quinta-feira, março 28 2024

Vamos começar?“. A frase que encerra o episódio de estreia da sétima temporada de Game of Thrones, obviamente não está sendo dita apenas por Daenerys para Tyrion, mas sim pelos showrunners David Benioff e D.B. Weiss para os espectadores. Após seis anos de batalhas, assassinatos e casamentos, a série baseada nos livros de George R.R. Martin está aproximando-se de sua reta final, e chegou o momento de algumas promessas da narrativa finalmente serem cumpridas.

Escrito por Benioff e Weiss, e dirigido por Jeremy Podeswa (do ótimo The Red Woman que abriua 6ª temporada), este “Dragonstone” começa e termina com dois eventos importantes, enquanto recapitula a atual situação dos núcleos sobreviventes (poucos, comparado com os anos anteriores). O cold opening mostrando Arya encerrando o seu plano de vingança contra os Freys, por mais fan service que sejaa, é uma cena eficiente e emocionalmente satisfatória, iniciando a temporada com o pé no acelerador (e méritos devem ser dados para David Bradley, que explora muito bem a imitação do personagem feita por Arya).

Enquanto Bran e Meera finalmente conseguem alcançar a Muralha e, de lá, partirem para Winterfell (suponho) com o seu precioso conhecimento, Jon Snow já está tomando todos os preparativos possíveis para as guerras que virão. Uma tarefa dificultada, porém, pelo fato de ele ter personalidade e ideias bastante diferentes de sua meia-irmã (e prima), Sansa. Embora concorde que ele seja um ótimo comandante, ela também não esconde de ninguém que considera Jon perigosamente ingênuo com a sua nobreza – algo evidenciado na cena em que eles discordam sobre os destinos dos Karstarks e Umbers sobreviventes – ou como ele subestima e até esqueceu-se da ameaça dos Lannisters ao focar na guerra contra os Outros.

É uma situação complicada, considerando que é dolorosamente visível para os personagens e espectadores o quanto os dois irmãos realmente se amam, apesar de suas desavenças. Mas Sansa foi endurecida após anos de manipulações e sofrimentos no Sul, e não é difícil entender porque ela teme que Jon, com sua personalidade tão semelhante ao pai Ned e ao irmão Robb, sofra o mesmo trágico destino de ambos. Foi ótimo constatar que os roteiristas não tentaram retratar nenhum dos dois lados como “100% correto”, assim como também ver que Sansa rejeita as intrigas maldosas de Mindinho.  Será, porém, que essa trama será desenvolvida pelo resto da temporada sem apelar para recursos novelescos e maniqueístas? Tomara que não.

Em contrapartida, temos outra dupla de irmãos em Porto Real com um relacionamento muito menos saudável (e de todas as maneiras imagináveis). Com seus três filhos mortos, Cersei perdeu o último resquício de humanidade que ainda lhe restava para o terror do seu irmão Jaime. A aliança de Euron Greyjoy com os Lannisters faz todo o sentido, considerando que Theon e Yara roubaram o seu plano de se aliar à Daenerys, e Cersei precisa desesperadamente de aliados (embora ela devesse tomar precauções após o desastre causado pela sua aliança com os pardais). O Euron da série de TV é bastante diferente do Euron dos livros, mas Pilou Asbaek (Ghost in the Shell) é um ótimo ator e traz uma caracterização que torna o personagem, ao menos, interessante. Dito isso… Euron conseguiu mesmo construir os 1000 navios? Sério?

Enquanto isso, fomos reintroduzidos à Cidadela, onde a rotina de Sam como noviço não está sendo tão promissora quanto esperado (em uma divertida montagem que foge da estrutura narrativa convencional da série). Muitas coisas importantes são estabelecidas: conhecemos o meistre vivido pelo ótimo Jim Broadbent (Harry Potter) e também descobrimos que Jorah está no local, à espera de uma cura para sua escamagris. Por outro lado, Sam “descobrindo” sobre a existência do vidro de dragão em Pedra do Dragão e decidindo contar para Jon é algo que não fez muito sentido para mim: Stannis já tinha revelado isso para Sam na quinta temporada, algo que o próprio personagem lembra nesse episódio. Por que então Davos, que morou na ilha durante anos, não conta isso para Jon? Pareceu uma tentativa desajeitada de lembrar a importância do local para o espectador.

Mas os melhores momentos de “Dragonstone” acabam sendo justamente os reflexivos. Arya interagindo com os soldados Lannisters é uma bela cena no qual a personagem (e o espectador) percebe como é ridículo e perigoso supor que todos os soldados anônimos que trabalham para os “vilões” são monstros ou máquinas de matar frias e sem corações. Cada um deles tem um nome, uma família, uma identidade própria e até talentos (numa ponta divertida do cantor Ed Sheeran). Fico feliz que os roteiristas tenham encontrado tempo para finalmente humanizar essas figuras secundárias, numa cena sutil que remete aos melhores momentos do livro O Festim dos Corvos.

O mesmo pode ser dito sobre a cena do Cão com a Irmandade sem Bandeiras, na qual ele reencontra a família que assaltou na quarta temporada. Conforme ele mesmo previa, a família morreu, mas esse agora é um Sandor Clegane diferente, que questiona o motivo pelo qual todos eles, pessoas moralmente questionáveis, ainda estão vivos e os inocentes, mortos. Para os roteiristas ainda manterem toda essa galeria de personagens presente na trama, é óbvio que eles ainda devem cumprir alguma função importante. Resta saber qual.

Após quase uma hora de exposição, o episódio se encerrou com a chegada triunfal de Daenerys em Pedra do Dragão, a fortaleza Targaryen na qual nasceu, e que tem uma importância simbólica e estratégica. A ausência de diálogos foi uma boa decisão: as imagens, somadas à trilha de Ramin Djawadi, já disseram tudo o que era necessário. No geral, “Dragonstone” foi um episódio paciente na divisão de tempo em quase todos os núcleos, mas ainda assim foi possível perceber uma ênfase cada vez maior no que é essencial e diminuindo a “encheção de linguiça” ao máximo (daí o motivo dessa temporada ter sete episódios, apenas). Com destaque para pelo menos cinco mulheres fortíssimas (Daenerys, Arya, Lyanna Mormont, Cersei e Sansa), Game of Thtones está de volta com tudo!

Se vamos começar? Sim, por favor!

7 comments

  1. Adorei o primeiro episódio,
    só não gostei do finalzinho,
    chegar à fortaleza de Stannis abandonada, sem nenhuma guarnição ficou meio tosco,
    ainda mais sabendo que todo mundo em Westeros sabia que eles desembarcariam ali, tsc…

    mas foi ótimo, sigo no hype.

  2. muito estranho não ter ninguém no castelo…espero que expliquem isso no prox ep, nem que seja uma menção pq é impossivel alguem abandonar um castelo assim por tanto tempo.

  3. Ainda mais sabendo que uma grande esquadra inimiga desembarcaria ali.
    Ficou tosco.
    Só consigo imaginar que evitaram uma grande cena de batalha logo no primeiro ep por contenção de custos.

  4. Tá louco . É o maior SHOW q já existiu no Mundo todo.
    abraço

  5. ctz, mas po coloca um castelão e uns red shirt pra morrer ali rapidão. pelo menos ia ficar mais dificil que simplesmente abrir os portoes hahaha

  6. Já na reza do São George R.R. Martin fazer de Lyanna a melhor personagem na última season.
    A mini atriz tem mais talento que a menina que faz a Sansa sonsa

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