quinta-feira, março 28 2024

Vingadores: Guerra Infinita tinha a hercúlea e sem precedentes missão de juntar, em um único filme, o enorme grupo de herois apresentados a nós nos últimos 10 anos e 18 longas com o selo Marvel. Seus diretores, Anthony e Joe Russo (CommunityArrested Development), precisavam não apenas ter em mente os últimos acontecimentos do universo cinematográfico, como também homenagear o evento que vem sendo preparado há tanto tempo.

Felizmente, o resultado visto em tela é extremamente satisfatório, devido a um enorme trabalho de produção (Kevin Feige, em especial), roteiro, atuações e efeitos visuais. Como então lidar com tantos personagens, histórias paralelas e egos em poucas horas? Simples, Vingadores: Guerra Infinita mantém seu foco naquele que esteve sempre presente, mas que mal foi visto nos últimos anos, Thanos.

Apresentado como um personagem inicialmente frio e ameaçador na busca pelas seis joias do infinito, o longa investe tempo e cuidado na caracterização do vilão que tem motivações genuínas (sob seu ponto de vista) e reais, ao mesmo tempo em que retrata com habilidade suas falhas e vulnerabilidades. Assim, a Marvel aqui conserta um longo e duraroudo problema de seu universo: vilões ruins, salvo raras exceções como Loki e Kilgrave.

Na busca de impedir o plano de Thanos, que ao conseguir juntar as seis gemas terá um controle absoluto de tudo, a Iniciativa Vingadores ganha uma sobrevida tácita através dos encontros, desencontros e reencontros de vários herois, agora espalhados em diferentes “núcleos”.

Ao mesmo tempo em que é interessantíssimo ver o retorno da dupla Tony Stark e Peter Parker, é igualmente marcante a união destes com o Doutor Estranho, Bruce Banner e, mais adiante, Peter Quill e os Guardiões da Galáxia. Da mesma forma, é impossível não comemorar quando vemos Thor surgindo em tela para salvar o dia ou mesmo quando rostos familiares como o Capitão América, Viúva Negra e os recém vistos habitantes de Wakanda se juntam para (tentar) salvar o dia.

Equilibrado, o filme não permanece muito tempo num lugar só e percorre não apenas diversas localidades na Terra, como também no espaço. Todos parecem ganhar tempo de tela similar e ter seus momentos de destaque de forma orgânica e fluida, sem aparentar o que poderia ser um desfile de nomes (e marcas) ao longo da projeção. Até mesmo as “piadinhas” características da franquia Marvel são dosadas, eficientes e jamais prejudicam o tom mais sóbrio e de urgência retratado.

Sem entregar spoilers a pedido dos diretores Anthony e Joe Russo, posso afirmar que o terceiro e final ato de Vingadores: Guerra Infinita faz justiça à grandiosidade deste evento, ao mesmo tempo em que foge em parte da covardiapausteurização que se tornaram comuns na franquia. Aqui, aparentemente, os riscos são reais (embora não necessariamente irreversíveis, já que existe uma joia que controla o tempo, né?), marcando um necessário e esperado ponto de virada para uma nova fase.

Tecnicamente impecável, sim, Guerra Infinita apenas deixa a desejar na construção de seu visual. Embora traga a tradicional paleta colorida da Marvel, ele muitas vezes é ambientado em cenários genéricos, estéreis e pouco inventivos, especialmente nos diversos planetas em que os herois percorrem.

Ainda assim, o saldo é positivo e o que é entregue aos fãs que investiram tantas horas nesta franquia é coerente e evidencia o esforço coletivo de tantos envolvidos.

Há apenas uma cena – excelente – ao final dos créditos.

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