série nunca demos nome. Isso aconteceu por volta de 1840. Eles são os precursores dos Remanescentes Culpados. Eles doavam todas as suas posses, se vestiam de robes brancos e esperavam nos telhados esperando para serem chamados. Foi uma boa forma de abrir a temporada sem nenhum diálogo… Foi muito difícil contar essa história, os sentimentos, as emoções desses personagens, suas perdas, medos e esse desejo profundo pelo salvamento e por não ser um “esquecido” [nota do editor: ou um “resto”, usando outro sentido da palavra “leftover”]. Eu não sei qual roteirista os encontrou, mas quando li essa história fiquei abismada. Para a cena, construímos tudo, todas as casas, a igreja… Era um pedaço de terra sem nada e transformamos naquele vilarejo.

E sobre aquela cena no fim do primeiro episódio que deixou todo mundo boquiaberto?

Sim, aquilo foi, claro, um flash forward. Eu gravei a cena bem no final das filmagens, na cidade de Clunes, Austrália, bem no interior. Foi lindo. Foi uma bela subversão, né? Nora está viva e bem mais velha. E ela não quer saber de ninguém chamado Kevin… O que está acontecendo? Veremos.

Quanto tempo levou pra gravar essa temporada?

Há um ano atrás eu passei 10 dias procurando por locações. Depois voltei pra Austin, onde gravamos durante março e abril. De maio a setembro do ano passado passamos na Austrália. É muito tempo do outro lado do mundo… Foi complicado porque foi inverno. Tem cenas do Justin [Theroux] pelado e eu com umas três camadas de roupa, tadinho dele…

The Leftovers está em exibição todos os domingos às 22h na HBO, com episódios disponíveis na HBO GO.

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