quinta-feira, março 28 2024

Seth MacFarlane é o midas da animação. Seu talento para vozes é admirável. Porém toda vez que vemos o produtor, diretor e roteirista saltar dos traços do desenho para o mundo de carne e osso, o resultado é pouco ou nada atrativo, como no caso de Ted 2 (o primeiro é bom), Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola e na recente e desastrosa The Orville, série que estreou no dia do Emmy e abriu a temporada 2017/2018 com o pé esquerdo.

Na produção espacial que satiriza (?) Star Trek, MacFarlane é o capitão Ed Mercer e nós o conhecemos bem no dia em que ele chega em casa e descobre sua esposa Kelly (Adrianne Palicki, Agents of SHIELD) com um amante na cama – neste caso, um ser azul de outro planeta. Logo, a comédia (?) faz um salto temporal de um ano, quando reencontramos o obstinado herói finalmente sendo promovido e recebendo a missão de comandar a nave que dá nome a série.

Daí em diante, The Orville é uma produção completamente previsível, a começar pelo fato de que, por óbvio, a posição de “Segundo Oficial” que faltava para ser ocupada foi para sua agora ex-mulher (algo que é apresentado como uma grande reviravolta). É aí que conhecemos também um punhado de personagens secundários e sem graça cujo único objetivo é servir de escada para piadas e situações do monotemático roteiro que não sai do típico e cansativo “humor do desconforto” (aliás, a única coisa que prestou foi a ponta que Jeffrey Tambor, de TransparentArrested Development fez no capítulo de estreia).

Questionei o motivo desta produção ser uma comédia ou uma sátira de Star Trek, pois em muitos momentos ela se posiciona mais como um drama besta envolvendo Ed e a esposa e jamais referencia a lendária franquia que também retorna à TV esta temporada, a não ser pelas roupas coloridas, androides e aliens.

Mas o grande problema de The Orville é MacFarlane atuando em frente a uma câmera, o que é diametralmente oposto a sua desenvoltura atrás de um microfone. Inseguro e claramente desconfortável no papel, ele jamais consegue transmitir a seriedade e sinceridade no seu personagem, algo que uma paródia ou sátira exige para funcionar, como, por exemplo, o lendário Leslie Nielsen fazia em seus filmes ou como o próprio William Shatner, o capitão Kirk, evocou em Boston Legal.

Pra piorar, a qualidade dos efeitos visuais da atração é irregular, funcionando de forma razoável aqui e ali, mas falhando miseravelmente na maior parte do tempo, especialmente quando precisa mesclar live action com elementos digitais (uma nave pousando, um alien em CGI etc).

Decidi ver, além do fraco piloto, também o segundo episódio, mas o resultado é que The Orville é uma comédia sem timing e uma série espacial sem qualquer inventividade, que apenas denota que seu realizador deveria sair de vez do mundo real e mergulhar de vez nos seus desenhos animados.

The Orville está em exibição pela TV norte-americana pelo canal FOX. No Brasil nenhum canal anunciou a sua transmissão.

22 comments

  1. Eu gostei. Como pessoal do plano crítico disse: ” resgata o sci-fi mais otimista e consegue ser mais trekker nos seus conceitos e discussões do que algumas séries cânones de star Trek – Vide Discovery

  2. Nessa Fall Season mesmo já assisti coisas muito piores como Greenhouse Academy e American Vandal da Netflix… The Orville é bem mais assistivel, principalmente pra quem gosta do gênero de exploração espacial, tem potencial. Sem falar que tem Adrianne Palicki no elenco, assim supro um pouco a saudade da minha eterna Bobbi Morse.

  3. Já vi outras criticas ruins mas confesso que gostei muito mais do que da tal Discovery. Sou fã de Star Trek a mais de 40 anos e fiquei surpreso em descobrir que um produto voltado a fãs de ficção cientifica que sempre acreditei serem na sua maioria homens traz na sua ponte de comando um único representante do sexo masculino que parece ter vindo junto com a mobília e tem menos falas que o computador. E as personagens femininas ainda afundam do drama e na DR tudo que os homens “adoram”. Que saudade da Voyager e da capitã Janeway!

  4. Eu gostei bastante de The Orville. Não é uma série a se levar muito a sério, mas é muito divertida e traz um bocado do espirito trekker original, sem querer ser um Star Trek. Mas gosto é gosto, cada um com o seu …

  5. Eu curti também. Sou fá de star Trek há muitos anos e The Orville me parece mais leve e agradável do que Discovery, que parece mais interessada em catequizar o expectador que diverti-lo.

  6. É Seth McFarlane. Eu não vou com a cara dele em frente às câmeras. Eu fico com Discovery, que é muito mais séria em relação ao universo que representa. Star Trek precisava de um sopro mais atual na TV. O pessoal é muito viúva das estéticas antigas sobre o futuro que as séries anteriores têm. Estamos em 2017. Nossa maneira de ver o futuro distante muda com o tempo. The Orville é fanservice pra saudosista (sem o charme de um Picard, Sisko, Janeway ou Kirk e suas equipes)

  7. sopro mais atual = descaracterizar vulcanos, klingons, naves e canones de star trek até agora e transformar tudo num tom dark estranho? fora personagens sem nenhum carisma? se for ok, ai discovery tá cheio de sopro atual.

    the orville é muito mais simpática como série do que discovery

  8. Concordo com vc. Nem saiu o review de Discovery ainda e o pessoal já está passando recibão hein. Isso porque Star Trek sempre foi sobre pluralidade e
    miscigenação…

  9. Conforme falei no início, Cardoso, eu adoro as animações do Seth MacFarlane, mas essa série é um fiasco.

    Aguardo seu textão sobre minha opinião.

  10. Que ridículo cara. Precisa baixar o nível dessa forma por não concordar com uma crítica? Lamentável, olha.. ainda mais pra você.

  11. Ainda nao assisti Orville, mas pior do que Star Trek Discovery nao pode ser… O troço para ser ruim, ainda precisa melhorar MUITO… Discovery nao tem absolutamente NADA da Star Trek da televisao, no maximo é uma Star Trek do cinema recente (o reboot da serie), pois nao passa de um monte de correrias, luzes, tiros de laser pra todo lado, explosoes… Uma bobagem só, que ja cansa ainda no primeiro episodio. Pessima! Assisti dois episodios para desistir de vez.

  12. Pior que não é apenas isso (sobre Star Trek Discovery), parece que “sopro atual” significa contar uma historia rasa, usando personagens rasos, cameras que nao ficam paradas, mas tudo recheado com muita luzinha, tiros de laser colorido a todo momento e lutas cheias de cortes rapidos. Resultado final: uma grande porcaria. Tudo muito ruim demais.

  13. Infelizmente o ativismo de Hollywood hoje em dia, mais do que nunca, quer doutrinar a audiencia com a posicao politica deles… Mulheres sao fortes (especialmente se forem negras), e os homens brancos sao todos maus, pateticos, fracos e idiotas.

  14. Deixei de ver novelas a 20 anos quando isso começou. Não há homens de verdade as personagens masculinas são sempre caricaturas diminuídas em qualquer aspecto que lembre grandeza enquanto as femininas exalam força, hombridade e grandeza. Nada contra as grandes mulheres, minha vida está povoada delas, mas a falta de equilíbrio é ofensiva. E quando vemos um produto cujos consumidores são homens adultos duplicando esse clichê aí realmente é o fim.

  15. Hoje tive a certeza de que críticos são uma raça a ser desprezadas, tudo bem opinar, mas querer menosprezar um trabalho só porque outros trabalhos do mesmo individuo foram melhores, já é demais!

  16. The Orville = Gene Roddenberry
    ST Discovery = Abrams
    Prefiro o primeiro….apesar de gostar de outros trabalhos de Abrams, sua visão tiros first…. não é Star Trek!

  17. Uma das melhores coisas pra se assistir atualmente. Nada novo, nada extraordinário, apenas entrega aquela dose de SF e diversão que você precisa.

  18. Na verdade o seu comentário é que foi um péssimo começo pra Fall Season e já me fez gravar o site só pra não voltar nele.

    4.5/5.0 no Rotten Tomattoes.

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