quinta-feira, março 28 2024

A HBO cancelou Here and Now após uma primeira temporada irregular e que deixa a TV repleta de mistérios e pontas abertas. O atual momento de peak TV indica que esta não é a melhor hora para experimentações com séries originais. Apesar de bem executada tecnicamente, como apontei na crítica do piloto, o drama em seus únicos 10 episódios produzidos seguiu apresentando texto raso que aparentava (ou queria muito) ser profundo, deixava ao longo do caminho muitas perguntas sem qualquer indício de resposta e um infindável número de tramas paralelas que não davam em lugar algum.

Gostei bastante daquele final envolvendo o vulcão e o tal horário 11:11, mas talvez ele tenha vindo tarde demais, certamente muitas horas de Ramon programando aquele jogo, Duc e sua “diarreia explosiva”, Audrey e aquela ONG, o vai e vem de Ashley com sua empresa e por aí vai. É possível que o sinal verde para este esquisito drama tenha vindo graças ao nome atrelado ao projeto: Alan Ball, que comandou com sucesso dois grandes dramas para o canal: Six Feet Under e True Blood e atores de grande calibre como Holly Hunter e Tim Robbins.

Lançar um produto tão experimental em meio a uma gigantesca oferta de produções originais vinda de vários players é arriscado, pois para HBO por uma série no ar ela precisa “queimar” três meses de noites de domingo “premium”. Netflix e Amazon, por exemplo, não gastam janela de programação linear quando lançam qualquer produto, por melhor ou pior que sejam (e existe muita porcaria despejada nos streamings da vida).

A situação fica ainda mais preocupante quando colocamos em perspectiva que: Game of Thrones e Veep estão prestes a terminar, Westworld é uma série de ficção científica (e, por isso, presa em um nicho), Confederate gerou enorme backslash e corre o risco de sequer ser lançada, The Deuce é excelente, porém não é nenhum sucesso popular, Watchmen está em estágios iniciais e o desenvolvimento de True Detective caminha em passados lentos.

Somado isso ao fato de que recentemente o canal amargou os cancelamentos de The Brink (com o próprio Tim Robbins) e Vinyl, sobram Big Little Lies e Sharp Objects no line-up “seguro” para 2018 e 2019.

Não era, definitivamente, a hora de queimar cartucho com algo do estilo Here and Now, que poderia ter cedido tempo, recursos e janela de programação para uma aposta mais segura e que pudesse ter alguma sobrevida. Ou então banque o erro e renove nem que seja para um telefilme como fizeram com Hello LadiesLooking. Precedente há.

Séries precisam de um final e cada vez que um serviço premium (ou seja, pago à parte) cancela uma produção sem desfecho, fica patente o desalinhamento de estratégias.

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